(por Antonio Samarone)
segunda-feira, 31 de agosto de 2020
O FUTURO DE SERGIPE
(por Antonio Samarone)
domingo, 30 de agosto de 2020
O FIM DOS SONHOS
(por Antonio Samarone)
sábado, 29 de agosto de 2020
A QUARENTENA DOS INFERNOS
(Por Antonio Samarone)
Tenha Calma, Seu Olavo, não exagere.”
quinta-feira, 27 de agosto de 2020
UM PANORAMA DA PANDEMIA
(por Antonio Samarone)
terça-feira, 25 de agosto de 2020
A POLÊMICA DO PARQUE DA SEMENTEIRA.
A Polêmica do Parque da Sementeira.
(por Antonio Samarone)
Como será a reforma do Parque da Sementeira?
Existem dois projetos em disputa:
1. Uma visão ambientalista, que defende a transformação do Parque em um horto, um jardim botânico, uma reserva natural de restinga, uma área verdejante, com fins educativos e de lazer;
2. Uma visão de mercado, que pretende transformar o Parque da Sementeira em área de eventos e feiras, com bons restaurantes, comércio, serviços, entregue à iniciativa privada.
O Prefeito acende duas velas.
Não quer desagradar aos ambientalistas, antes das eleições e não pode contrariar o mercado, a quem representa. Nesse impasse, o projeto continua invisível.
O Prefeito já informou que vai começar pela reforma da cerca externa, pensando que agrada a todos. Uma parte dos urbanistas defendem um Parque público e aberto.
O projeto de privatização prevê a abertura de uma avenida, separando o Parque da Embrapa e da Codevasf, atendendo aos interesses do mercado imobiliário. Seria criada uma vasta área de estacionamentos, semelhante a existente na Av. Sílvio Teixeira.
Nesse período pré-eleitoral, a conjuntura não permite a alternativa privatista. Privatizar o Parque da Sementeira não é defensável antes das eleições.
Na verdade, estamos tratando do futuro de Aracaju, da qualidade de vida, de cidade sustentável e da cidade que queremos construir. As alternativas deveriam tornar-se públicas, submetendo-se a intensos debates, para uma decisão final, com a população esclarecida das opções.
Deveriam!
O poder por muito tempo deforma os seus ocupantes, que passam a sentir-se donos da coisa pública.
Aracaju vem sendo moldada para atender aos interesses da especulação imobiliária. Ruas e calçadas estreitas, praças e espaços de lazer limitados, reduzida arborização e investimentos prioritários na vias de circulação de automóveis.
As forças de mercado se apropriaram da Prefeitura, num processo acelerado de privatização da cidade. Os espaços urbanos foram usurpados pelo mercado imobiliário e de entretenimentos.
Aracaju é uma cidade que odeia os pedestres!
Antonio Samarone (médico sanitarista)
segunda-feira, 24 de agosto de 2020
A ARTE E A CULTURA EM TEMPOS DE PANDEMIA.
A Arte e a Cultura em Tempos de Pandemia.
(por Antonio Samarone)
Além do ataque do vírus pandêmico, que impõe o isolamento social, a Cultura sofre o ataque dos vírus da intolerância e do obscurantismo. No dia 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou estado de pandemia global.
Antes da Pandemia, as políticas culturais já passavam por um desmonte, uma devastação. O fim do Ministério da Cultura aponta nesse sentido. No Brasil, a Pandemia encontrou a Cultura lutando pela sobrevivência.
As leis de incentivo à Cultura foram criminalizadas. A Petrobras suspendeu os incentivos à Cultura e às Artes.
Com a chegada da Pandemia, a Cultura e as Artes, que poderiam funcionar como canais de escape, fundamentais da solidão, como alimento da alma, como alento e esperança de tempos e vidas sãs, são confinadas nos espaços on-line da internet.
O mundo artístico cultural, foi interditado com a chegada da Peste e precisa sobreviver.
Qual o papel das novas tecnologias digitais na criação, disseminação e fruição de bens culturais, criando formas de consumo e circulação de produtos?
Como essas mudanças afetam os produtores locais de cultura, sem acesso às grandes mídias e aos grandes mercados?
