terça-feira, 27 de novembro de 2018

A MINHA ESCOLA PRIMÁRIA.



Minha Escola Primária.

Passando esses dias pela frente do Asilo “Lar Cidade de Deus, avistei a minha professora primária (uma delas), Dona Helena de Branquinha. Estava lá, numa cadeira de rodas. Achei que ela baixou a cabeça quando me avistou. Não fiquei à vontade, não soube o que fazer.

O Educandário Santa Terezinha, de Dona Helena, ficava no segundo trecho do Beco Novo. Era uma casa de sala grande, com todas as séries misturadas. Sentávamos em bancos compridos, como numa igreja. Para se escrever existia uma mesa grande. Defronte, a professora e o quadro negro. Na mesa da professora, só me lembro de uma régua comprida, feita de braúna, e da maldita palmatória.

Nas dependências da escola não havia sanitário. Quem precisasse, ia no fundo do quintal, onde existia um mata-pasto. As folhas serviam de papel higiênico. Como controle, para que não saísse mais de um aluno de cada vez, existia uma pedra em cima da mesa da professora, chamada de licença. Se a pedra não estivesse na mesa, era porque o último que saiu não tinha voltado.

Certa feita a professora comprou uma escarradeira, para evitar que se cuspisse no chão, nos pés de paredes, ou tivesse que pedir licença para ir cuspir lá fora. Naquele tempo os meninos cuspiam muito. A professora comprou uma escarradeira de estanho, banca com flores azuis. Não tenho lembrança do seu uso, quem iria cuspir num objeto tão bonito? E agora, cuspi no chão não se justificava, existia a escarradeira. O jeito era segurar o cuspe. Acho que essa mania de cuspir começou a declinar após a introdução das escarradeiras nas escolas.

Dar a mão à palmatória: umas das atividades pedagógicas mais temidas no educandário de Dona Helena era as sabatinas aos sábados. A tabuada era cantada de trás para frente e da frente para trás. Cinco X quatro, vinte; cinco X cinco, vinte e cinco; cinco X seis, trinta... E assim até acabar. O coitado que errasse, a palmatória comia. Seis bolos, de doer até no fundo da alma. Não era raro o caboclo se mijar. O meu receio é que a turma da “escola sem partido” traga esse recurso disciplinar de volta.

A regra era: “escreveu não leu, o pau comeu”. Essa metáfora de se dizer que o aluno reprovado levava pau, fazia sentido. Não era só na tabuada. Também se cantava os verbos. A professora ordenava: conjugue o presente do subjetivo do verbo dizer. Se o aluno não soubesse ou tivesse esquecido, à palmatória cantava...

Qualquer desobediência, o castigo era moral e físico. Colocar o aluno de joelhos, com os braços abertos, e um livro grosso em cada mão; ficar em pé, num canto, por duas horas; encher um caderno com uma frase que o aluno escreveu errado, até ficar com câimbra nos dedos; etc. Todos esses castigos eram públicos, para servir de exemplos para os sonsos.

Eu escapei um pouco da violência nas escolas. Minha mãe não concordava que se batesse num filho dela. Se errou, me conte que eu tomo as providências. Se quiser bater, vá parir, dizia mamãe.  Fui logo transferido para o Grupo Escolar Guilhermino Bezerra, ali era público, não se batia. A liberdade era tanta, que eu até estranhei.

A novidade no Grupo, era a professora inspecionar a higiene pessoal dos alunos. Olhar se os meninos estavam com as unhas, orelhas, pescoço ou cabelos sujos. Procurar saber se tinham escovado os dentes. Com medo de passar vergonha, e ser mandado de volta para casa por imundice, muitos passaram a tomar banho com maior zelo. 

A educação nos Grupos Escolares não era voltada somente para os livros, se começava a introduzir a educação do corpo.
Antonio Samarone.

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

ANTONIO CONSELHEIRO EM ITABAIANA.



Antônio Conselheiro em Itabaiana. (por Antônio Samarone)

A passagem de Antônio Conselheiro por Itabaiana está registrada por Sílvio Romero, no jornal de Estância, “O Rabuda”; por Mario Vargas Llosa, em seu livro “A Guerra do Fim do Mundo”; e para não deixar dúvidas, nos “Sertões” de Euclides da Cunha.

O povo de Itabaiana, os mais velhos, sempre ouviu falar da passagem de Conselheiro. Eu cresci ouvindo a minha mãe falar em Conselheiro, não lembro o que, porque eu não prestava a atenção.

Mas os intelectuais são desconfiados! Quando a Associação Sergipana de Peregrinos, resolveu homenagear Conselheiro com um monumento, em Itabaiana, registrando a sua passagem, apareceu logo o pessoal do contra, exigindo provas da sua estádia.

Como quem pesquisa acha, o renomado historiador José Rivaldávio Lima, o professor Rivas, neto dos Breus, me trouxe o que faltava. Um texto do Padre José Gumercindo Santos. O padre é de Itabaiana, filho de Dona Ritinha, professora no Zanguê. O padre nasceu na Rua da Pedreira e foi criado no primeiro trecho do Beco Novo. 

O Padre Gumercindo é quase um santo, não é de mentiras, conta o que viu, não por ouvir dizer. O texto a seguir é datado de 1916:

“Em Itabaiana havia uma festa toda esquisita. No aniversário da queda de Canudos, que se deu em 1897, no vizinho Estado da Bahia, a Praça da Matriz se enchia toda de ranchos de palha, imitando a Canudos de Antônio Conselheiro, homem venerado em Itabaiana, porque ali estivera nas suas andanças por Sergipe.”

“E, justamente na rua onde cresci, ele passara um mês em uma casa em construção, apenas coberta. Minha mãe que era menina, naquela época, o ouviu várias vezes.”

“Lá pelas noves do dia, havia uma batalha simulada na Praça. A população se apostava pela frente da Matriz, debaixo das palmeiras do reino e de outras árvores. Algumas pessoas da janela dos seus sobrados engalanados, tinham o privilégio da melhor visão.”

“Quando eu pela primeira vez vi o fogaréu do incêndio simulado, e a polícia e os soldados do exército esmolambados, a correr atrás dos jagunços e a correria do mata-mata, do pega-pega, por entre as labaredas e a gritaria geral, deixei a minha mãe e corri para atravessar a rua e me esconder. Nesse momento, um bando de jagunços, atirando dos seus bacamartes para o ar, desembocava ao meu lado. Eu aturdido chorava e gritava, correndo, sem saber para onde.”

“Eu não sei como passei o resto do dia, porque nem minha mãe me encontrava, nem eu mais acertava com a minha casa.”
Itabaiana, 1916. Padre José Gumercindo Santos.

Acho que se alguém tinha alguma dúvida, a questão está historicamente resolvida.

Antônio Samarone.

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

DE ONDE BROTAM OS TALENTOS?


De onde brotam os talentos? (O texto é meu e a foto de Juarez dos Correios).
Nos Sertões de Euclides da Cunha, está registrado a passagem de Antonio Conselheiro por Itabaiana, em 1874. Ouvindo os antigos, se sabe que ele ficou arranchado por cerca de 90 dias, na Rua da Pedreira.
A Associação Sergipana de Peregrinos, por iniciativa de Ancelmo Rocha, resolveu registrar essa passagem com um monumento, que está em construção. Solicitou a Bosco de Seu Jubal a oitão de sua casa. E foi procurar um artista para executar a obra. Procurou Val de Euclides Barraca, um destacado designer local, para pedir sugestões. Val indicou Thiago Andrade (ou Trindade).
O talentoso Thiago é filho de camponeses da Gameleira, povoado de Campo do Brito (grande Itabaiana). Thiago nasceu em 01/11/1985, filho de Joselito dos Santos (Seu Tico) e Dona Genalva Silveira de Andrade (Dona Nalva). Seus pais vivem até hoje na lide das farinhadas. Thiago tem dois irmãos.
Thiago Trindade (que está na foto) concluiu o ensino médio no Colégio Guilherme Campos, em Campo do Brito. Pintor e escultor de grande talento, mora em Itabaiana, onde se tornou cidadão. Em Itabaiana ele consegue viver modestamente de sua arte. Na Gameleira, continuaria raspando mandioca. Mas Thiago que crescer...
A sensibilidade, os traços finos de uma escultura no cimento, o contexto, o realismo dessa obra de Conselheiro, me chamaram a atenção.
Pergunto por não saber: o que fazer para ajudar a esses talentos que brotam espontaneamente? Cadê as universidades, os órgãos de cultura, os mecenas, sei lá mais quem... É óbvio que entregue as leis do mercado, os talentos não se aperfeiçoam por milagres, precisam de uma base cultural, de uma integração com o universal.
Vocês estão convidados para a inauguração do monumento. Os Peregrinos estão procurando os intelectuais que conhecem e escreveram sobre Conselheiro em Sergipe, e vamos pedir a presença de músicos da Filarmônica Nossa Senhora da Conceição. 

Antonio Samarone.

A DISPUTA PELO MINISTÉRIO DAS DOENÇAS

A disputa pelo Ministério das Doenças. (Por Antonio Samarone)

O Presidente Bolsonaro anunciou que iria compor o seu Governo, sem considerar as pressões partidárias, o conhecido toma lá, da cá. E quais seriam os critérios? Não sei! Na Saúde, a incerteza está gerando curiosidade, e os interessados estão mexendo os pauzinhos.

O mais destacado é o Dr. Rey, Roberto Miguel Rey Júnior, também conhecido como o Dr. Hollywood, cirurgião das celebridades. O Dr. Rey não se acanhou: “se não for nomeado Ministro da Saúde ou Embaixador, abro mão da nacionalidade brasileira”. A ameaça está feita!

Outro candidato é o Dr. Luiz Henrique Mandetta, ortopedista, Tenente do Exército (reserva), Deputado Federal. Existe um abaixo assinado correndo na Internet de apoio a Mandetta. É amigo do Presidente.

Outro que corre com muita desenvoltura em busca do cargo é o Presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), o Dr. Lincoln Lopes Ferreira. Vários manifestos e abaixo assinados de entidades médicas, inclusive da SOMESE, estão sendo enviados a Bolsonaro, em apoio. Nesse caso recente dos médicos cubanos, a AMB se apressou com uma nota pública, apresentando soluções para as dificuldades da saúde.

Correm por for fora, o conhecido e heterodoxo Dr. Lair Ribeiro; não sei quem são os seus padrinhos. Existe mais uma meia dúzia, menos conhecidos da imprensa, trabalhando na surdina, buscando apoios, rezando, fazendo macumba, cada um usando os seus recursos, em busca do tesouro.

A novidade foi circular o nome de Henrique Prata, neto do escritor e médico sergipano Ranulfo Prata, gente do Lagarto. Henrique Prata, não é médico, mas coordena o famoso Hospital do Câncer de Barretos, o melhor do país, e só atende pacientes do SUS.

Henrique Prata é um homem rico, fazendeiro, mas dedicado a filantropia e a caridade. Duvido que Henrique Prata esteja se mexendo em busca de apoio. Acho até que se convidado, não aceitará.
Antonio Samarone.

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

QUEM VAI LIDERAR OS BOLSONARIANOS EM SERGIPE?


Quem vai liderar os bolsonarianos em Sergipe?

O PSL de Bolsonaro não elegeu ninguém em Sergipe. Os dirigentes do PSL são pessoas anônimas, gente desconhecida. Tarantella, o mais conhecido, foi afastado. Não existe vácuo na política. Por outro lado, existe uma base social que votou e continua apoiando o projeto da ultra direita, que ganhou as eleições. O cavalo está selado, aguardando os interessados.

Ter acesso ao governo federal não é pouca coisa em Sergipe. André Moura usando dessa prerrogativa, teve o apoio de quase todos os Prefeitos, na última eleição.

Não estou falando de coisa efêmera. Zé Dirceu, a maior liderança histórica do PT, depois de Lula; afirmou sobre Bolsonaro: “Não nos iludamos. É um governo que tem muita base social, muita força e muito tempo pela frente. Vai transformar a segurança em pauta".

Continuou o líder petista: o PT não foi derrotado apenas eleitoralmente nessas eleições, mas ideologicamente. Zé Dirceu, foi quem concebeu e liderou o projeto que levou o PT ao poder por treze anos. O fato do seu envolvimento em falcatruas, não anula os seus méritos de pensador político. Haddad é um bom moço, toca violão, vai à missa, educado, bem casado, mas não é líder político. Haddad é uma invenção de Lula.

Durante a campanha, Zé Dirceu lembrou que estava diante da disputa pelo poder, e não apenas de uma eleição para ocupação de cargos. O mundo quase desabou. Haddad, para não desagradar ao mercado, se apressou em desautorizar Dirceu, e acrescentar que em seu futuro governo, Zé Dirceu não estaria nos planos.

Nessa lógica de Zé Dirceu, a ultra direita não deixará o poder tão cedo. Eu pergunto, imitando Garrincha: “já combinaram com os russos?” Acho, que se a oposição for competente, pode reduzir esse martírio...

Em Sergipe, vislumbro no ex deputado João Fontes as melhores chances para liderar o projeto de Bolsonaro em Sergipe. Tem razões de sobra para não gostar do PT, liderou as manifestações dos coxinhas pelo impeachment da Dilma, e apoiou de forma militante a eleição de Bolsonaro.

Outro nome bem colocado nessa disputa é o de André Moura, por razões óbvias, já é afinado ideologicamente com o projeto. Eduardo Amorim, se continuar na política, também pode entrar nessa disputa. Fontes, Moura e Amorim estão sem mandatos, o que pode atrapalhar.

Entre os deputados federais que apoiarão Bolsonaro, deve surgir pretendentes pelo controle do PSL, em Sergipe. É um queijo muito suculento para ficar esquecido.
Antônio Samarone.

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

SERGIPE ESTÁ IMPORTANDO JACA.



Sergipe está importando jaca.

Fui comprar um pratinho de jaca, uns vinte bagos, e a moça me cobrou dez reais. Estranhei, abençoada, dez reais? Ela esclareceu: fazer o quê, as jaqueiras estão acabando em Sergipe. Essas que eu estou vendendo, vem de Rondônia.

Pensei, só faltava essa, Sergipe está importando jaca. O que houve, está dando bicho nas jaqueiras? Será a “vassoura-de-bruxa”? Nada disso, logo descobri. Estão derrubando jaqueiras centenárias para fabricar móveis rústicos. Um modismo predatório de uma indústria de beira de estradas.  

A nossa jaqueira (Arthocarpus integrifolia) veio da Índia. Uma árvore que dura cem anos produzindo, alcança uma altura de 20 metros e o tronco chega a 1 metro de diâmetro. Leva dez anos para começar a produzir. A madeira é excelente.

O uso de madeira de qualidade (mogno, cedro, sucupira, braúna, aroeira) para a produção de móveis é coisa do passado. Essas árvores são protegidas, para se evitar o desmatamento. A indústria passou a usar os concentrados Medium Density Fiberboard (MDF), de madeiras reflorestadas (pinus e eucalipto).

Em Sergipe, na contra-mão da sustentabilidade, estão derrubando jaqueiras centenárias para fazer bancos, mesas e tamboretes. São móveis simples, sem arte e sem beleza. O único atrativo é a qualidade da madeira. A jaqueira não é da flora nacional, portanto, está desprotegida.

As jaqueiras em Sergipe estão com os dias contados.

Antônio Samarone.

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

O HOSPITAL DE CIRURGIA À BEIRA DA MORTE.



O Hospital de Cirurgia à beira da morte.

Em 1926, o governador Graccho Cardoso construiu e equipou uma Casa de Misericórdia em Sergipe. O hospital foi entregue ao comando do Dr. Augusto Leite. Por muitos anos, o hospital de Cirurgia foi a salvação do povo pobre.

Já faz tempo, que o hospital de Cirurgia só é filantrópico na razão social. Permanece nessa condição, para assinar contratos com o poder público sem licitação, e ser isento de certas contribuições previdenciárias.

Na realidade, o hospital de cirurgia é um conglomerado de empresas e negócios, com várias clínicas privadas operando sob o seu guarda-chuva. Com bancos e empresas de ensino. Até o IPES Saúde, tem o seu lote nas dependências do Nosocômio. Do velho hospital de caridade, talvez tenha restado o setor de contabilidade, os livros de atas e os documentos.

O hospital de cirurgia vive em conflito permanente com o SUS e com a sociedade. Alguns serviços passam mais tempo parado do que funcionando. Desde janeiro, o contrato com o SUS deixou de ser com o município de Aracaju e passou para a Saúde estadual.

O hospital de cirurgia, sufocado por dívidas e gestões improvisadas, anda na corda bamba.

A Justiça resolveu determinar uma intervenção, nomeou a interventora, e passou o pepino para o poder público. Como a Justiça não tem como administrar diretamente um hospital, delegou a tarefa ao Estado. A pergunta é simples: quem vai disponibilizar os recursos para sanear financeiramente o hospital de Cirurgia?

O Estado que não consegue administrar bem a sua rede de hospitais, passa a ter mais esse encargo. Se forem necessários reformas físicas e novos equipamentos, quem vai providenciar?

Como ficará a relação da interventora com os diversos negócios privados que funcionam sobre o mesmo teto? Qual a proposta de reformulação que será adotada? O hospital voltará a ser filantrópico? Depois de saneado, o hospital voltará para o comando de quem? Em suma, o antigo hospital de caridade passará a ser o que, durante e após a intervenção?

A questão é delicada: um hospital a beira da falência, com muitos donos, pendencias financeiras e trabalhistas insanáveis, é entregue para o poder público resolver. E ainda se pergunta por que os recursos do SUS são insuficientes...
Antônio Samarone.

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

VOLTA, SEU ROMEU!



VOLTA, SEU ROMEU!
Final de tarde, Seu Romeu era presença frequente na roda do cafezinho do Shopping. Seu Romeu, já idoso, morava só. Formado em agronomia, fazendeiro, patrimônio sólido, vivia com fartura. Os dois filhos são economicamente bem-sucedidos.
Seu Romeu, como todo idoso, falava muito em namorar. Uma das brincadeiras, era lhe perguntar pela namorada. Ele ria, falava pouco. Seu Romeu é de família tradicional de Itabaiana.
Em pouco tempo. Seu Romeu começou a perder a memória. Os amigos da roda do cafezinho, brincavam, mas nada que afetasse a cordialidade. Seu Romeu passou a aparecer menos. O passo seguinte: Seu Romeu passou a chegar acompanhado de uma cuidadora. Enquanto ele tomava o seu cafezinho, a cuidadora saia de perto.
Fisicamente, Seu Romeu continua bem, durinho, não sei a idade, mas é conservado. Mesmo com a memória fraquejando, as mulheres continuavam lhe despertando a atenção. Seu Romeu é viúvo. Ele continuava acolhido no grupo, passando a receber uma atenção especial.
De uns tempos para cá, Seu Romeu sumiu! Não sei quem tirou Seu Romeu de circulação... Não sei de quem foi a decisão. Seu Romeu deixou de aparecer no cafezinho e na vida!
De vez em quando, eu o encontrava na Sementeira, tomando sol de manhãzinha. Nunca mais... Me dei conta dessa barbaridade, mataram Seu Romeu com ele vivo.
Onde botaram Seu Romeu? Num asilo, numa clínica de repouso, está em casa cercado de cuidadoras? Não sei, perdi o contato! Volta, Seu Romeu!
Antônio Samarone.

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

O PT QUER MAIS ESPAÇOS.



O PT quer mais espaços! (Por Antonio Samarone)
Terminada as eleições, uma legião de petistas ocupou os rádios de Aracaju com uma narrativa de vencedores: ganhamos, fomos decisivos na vitória de Belivaldo. Nessa circunstância, queremos mais espaço no Governo (espaço, na velha política, significa cargos, sinecuras, etc.).
Outra coisa, o PT falou nos rádios na reconquista da prefeitura de Aracaju e do governo do Estado como uma certeza, uma arrogância, como se fosse uma questão de tempo. Teremos candidatos, virou o novo grito de guerra do PT em Sergipe!
Com o olho na sucessão de Aracaju, deixaram outra mensagem: Edvaldo fez corpo mole na campanha, e poderemos romper... Não importa a realidade, essa é a versão a ser disseminada.
Liguei para um amigo petista perguntado, porque essa pressa? – Ele retrucou, qual a novidade, é a disputa pelo poder. Se o eleitorado nos escolheu em Sergipe, a preferência é nossa. E ainda, para mostrar erudição, ele citou Quincas Borba: "Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas".
Pensei comigo, essa estória está mal contada, a esquerda foi derrotada nas eleições. A extrema direita elegeu um candidato improvável, e o antipetismo foi decisivo para a nossa derrota. Ao invés de uma autocrítica, vocês aparecem ufanistas, cantando vitória.
Disse ao amigo petista, vocês não apresentam nenhuma proposta para tirar Sergipe do buraco, não discutem a gestão pública, nenhuma contribuição, parecem apenas preocupados com o controle da máquina. Isso é a velha política! Se Belivaldo fizer um governo tutelado pelo PT, fechará as portas de Brasília. Isso é óbvio!
Como disse Charles Talleyrand sobre os Bourbon: “Eles não aprenderam nada e não esqueceram nada”. Há quem atribua a vitória da extrema direita, aos erros do PT.
Claro, essa foi a minha leitura. Como estou preocupado com o desmonte da democracia, achei que o PT em Sergipe está trocando o principal pelo secundário, centrando-se bem mais nas carreiras políticas dos seus líderes, que em defesa da sociedade.
Antonio Samarone.