terça-feira, 12 de agosto de 2025
O BOLACHÃO DE CANELA NA ROTA DA SEDA.
O bolachão de canela na Rota de Seda.
(por Antonio Samarone)
O tarifaço de Trump deixou de fora 700 produtos brasileiros, entre estes, o bolachão de canela de Itabaiana. Vou esclarecer: o bolachão de canela é uma herança árabe, exportado para o Texas.
Um biscoito aparentemente rude, mas com várias virtudes: não mofa, demora a endurecer e não perde o sabor. Uma delícia sertaneja.
Além do imbatível cuscuz, do quibe, da coalhada e da esfirra, os árabes deixaram o bolachão de canela, a espeça e o pé de moleque de massa puba.
Trump que não se meta a besta. O medo é que a China descubra esse mina de ouro, e passe a produzi-lo. Fui comprar uma imagem do Padre Cícero em Juazeiro, quando olhei o rótulo: “made in China”.
A massa do bolachão leva especiarias, em especial cravo de canela e banha de porco. Imita os pães árabes e sírios. Eu sei, a classe média tem preconceito. Acostumada com brioches, acha o bolachão de canela exótico. O bolachão de João Patola ficou famoso.
A economia de Itabaiana imita a China, produz em escala, reduz o preço e elimina os concorrentes. Visitei a fábrica Santo Antonio que produz diariamente 70 mil bolachões. Isso mesmo, além de exportar, abastece Sergipe e o Sertão da Bahia. Observei também a produção daquelas bolachas, bossa nova, ou sete capa, em escala menor.
Uma produção automatizada, maquinas modernas, fornos elétricos, IA e mão de obra treinada. Gente, são 70 mil bolachões/dia, 2,1 milhões/mês.
A Fábrica Santo Antonio é uma empresa familiar, administrada por Seu Netônio e pelo seu filho, Leandro. A fábrica é um exemplo de produtividade, higiene e sustentabilidade.
Esse pessoal vem de longe. Netônio é filho de Antonio de João Queimado, antigo dono de padaria em Itabaiana. A família Queimado, filhos de Dona Zabelinha e Seu João, são de prósperos comerciantes.
Destaque para Manoel de João Queimado, casado com Dona Helena, donos da famosa Loja Eliana, no Centro de Aracaju e Sílvio Queimado, comerciante de sapatos em Itabaiana.
Fiquei impressionado com a competência empresarial de Seu Netônio. Observei os detalhes da fábrica, pus os olhos de auditor aposentado do Ministério do Trabalho. Tudo prefeito.
Em Itabaiana funcionam outras fábricas menores de bolachão de canela, inclusive a de João Patola (5 mil/dia). A produção total se aproxima dos 100 mil bolachões/dia.
De fato, o espírito empreendedor do Itabaianense é destacado.
Antonio Samarone – Secretário de Cultura de Itabaiana.
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