Quem são os trabalhadores da cultura por trás das antigas e das novas criações? Como sobrevivem, ou não, aos tempos de pandemia?
Quais são, ou quais deveriam ser, as ações do Estado, na criação de políticas e programas públicos emergenciais, para o setor da cultura?
Como estão sendo pensadas as ações de futuro? Há algum planejamento de um processo de transição, que permita aos trabalhadores da cultura o retorno gradativo das atividades, no fim do isolamento?
No pós Pandemia, o que espera o mundo da Cultura? Torna-se urgente discutir como a Arte, que respira junto com o povo, vai conviver com o amanhã de máscara?
Como a cultura está sendo vista nesse processo de retomada da economia?
Qual a importância da LEI Nº 14.017, DE 29 DE JUNHO DE 2020, (Lei Aldir Blanc), que dispõe sobre ações emergenciais destinadas ao setor cultural?
Estados e Municípios receberam três bilhões de reais para ações emergenciais no setor da Cultura. Os recursos são destinados a um auxílio emergencial para os trabalhadores da Cultura, aos subsídios para a manutenção de espaços artístico-culturais e aos editais com prêmios e incentivos a manifestações culturais.
Como esses recursos estão sendo empregados em Sergipe? Como andam as políticas culturais em Sergipe? Quais os municípios que se destacam na área cultural?
Qual a realidade do setor artístico-cultural em Sergipe? Quais os setores que se destacam? Qual a inserção desses setores na economia? Quantas pessoas trabalham nas cadeias produtivas culturais?
Na Terça-feira, 25, às 18 horas, no Instagram (@antoniosamaronede), debaterei em live, com Irineu Fontes, um dos grandes pensadores da cultura em Sergipe, sobre essas e outras questões inerentes a Cultura.
Antonio Samarone. (médico sanitarista)
domingo, 23 de agosto de 2020
VIGIAR E PUNIR
Vigiar e Punir.
(por Antonio Samarone)
Diante o medo da Peste, entregamos a proteção das nossas vidas ao Estado. Governadores e Prefeitos assumiram poderes imperiais para normatizarem o nosso dia a dia. E eles estão abusando.
Na ilusão de que estão agindo para nos proteger, aceitamos a tutela. A política avançou na esfera privada, nos hábitos e comportamentos pessoais. O receio é que isso perdure no pós pandemia.
Com a desculpa da presença da Peste, vivemos sob um estado de exceção, onde direitos individuais foram suprimidos. O Estado regula o comércio, as igrejas, os bares e as escolas, em mínimos detalhes, impondo um funcionamento extravagante e anormal. Parte das normas não possui relações com a transmissão da covid-19.
O cidadão tornou-se uma ameaça sanitária a ser vigiado e punido. Trocamos a liberdade pela segurança e ninguém se sente seguro. Todos somos prováveis contaminadores, por isso, a regra básica é o distanciamento social. Cada qual em seu canto.
A mudança de hábitos pessoais de higiene, a introdução de cuidados e preocupações com a limpeza e conservação do corpo, em sua intimidade, não se faz por decreto. São mudanças lentas, construídas pela própria sociedade.
O filósofo italiano Agamben, sentenciou: “Se estamos dispostos a sacrificar praticamente tudo – trabalho, amizade, afeto, convicções políticas e religiosas – é porque a vida não têm outro valor que não seja a sobrevivência”.
A vigilância estatal sobre a vida privada durante a Pandemia, pode ser um ensaio para um regime totalitário, onde a vida de cada um passa a ser controlada. Em nome de reduzir o contágio, o estado passou a bisbilhotar e normatizar a vida social e econômica.
A doença, em sua fase aguda atual, epidêmica, está sendo reduzida espontaneamente, pela natureza da enfermidade, por sua história natural. Esses planos de reabertura, com medidas de higiene escalonadas, protocolos, blitz de fiscalização, mapas coloridos são espetáculos midiáticos, manobras ilusionistas maquiadas com um discurso técnico.
É a “vida nua”, a vida biológica, o valor supremo a orientar a sociedade, o estado de exceção encontra condições adequadas para se perpetuar. Chama a atenção a facilidade com a qual uma sociedade inteira aceitou sentir-se empestada, isolar-se em casa e suspender suas condições normais de vida”.
A estratégia de isolar as pessoas e deixar o vírus livre, foi uma adesão ao modelo chinês de combate a Peste, implementado em Wuhan. A medicina ocidental havia desmontado os antigos serviços de saúde pública, treinados para isolar o vírus. Na urgência, usou-se o modelo chinês do isolamento social, recomendado pela OMS.
O modelo de isolamento social e lockdown funcionou bem nos países asiáticos, mais ou menos nos países europeus e não funcionou nem no Brasil, nem nos EUA. O saldo de 114 mil mortos, até agora, é um indício da falência do isolamento social no Brasil.
No Brasil, o isolamento protegeu os que tiveram condições e vontade de isolar-se, mas pouco contribuiu para a redução da taxa de contágio. Os que estão cumprindo disciplinadamente o isolamento continuam susceptíveis, portanto, sem saber como retornar a vida social de forma segura.
Não existe uma estratégia sanitária segura para se sair do isolamento. Quem baixar a guarda corre riscos. Para não perdermos as esperanças, sonhamos com uma vacina salvadora. Apenas sonhamos, a vacina não vai erradicar a doença.
Vamos sintetizar: o isolamento protegeu individualmente os confinados, mas foi coletivamente ineficaz para reduzir a taxa de propagação da Pandemia. Para que o isolamento reduzisse a taxa de propagação, necessitava-se de uma taxa de isolamento elevada, o que não ocorreu.
Do ponto de vista da saúde pública, a redução do contágio dependia de taxas elevadas de isolamento, da observância das normas pessoais de higiene e de ações de vigilância em saúde. Nada disso funcionou adequadamente.
O contágio está reduzindo espontaneamente, obedecendo a história natural da doença. Como livremente o vírus caminha para a sua etapa endêmica. Não podemos esquecer que o vírus ficou latente em todos os infectados (sintomáticos ou não), não sendo possível saber se ocorrerão e quais serão as manifestações crônicas da doença.
No pós pandemia, os velhos serão vítimas de duras restrições sanitárias. Serão vistos como uma bomba viral, capazes de reanimar uma segunda onda. O velho tornar-se-á um “perigo sanitário” e, nessa condição, será tratado.
Antonio Samarone (médico sanitarista)
sexta-feira, 21 de agosto de 2020
O NOVO NORMAL
O Novo Normal!
(por Antonio Samarone)
Fiz parte de uma geração que acreditou na revolução, no progresso e na laicidade. Fomos movidos pelo otimismo tecnológico e científico, acreditamos no fim das injustiças sociais e na criação de um novo mundo.
Fomos derrotados! Só o indivíduo e a sociedade de consumo sobreviveram! Quanto mais a gente se expressa, menos se há o que dizer. Ninguém está interessado.
A pós-modernidade criou uma vida sem sentido, com múltiplas possibilidades, com sentidos provisórios, individuais, grupais ou simplesmente fictícios. Uma sociedade que não tem uma imagem gloriosa de si mesma, um projeto histórico mobilizador.
Hoje é o vazio que nos domina.
“O sujeito contemporâneo é um empreendedor de si mesmo que se auto explora. Ao mesmo tempo é um fiscalizador de si próprio. O sujeito auto explorador traz consigo um campo de trabalhos forçados, no qual é ao mesmo tempo carrasco e vítima.” Byung
É claro que o capitalismo não é eterno. O que não se sabe é o que acontecerá depois. Nada garante um paraíso, nem uma vida melhor.
A ante visão do Pós Pandemia é tenebrosa.
O novo normal é o velho normal maquiado. Com um agravante no Brasil: a sociedade está dividida de forma irreconciliável. O episódio do estrupo da menina de dez anos, por um tio, escancarou essa divisão.
A mensagem da Pandemia não foi entendida: O planeta não suporta a degradação, os recursos naturais são finitos e a questão ambiental não pode ser protelada. A solução não é uma vacina, mas a mudança do modo de vida.
Isso de crise ambiental parece distante, ingênuo, pensamento de estudante sueca (Greta Thunberg). A urgência não é reconhecida, isto é uma dificuldade. Se até agora se deu um jeitinho, pôde-se adiar, poderemos esperar mais um pouco. Os sinais (a Pandemia é um) apontam que não.
O sujeito contemporâneo é um empreendedor de si mesmo que se auto explora. Ao mesmo tempo é um fiscalizador de si próprio. O sujeito auto explorador traz consigo um campo de trabalhos forçados, no qual é ao mesmo tempo carrasco e vítima. Byung
Um segundo obstáculo é a crescente automação. A riqueza passa a ser criada sem o trabalho humano. Para não causar controvérsia desnecessária, com menos trabalho humano. Dizendo de forma mais direta: o desemprego é estrutural.
Qual o destino dessa riqueza produzida pelas novas tecnologias? O que se pode fazer com as pessoas invisíveis, desnecessárias ao capitalismo? Prolongar o auxílio de emergência, criar penitenciárias, vigilância policial e circo?
Quais os projetos da esquerda para o Brasil?
Acabo de ler “O Projeto Nacional de Ciro Gomes”. O que ele propõe? Um capitalismo liberal de faceta humana. Teve o mérito de estudar, fazer o diagnóstico e uma proposta. A viabilidade de criação desse paraíso capitalista é outra discussão.
O Partido dos Trabalhadores insiste em seu projeto de distribuição de renda, sem mudanças estruturais. Como diz Lula, botar um prato de feijão na mesa do pobre. Essa conciliação se tornou inviável no Brasil. O “Natal sem fome” do Betinho acabou.
O mercado está faminto e quer raspar o tacho.
Antonio Samarone (médico sanitarista)
BOM APETITE
Bom Apetite.
(por Antonio Samarone)
Em minha infância, Itabaiana não tinha gordos. Lembro-me de Chiquinho Gordo, dos três gordinhos da Rua do Fato e, do mais famoso, Zé Gorducho, um solteirão que vivia às custas da mãe, a doceira Dona Aurelina.
O Beco Novo não tinha gordos!
Tinha muitos meninos inchadinhos, comidos pela verme do amarelão. Gente de bucho grande e perna fina. Comedores de barro.
Menino gordo era difícil. A igreja católica tinha dificuldade em encontrar “anjos”, gordos e rosados, para as procissões de Santo Antonio. Eu fiz o teste e fui reprovado.
A gordura era associada a prosperidade, abundância, riqueza e saúde. A fome era endêmica. Na bíblia, quando José do Egito sonhou com a prosperidade, a imagem onírica foi a de sete vacas gordas.
A Gula, um pecado capital, era tolerada com simpatia e às vezes com admiração. “Deus benza, fulano come que é uma beleza”. A gulodice era quase uma virtude.
Claro, o prestígio de ser gordo não chegava ao muito gordo, ao disforme. Nesses casos, a patologia era incontestável. Ainda tinha os portadores de hidropisia, os edemaciados.
Em um mundo de escassez, saúde é barriga cheia! “Fulano está gordo, parecendo um Major”. “Já sicrano é magro de ruim”.
A obesidade tornou-se um problema de saúde pública, decorrente da mudança do padrão alimentar, do sedentarismo e do modo de vida. A obesidade é uma patologia social. Contudo, os gordos continuam recebendo sansões morais. O que era admirado hoje é rejeitado.
Atualmente a gordura é vista como um descuido, lerdeza, preguiça, falta de vontade e amor-próprio. O gordo tornou-se vítima de bullying, preconceitos, insultos e discriminações.
Só os gordos, os velhos e os feios são objetos do humor grosseiro, sem que o palhaço possa ser punido juridicamente.
Os feios não buscam defender-se, pois acham o insulto indevido. Ninguém se acha feio! Já os gordos, esses não tem a quem recorrer.
Botar apelido em gordo é passatempo dos medíocres. Aliás, os gordos ainda carregam a fama de serem bem humorados.
Não me lembro de nenhum gordo “caga raiva”.
Antonio Samarone. (médico sanitarista)
quarta-feira, 19 de agosto de 2020
MÃOS LIMPAS
(por Antonio Samarone)
Mão cheia é fartura, mão de figa é somiticaria, mão de ferro é rigor, mão boba é saliência, mão grande é força e mão aberta é desperdício.
terça-feira, 18 de agosto de 2020
AS PRIMEIRAS PESTES EM SERGIPE
(por Antonio Samarone)
QUAL A VOCAÇÃO ECONÔMICA DE ARACAJU?
(por Antonio Samarone)
sábado, 15 de agosto de 2020
O FUTURO DO TECARMO
(por Antonio Samarone).
SERGIPE DO CONDE
Sergipe do Conde.
(por Antonio Samarone)
Mem de Sá governou o Brasil por 15 anos.
Mem de Sá partiu de Lisboa em 30 de abril de 1557, só chegando ao Brasil nos últimos dias de 1557, numa penosa viagem de oito meses. Mem de Sá tomou posse em 03 de janeiro de 1558.
Mem de Sá chegou ao Brasil viúvo, a sua esposa Dona Guiomar de Faria, faleceu em Lisboa no ano de 1542. Tiveram cinco filhos: João Rodrigues de Sá, morto em Celta, pelos Mouros; Fernão de Sá, morto no Espírito Santo, pelos Tamoios; Breatis de Sá, que faleceu em Lisboa. Padre Francisco de Sá, que morreu poucos meses após o pai, sem deixar descendentes; restando como única herdeira Felipa de Sá (Condessa de Linhares).
Mem de Sá foi o dono do engenho Sergipe do Conde, o maior da Bahia. O engenho Sergipe é anterior a Província de Sergipe.
O engenho Sergipe do Conde foi instalado em 1563 nas terras de uma grande sesmaria, que ia de “Marapé até a ponta de Saubara”. O engenho ficava entre os atuais municípios de São Francisco do Conde, Santo Amaro da Purificação e Saubara.
Em testamento Mem de Sá afirmou: “tenho na Capitania da Bahia do Salvador três léguas e meia de costa e quatro para o sertão com duas ilhas, e Sergipe onde fiz um engenho de açúcar, com quinhentas e tanta vacas parideiras e roças de mandioca.”
No século XVII, o engenho Sergipe ficou conhecido como a Rainha do Recôncavo.
Sua localização estratégica, imponência arquitetônica e força produtiva o colocavam na liderança da produção no Recôncavo. Além de ter a maior casa de moenda da região, dispunha de grande contingente de escravos, cerca de 300, quando a média de um engenho de grande porte era de 100 escravizados por propriedade.
Mem de Sá, senhor dos engenhos (Sergipe do Conde e Santana), exportador de açúcar e pau brasil, importador dos produtos do Reino e de outras localidades, criador de gado, proprietário de terras além das necessárias aos currais e engenhos, e participante no resgate dos escravos da terra (índios).
O engenho de Santana ficava na Capitania de Ilhéus, duas léguas e meia de terra, tocado pelos escravos da terra (índios) e uns poucos de Guiné.
O engenho Sergipe pertenceu a Mem de Sá, ao Genro, D. Fernando de Noronha, (Conde de Linhares) e, finalmente aos jesuítas. O engenho chamava-se Sergipe do Conde, exatamente por ter pertencido ao Conde de Linhares, genro e herdeiro do governador.
Em testamento, Mem de Sá deixou para o médico Afonso Mendes, hum mil e seiscentos reis. O mestre Afonso Mendes foi o médico particular de Mem de Sá e da sua família desde a sua chegada ao Brasil, até o falecimento.
Em 1557, com a chegada de Mem de Sá, chegou a Bahia o Mestre Afonso, Cirurgião-Mor das partes do Brasil, com um ordenado de 18 mil reis anuais; aumentados depois em 6 mil reis, pela administração da Botica Real.
O mestre Afonso Mendes morreu pobre em Salvador, sem deixar cabedais. Mestre Afonso era cristão novo, dizia-se que todas as sextas-feiras, ele e a família, açoitavam o crucifixo.
Os primeiros médicos que chegaram ao Brasil eram judeus.
Antonio Samarone (médico sanitarista)
O DELIRIUM DA QUARENTENA
O Delirium da Quarentena.
