sábado, 16 de agosto de 2025
MEMÓRIA E CIVILIZAÇÃO.
Memória e Civilização.
(por Antonio Samaorne)
Sem memória, os aglomerados urbanos não passam de feitorias. É a cultura que cria os significados, fundamenta a história e planeja o futuro. Itabaiana avança no fortalecimento da memória.
Pela primeira vez, a Prefeitura de Itabaiana vai desapropriar um imóvel, na Praça da Igreja, com fins culturais: preservar a memória arquitetônica e instalar o museu da cidade.
As casas da primeira metade do século XX em Itabaiana, estão sendo demolidas. Recentemente, derrubaram uma Igreja Presbiteriana, de 1936. A cidade assistiu impotente.
Na praça da Igreja, o mais antigo logradouro da cidade, restam duas casas antigas: essa da foto, que será desapropriada, onde funcionou o cartório de Serapião; e a casa que foi da família de Chico do Cantagalo.
Itabaiana vai construir no local um museu moderno, com peças reais e um suporte digital. Estão ainda nos planos da gestão de Valmir de Francisquinho, dois memoriais: futebol e caminhão.
Ao lado do futuro museu, a casa azul da foto, será a sede da Academia Itabaianense de Letras, uma concessão da Prefeitura. A sede da Academia será entregue reformada, pronta para o uso. Será mais um Ponto Cultural da cidade.
É a civilização enraizando-se em Itabaiana.
Em Itabaiana existe um pequeno museu, herdado de Seu Ferreirinha da Auto Peças, que ele chamava de “gabinete de curiosidades”. Seu Ferreira era natural das Flechas, um benemérito da cultura. Esse museu será ampliado e modernizado.
Nesse processo de recuperação da memória, a Prefeitura vai identificar todos os homenageados com denominação de ruas em Itabaiana, e disponibilizar as informações via QR code, nas placas de sinalização.
Nesse sentido, fui ontem na Rua Benjamin Constant, para me certificar com os moradores, se aquela era a antiga Rua do Ovo ou a Rua do Pinto, ou nenhuma das duas. Ninguém lembrava.
Parei numa esquina comercial, lotada de gente, motoboys, vendedores ambulantes, taxistas, desocupados, ninguém sabia. Enquanto conversava, uma senhora, vendedora num carinho de lanches, que não desconfiei que estava prestando a atenção, meteu o bedelho: “é a Rua do Pinto”.
Todos os olhares espantados dirigiram-se para ela: como a senhora sabe? Ela não escondeu: olhei no Google. A inteligência artificial já sabe mais do que os nativos. Sai convencido que as histórias locais precisam entrar nos currículos das escolas municipais.
Mandei a foto da casa que está sendo desapropriada para Ézio Déda, um intelectual da arquitetura. Ele respondeu: “É uma casa linda! O estilo arquitetônico é Art Decó – movimento que sucedeu à arquitetura rebuscada do ecletismo e antecedeu o movimento modernista.”
Itabaiana se convenceu que ser forte na economia não basta, a civilização é tributária da cultura.
Antonio Samarone – Secretário Municipal de Cultura.
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Ufa!
ResponderExcluirEntão o "cartório de Serapião" está salvo.