quarta-feira, 26 de junho de 2013

Vandalismos ou violência política?



Antonio Samarone


Boa parte da imprensa tem tratado alguns atos de violência (depredação de prédios públicos, apedrejamento de jornalistas, queima de veículos, etc.) como sendo atos de vandalismos de uma minoria, descolada das manifestações. Se por vandalismo entendem-se atos irresponsáveis de indivíduos isolados, agindo por motivação própria, por banditismo, desvinculados de grupos políticos, eu quero discordar.

A violência praticada por vândalos também ocorre, só que de forma bastante residual, minoritária, como também ocorrem ações praticadas por bandidos, que se aproveitam da confusão para praticarem crimes. É possível também que ocorram ações violentas de agentes infiltrados pelo poder, para desgastarem o movimento. Tudo isso é possível, entretanto, o centro das ações violentas é política e tem outra origem.

As ações violentas são deliberações de grupos políticos minoritários, que acreditam na “violência como parteira da história”, e entendem que a forma mais rápida para o socialismo é o combate sem trégua à burguesia e ao Estado burguês, visto como um comitê central da classe dominante. 


Os movimentos de massas são apenas oportunidades de acirramentos dessas contradições, uma vez que a democracia é rotulada como um engodo, apenas mais uma forma de dominação. Contra os inimigos de classe a violência é vista como legítima, mais uma forma de luta, talvez a principal. A história do homem é a guerra.

Esta faixa do espectro político existe em quase todos os movimentos pelo mundo, pelo menos desde a Revolução Francesa. A particularidade brasileira é a semi- clandestinidade. No restante do mundo esses Grupos assumem suas ações como forma legítima de atuação política, no Brasil a autoria é negada.

A história registra poucas ocasiões em que esses grupos chegaram ao poder, após revoltas ou revoluções, e quando chegaram permaneceram por pouco tempo. A regra geral é serem sucedidos por forças reacionárias, que implantam violentas ditaduras, por longos tempos.

Reconheço que em certas circunstâncias da história as formas violentas de lutas são quase as únicas possíveis, entretanto, no Brasil de hoje, estas forças estão prestando um desserviço à libertação do povo, suas ações limitam o crescente movimento de massas, e esterilizam a luta, ao não apresentarem propostas de reforma nem das instituições políticas, nem do Estado, por não acreditarem neste caminho.