sábado, 30 de agosto de 2025

GENTE SERGIPANA - PROFESSOR BOSCO (74 ANOS).

Gente Sergipana – Professor Bosco – 74 anos.
(por Antonio Samarone)

A escola pública já foi o principal caminho de ascensão social. O professor João Bosco Bispo dos Santos, é um bom exemplo.

Os meninos que nasceram em meados do século XX, em decorrência do tri campeonato da Seleção Brasileira (1958/62/70), sonhavam em jogar futebol. Brincar de bola era um sonho infantil.

A primeira bola de couro no Beco Novo, foi de Benjamim, filho de Seu Bebé dos passarinhos. Os irmãos mandaram de São Paulo.

A bola era uma ilusão. A salvação estava na escola.

O meu herói de hoje é João Bosco Bispo dos Santos, professor de matemática. A sua família era de jogadores de futebol, bem sucedidos. Bosco optou pela sala de aula (comer pó de giz).

Na década de 1950, desembarcou em Itabaiana, o ourives Cícero Bispo dos Santos e a esposa, Dona Joventina de Barros Lima, vindos de Porto da Folha. Com uma família numerosa:

Manoel de Jason, goleiro, dono de um velho Pau de Arara, que transportava gente para as feiras da vizinhança. Ele pegou a fama de ser o motorista mais lento da região, sempre em baixa velocidade. O seu carro era conhecido, possuía a pintura de onça-pintada na porta.

Certa feita, um passageiro abusado reclamou: “Seu Manoel, o seu carro está batendo muito!” A resposta veio na ponta da língua: “Enquanto estiver batendo está bom, ruim é quando começar a apanhar.”

Seu Cícero era o pai do maior craque do futebol sergipano (que eu vi jogar), Debinha, e mais de Evangelista, Manoel de Jason, Oswaldo, Benedito e Joãozinho Baú.

Joãozinho Baú, o pai de Bosco, era um sapateiro especializado na fabricação de chuteiras. Ainda não existiam as fábricas nacionais. Calçar uma chuteira de Seu Joãozinho era um luxo, cuidada com zelo.

As chuteiras de Joãozinho Bau, vestia grandes clubes do Nordeste. Ele também fabricava bolas de couro, apesar do mais famoso em Itabaiana em bolas, ser o Metre Dé.

Quando Dr. Pedro organizou o juvenil do Itabaiana, a nossa maior alegria foram as chuteiras, todas da lavra de Joãozinho Baú. Até quem não sabia, jogava.

De onde vem o apelido, Joãozinho Baú? Ele era torcedor do Confiança. Houve um período em que o Sergipe estabeleceu um Tabu, três anos sem perder para o Confiança. Quando quebrou o Tabu, Seu Joãozinho saiu esbravejando: “quebramos o baú, quebramos o baú”! Não deixaram por menos.

O Professor João Bosco nasceu em Itabaiana, em 15 de maio de 1951. Filho de Joãozinho Baú e Dona Senhora. Irmão de Walter, Gustinho (o craque do Itabaiana) e Miro.

Bosco escolheu a escola. Foi aluno na Zenaide Schuster e na Escola de Maria de Branquinha. Foi da primeira turma do científico do Murilo Braga (colega de Tuíca, Wilson da Moita, Zé Américo de Zé de MR, Helenilde de Heleno da Padaria e Neusa de João Leite.) Bosco também foi aluno da primeira turma de matemática da UFS.

Em 1972, o lendário Gabriel, professor de matemática do Murilo Braga, se aposentou. Gabriel dava aula cantando, sempre no tom. Bosco foi o seu substituto natural.

Bosco prestou o seu qualificado serviço, em várias escolas de Sergipe e em pré-vestibulares. Um talentoso professor.

João Bosco se casou com Delormes Lisboa dos Santos, filha de Seu Lourenço do Cortiço e Dona Celuta. Bosco é pai de dois filhos, bem sucedidos nos estudos: Ronmel, médico angiologista e Diretor do IML e Rony, engenheiro civil. O pai soube educá-los.

Ronmel é casado com Viviane, pediatra, neta de Zequinha ourives, família tradicional em Itabaiana. Rony é casado com Larissa, advogada, filha do Dr. José Carlos Pinheiro. Todos socialmente bem situados.

Mesmo seguindo o caminho da escola, esquecendo o esporte, a genética ainda tem peso: o único neto de Bosco, Bernardo Lisboa Santana, 9 anos, é tri campeão sergipano de jiu-jítsu, bi campeão de judô e hipismo. Guardem esse nome, nas próximas olimpíadas.

Professor Bosco, você conquistou a cidadania pela Escola, como outros, em nossa geração.

O nosso reconhecimento e a nossa homenagem.

Antonio Samarone – Secretário de Cultura de Itabaiana.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário