No alvorecer do Século XX exerciam a profissão de dentista em
Aracaju os Drs Nóbrega, Genésio, Jovino Pinto, Aristide Napoleão de Carvalho
(1901), Magalhães Carneiro e João Rollemberg Junior (1902), Estevam Magalhães
(1903), Archiminio de Souza, Francisco Travasso (1904), Job Lins de Carvalho
(1911), Pedro Amado, Tomaz Bastos, Laura Amazonas (foto), José Ribeiro Cardoso, Nyceu
Dantas e Júlio Sampaio. Ofereciam aos seus pacientes os seguintes serviços: obturações
a granito, platina e a ouro solila. Colocavam pivot e coroas de ouro. Faziam extrações
simples e c ompulverisador de ether e cloroetila. As duas últimas denominavam “extração
sem dor” e cobravam dez mil reis. Não empregavam para a extração de dentes as
injeções de cocaína e os seus sais. Usavam corretamente as serras de aço ou de
ferro, para separar os dentes, e os tártaros eram exytaídos com ferrinhosque
eles mandavam fabricar. Empregavam sempre após as extrações o percloreto de
ferro, e davam ao cliente para a lavagem da boca: água, vinagre e sal, e recomendavam
o uso dessa formúla, durante o dia da extração.
sábado, 24 de setembro de 2016
LIGA SERGIPANA CONTRA O ANALFABETISMO
Liga Sergipana contra o Analfabetismo
(centenário honroso)
Antonio Samarone de Santana
Em 18 de outubro de 1916, na sede do Instituto Histórico e
Geográfico de Sergipe, sob a coordenação do governador do estado, General
Oliveira Valadão, foi instalada a Liga Sergipana contra o Analfabetismo. A
iniciativa visava eliminar o analfabetismo em Sergipe, 80% da população, até
1920, data da comemoração da sua independência. Muita pretensão.
Ficou acertado que se criaria a primeira escola noturna, sob o patrocínio
do governo, que daria o mobiliário e o material escolar; e que fosse organizado
os estatutos da Liga, visando o imediato reconhecimento como de utilidade
pública. O entusiasmo do empreendimento cívico permitiu que a nova entidade
tivesse a adesão inicial de 414 associados, que deveriam pagar um mensalidade
de $500. Tudo no começo é festa.
A Liga Sergipana contra o Analfabetismo começou a todo vapor. No
ano seguinte, em 1917, criou a sua primeira escola sob o patrocínio do Dr.
Theodoro Sampaio e sob a direção da entusiasta jovem Ítala Silva de Oliveira (a
primeira mulher sergipana formada em medicina). A Liga foi dirigida por muitos
anos pelo abnegado Almirante Amynthas Jorge (foto). Passados cem anos, segundo
o IBGE, Sergipe ainda possui 18% de analfabetos, mas tenham certeza, não foi
por falta de empenho da Liga.
quarta-feira, 21 de setembro de 2016
DA CIRURGIA EM SERGIPE
Da Cirurgia em Sergipe...
Antonio Samarone de Santana
Início do Século XX, Augusto
Leite iniciava a medicina científica em Sergipe. Neste relatório, o grande
cirurgião expõe de forma objetiva o estágio da medicina praticada. A sua
leitura revela parte da nossa história. Vamos ao documento:
Exmo Sr. Presidente da Associação Aracajuana de Beneficência.
Em obediência a praxe
estabelecida venho dar-vos conta dos serviços clínicos a meu cargo. Os leitos
das enfermarias São Roque e São Sebastião estiveram sempre ocupados,
registrando-se, pois, movimento idêntico aos anos anteriores.
Serviços de medicina
Registraram-se casos de sífilis,
impaludismo, ancilostomíase, leishmaniose, cirrose atrófica, cardiopatias,
tuberculose pulmonar, etc.
Serviços de cirurgia
O serviço de cirurgia toma dia a
dia maior desenvolvimento, tendo crescido o número de operações praticadas este
ano, algumas das quais em pessoas de posições distintas em nosso meio.