(por Antonio Samarone)
A demora ficou rápida. O tempo do confinamento é uma sequência de instantes fragmentados, indistinguíveis, sem rumo e sem destino. O tempo atomizado perde a profundidade.
A quarentena ultrapassou o tempo bíblico dos 40 dias (número da espera, da preparação, da provação e do castigo). O tempo perdeu a narrativa!
A realidade digital é enfadonha, repetitiva, objetiva e sem novidades. A realidade analógica é imaginada, imprecisa, inesperada, subjetiva e cheia de erros. Não tenho interesse nessa troca. Continuo analógico. Entre o erro humano e o acerto da máquina, fico com o primeiro.
As redes sociais criaram uma vida paralela que, aos poucos, substitui a vida presencial. Uma modesta reunião de condomínio consumia uma energia insuportável. Virtualmente, os tempos são encurtados. As pautas são cumpridas com objetividade, sem arrodeio e sem divagações.
Uma violonista itabaianense foi convidada a fazer parte de uma orquestra sinfônica mundial. Cada músico em sua casa, em países diferentes, com o maestro em Berlim. A tecnologia juntou e harmonizou tudo. O concerto foi assistido pela internet, no Pé do Veado, na bodega de Galeguinho.
Os filhos de Caetano acabam de emocionar uma multidão, sem saírem de casa. As antigas turnês pelo Brasil, perderam o sentido.
Ontem eu visitei a Chapada Diamantina, num sobrevoo de 30 minutos, assistindo ao “Brasil Visto de Cima”. Fiquei encantado com a cidade de Lençóis. Esse ano a romaria do meu ”Padin Padre Ciço” será virtual. Já comprei o chapéu de palha e a imagem do Santo pela Amazon. Tudo made in China.
Impressionante como os chineses fabricam chapéu de palha, iguais aos vendidos no Mercado Thales Ferraz. Passei a acreditar que aqueles ovos das Kombis (cem ovos por dez reais), são mesmo fabricados lá. Galinha saiu de moda.
Não tenho visto encontros virtuais (lives) para conversar “miolo de pote”, jogar conversa fora, ter momentos de divagações. Tudo parece muito produtivo. É chato!
Estou sentindo falta de alguns amigos! Das reuniões da confraria da cebola, todas as quintas-feiras, na Praça Luciano Barreto. Ouvir as mesmas lorotas, as mesmas piadas, as mesmas estórias. As antigas novidades são necessárias, reforçam os laços sociais, aprofundam as raízes e sustentam a cultura.
A solidão atrai as demências. Voltamos à caverna de Platão. As imagens do mundo chegam pela internet, sempre distorcidas.
Estou com saudade das feiras livres, do cuscuz com carne de bode, em Zé Buraqueiro, do mingau de puba, das castanhas do Carrilho, do coco mole, de saber as notícias das Flechas, trazida pelo caraibeiro que vende farinha, feita em forno de barro.
Saudade dos papos de feira, “museu de grandes novidades”, com dizia Raul.
Saudade dos feirantes das Palmeiras, para saber as estórias do Zanguê e do Pé da Serra de Itabaiana. Saber as notícias do Bom Jardim e da Cova da Onça. Saber se a Igreja do Barro Preto, que o Padre Edvaldo estava construindo, já acabou.
Me recuso a assistir as missas do Bom Jardim, pela Internet. Na Igreja tem um anjo serafim, aquele de seis asas: duas para cobrir os olhos e não ver Deus; duas para cobrir o sexo e duas para voar. A câmara virtual não capta o anjo.
Por outro lado, a pandemia tornou a vida fora de casa muito chata. Sob o comando das autoridades, a vida se tornou insuportável. O que abre ou não abre, o que pode ou não pode, depende deles.
O cafezinho do Shopping perdeu o sentido! O governador só permite uma pessoa por vez, em pé, e numa distância de três metros e setenta centímetros entre as pessoas.
Tenho a sensação de que estou sendo governado por Faraós, no antigo Egito. Ontem, no calçadão da João Pessoa, tinha um bando de burocratas bisbilhotando a vida dos outros. Sob o comando do Procon. Isso mesmo, do Procon!
