sábado, 23 de agosto de 2025

BANDAS, FANFARRAS E ASSISTÊNCIA SOCIAL.


Bandas, Fanfaras e Assistência Social.
(por Antonio Samarone)

No ano de 1745, uma orquestra sacra foi criada em Itabaiana, tendo como regente o vigário coimbrense Francisco da Silva Lobo.

Em 1879, o maestro Samuel Pereira de Almeida transformou a orquestra sacra em banda marcial, incorporando os instrumentos de percussão. Passou a denominar-se Filarmônica Euphrosina.

Em 1897, o maestro Francisco Alves de Carvalho Júnior a renomeou (desconheço os motivos) Filarmônica Nossa Senhora da Conceição, que continua ativa e operante. Portanto, são 280 anos em atividade ininterrupta.

Ao final do século XIX, foi criada a filarmônica Santo Antonio, do maestro Esperidião Noronha. A Filarmônica Nossa Senhora da Conceição pertencia aos Pebas, grupo político liderado em Itabaiana, pelo Coronel Sebrão e a Santo Antonio pertencia aos Cabaús, de Batista Itajay.

A Santo Antonio foi desfeita com o fim do reinado de Batista Itajay.

Hoje, Itabaiana possui duas filarmônicas, sem lado político: a Nossa Senhora da Conceição, continua, e a 28 de agosto (SOFIVA), fundada em abril de 2011. A primeira, com a sua orquestra sinfônica e a segunda com uma escola de sanfona. Cada uma em sua praia.

Cumpre às Filarmônicas, o dever de abrilhantar todas as solenidades em Itabaiana: militar, civil ou eclesiástica. Isso vem de longe.

Encontrei um relato fabuloso, por ocasião da eleição do Dr. Manoel Batista Itajahy para vice-presidente do Estado (1908):

“Aos seus primeiros arrebóis a simpática filarmônica “Santo Antonio” tocou alvorada em frente à residência do circunspecto Ex. sr. dr. Manoel Baptista Itajahy, digníssimo Vice-Presidente do Estado e Chefe deste município, saindo depois em passeata...”

Ontem, fui a solenidade de inauguração do Centro de Referência de Assistência Social - Ana Lúcia Batista Mota (depois eu conto sobre a homenageada).

Na chegada, percebi um som diferente. Quem é essa Banda, que está tocando o hino da cidade de Itabaiana? “Ergamos nossa voz, minha augusta serrana/ Gritemos o teu nome Itabaiana.”

Tive um espanto emocionado: era a Banda Marcial Francisco Paes da Costa, composta por 50 meninos carentes. Organizada pela Secretária de Ação Social. Todos sabem o poder disciplinador da música. Tira os meninos das ruas e das telinhas. Fortalece os vínculos entre eles. Palmas!

Acho que a música deveria ser obrigatória, em todos os CRAS do Brasil.

O maestro é Célio Melo, um jovem dedicado e talentoso, que está estudando música. Itabaiana tem um maestro em cada famílias. Antes era padre, hoje é maestro.

Itabaiana é uma terra de comerciantes, caminhoneiro e maestros.
Vou propor a Academia Itabaianense de Letras, que convide essa Banda para a Bienal. Provavelmente, eles ainda não toquem Bach e Beethovem, mas, certamente, tocam aos corações dos que tem fome e sede de justiça.

Vou confessar, bateu uma forte emoção.

Antonio Samarone (secretário municipal de cultura).
 

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