Infelizmente o Hospital Santa
Isabel ainda não está aparelhado nem possui arsenal cirúrgico que possa atender
plenamente os reclames do serviço. As acomodações para pensionistas devem ser
melhoradas e ampliadas.
Apresento-vos a relação das
operações que pratiquei, nela não incluindo dilatação de abcessos, debridamentos
de adenites supuradas, curetagem e cauterização de ulceras, extirpação de
cistos sebáceos e pequenos lipomas, etc.
Talha hipogástrica (pedras),
talha hipogástrica grampo de ferro coberto de concreções (um mês na bexiga),
talha hipogástrica provisória, prostatectomia (carcinoma), cura radical de
hidrocele (inv. de vaginal), castração, amputação de pênis, circuncisão
(fimose), debridamentos e circuncisão (para-fimose - 5), uretrotomia interna, uretrotomia
externa, meatotomia, curetagem uterina (6), colpo perineorrafia, operação em um
caso de atresia de vagina e de colo uterino (hematometria e volumoso hemetoselpix
unilateral atingindo a cicatriz umbilical), operações de botões hemorroidários.
E mais...
Operação de estreitamento de reto com
extirpação de fístula perianal, extirpação de fístula perianal, extirpação do
seio, gânglios axilares e músculo grande peitoral; amputação de coxa, amputação
de perna, amputação de antebraço, amputação de dedo, amigdalotomia, extirpação
de pólipo de nariz, extração de projetil (chumbo e bucha de corda velha) da
coxa, extração de projetil (chumbo e bucha de corda velha) do braço, extração
de corpo estranho de ouvido, extração de corpo estranho de região glútea,
extirpação de gânglios do pescoço, extirpação de fibroma da parede abdominal
com reconstituição do canal inguinal, extirpação de um grande lipoma da parede
abdominal.
Laparotomias – 15
Para histerectomia (fibromioma),
para ablação de anexos (salpingo ovarite dupla), para histerectomia de um caso
de ausência de vagina, útero sem colo, e ausência dos anexos do lado direito,
para ablação de cisto de ovário esquerdo, cura de hérnia umbilical e
ligomentopexia, para histerectomia, para eventração, laparotomia exploradora, hérnia
inguinal e laparotomia em um caso de ferimento com arma de fogo.
Destas 15 laparotomias quero
destacar a que pratiquei em um caso de ferimento por arma de fogo atingindo o
lobo esquerdo do fígado e o estomago. Resumo da observação: F. baixou ao hospital
após quatro grandes hematêmeses. Feita a laparotomia constatei ferida no lobo
esquerdo do fígado que precisou ser regularizada e convenientemente suturada. O
estomago estava profundamente comprometido: a face anterior apresentava larga e
irregular perfuração circundada por outras pequenas e a face posterior também apresentava
um grande orifício no qual a bucha ficara retida, como se fosse uma rolha.
Não me inspirando confiança a
parte da face anterior compreendida pelas grande e pequenas perfurações – tal o
seu comprometimento, ressequei-a, fazendo assim larga abertura por onde me foi
fácil examinar toda a mucosa gástrica, pontilhada de ferimentos pequenininhos e
superficiais.
Regularizado o orifício da face
posterior pratiquei a sutura de Lembert, tipo de sutura também adotado para o
fechamento da abertura da face anterior. Drenei. O paciente teve alta, sem
acidente.
Sempre contei, nos trabalhos de
maior importância, com os valiosíssimos auxílios dos Drs. Aristides Fontes,
Josaphat Brandão e Sylvio Leite. O Dr. Sílvio praticou com êxito duas
histerectomias.
Devo declara-vos que dos operados
no presente ano faleceram dois, um do cancro na próstata e o do ferimento no
braço por arma de fogo, aquele de choque e este de tétano.
Saudações
Dr. Augusto Leite.
Aracaju, 10 de julho de 1917.
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