Até o bate papo foi criminalizado, sujeito a multas. O governo lacrou as livrarias. Em Sergipe, o livro foi considerado um transmissor da Peste. Tudo para nos proteger.
Para acabar com esses decretos governamentais, tomo até a vacina russa! A pressa é amiga da perfeição.
Antonio Samarone (médico sanitarista)
quarta-feira, 12 de agosto de 2020
A PESTE MASCARADA
A Peste Mascarada.
(por Antonio Samarone)
As máscaras protegem, evitando o contágio da covid-19?
Na ausência de medidas sanitárias de bloqueio dos contágios (isolamento dos infectado, testagem dos contactantes, bloqueio dos casos, rastreamento e busca ativa), o Poder Público torna o uso de máscaras obrigatório, sob pena de sanções.
São conhecidas três tipos de máscaras.
1. As máscaras cirúrgicas.
As máscaras cirúrgicas, que cobre a boca e o nariz, são usadas por médicos e assistentes para não infectar os pacientes na mesa de operação. Essas máscaras precisam ser trocadas regularmente e descartada de forma higiênica e segura. Na sala de cirurgia, a máscara deve ser trocada pelo menos a cada duas horas.
Essas máscaras não podem ser manuseadas e exigem cuidados ao retirá-las após o uso, evitando-se a contaminação das mãos.
Está claro, que esse tipo de máscaras, usadas e descartadas adequadamente, reduz a emissão de gotículas e aerossóis por quem está expelindo. Se o vírus já está circulando, elas pouco impedem que os seus usuários se contaminem.
Em resumo, a máscara cirúrgica serve mais para proteger as pessoas ao redor de quem a está usando do que propriamente quem está de máscara. O uso das máscaras cirúrgicas traz um benefício indireto, serve de aleta, para que não se leve as mãos sujas ao rosto e evite-se aglomerações.
Essas máscaras cirúrgicas não protegem o usuário de uma possível infecção através de gotículas e secreções que saem da boca de uma pessoa infectada, quando ela espirra ou tosse. Geralmente, o vírus entra no corpo pela boca, o nariz ou pelos olhos.
2. As máscaras de pano.
Essas padecem das mesmas limitações das máscaras cirúrgicas, agravadas pela necessidade de higienizações frequentes. As máscaras de tecido também devem ser trocadas com frequência e lavadas com água quente, ou com detergentes adequados, para que os vírus não sobrevivam.
Essas máscaras de pano, mesmo reutilizáveis, devem ser trocadas com frequência, para funcionarem com equipamento de proteção. As pessoas desinformadas não tomam os cuidados necessários com essas máscaras após o uso.
Na prática, essas máscaras de pano se transformaram em adereços do vestuário, com marcas famosas, personalizações, símbolos, estilos e sutilezas. São burcas ocidentais.
3. As máscaras de proteção (EPIs)
São máscaras que filtram o ar – tanto na versão descartável, feita a partir de fibra de celulose com um elemento filtrante e uma válvula expiratória, quanto de material sintético, à qual é acoplado um filtro.
As máscaras EPI são usadas em hospitais quando profissionais de saúde entram em contato com pacientes de doenças altamente infecciosas. São usadas juntamente com outros EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), como protetor ocular, luvas, aventais e macacões descartáveis.
As máscaras EPI são usados pelos profissionais de saúde que estão na linha de frente no atendimento da covid-19. No Brasil, essas máscaras seguem a regulamentação da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e precisam de CA (certificado de aprovação). São os tipos N95, N99, R95 ou PFF2.
Não é aconselhável, nem viável, o uso dessa máscaras (EPI) pelo público em geral. Elas são reservadas para os trabalhadores expostos a riscos extremos.
Portanto, as máscaras em geral ajudam na redução do contágio da covid-19, quando usadas de forma adequada e somadas a outras medidas de higiene e vigilância. As máscaras usadas de forma incorreta podem tornar-se em um veículos de transmissão do vírus.
Portanto, leis obrigando o uso de máscaras, sem o devido esclarecimento e treinamento, são apenas jogadas de marketing.
Antonio Samarone (médico sanitarista)