Os Desempregados da Pandemia.
(por Antonio Samarone)
(por Antonio Samarone)
Além dos males da doença, a sociedade está amargando as consequências dos erros dos Governos (nas três esferas), na condução da crise sanitária.
Quando a Covid foi declarada Pandemia, a primeira medida aconselhada pela OMS, foi o isolamento social de 70% da população, para evitar o colapso do Sistema de Saúde. A China montou um hospital com 2 mil leitos em uma semana.
Para que o isolamento fosse viável, os Governos precisariam fazer a sua parte. Não bastava os decretos limitando a mobilidade e a vida econômica, era necessário um suporte financeiro para evitar a quebradeira das empresas, o desemprego e garantir uma renda mínima aos mais vulneráveis.
No Brasil, nada disso foi feito na forma e no tempo certo. Até o auxílio emergencial de 600 reais se tornou um fator de disseminação da doença. Depois das aglomerações na porta da Caixa Econômica, em Aracaju, para o pagamento da 1ª parcela, a Peste se alastrou em velocidade.
Para o Isolamento Social funcionar, necessitava do suporte do Poder Público. que não ocorreu da forma adequada. Muita gente, se ficasse isolada não comia. Empresas quebrariam.
Muitas atividades foram definidas como essenciais por motivos fúteis. Por exemplo: qual era a urgência do recapeamento das ruas em Aracaju, que não pararam durante a quarentena?
Por tudo isso, o Isolamento Social nunca passou de 40% em Aracaju. Nunca funcionou como era necessário! Por isso, a doença grassou livremente.
No início da Pandemia em Sergipe, as ações públicas se concentraram nos decretos, no marketing, na montagem de UTIs improvisadas e de na montagem de um duvidoso hospital da campanha, no campo do Sergipe.
As ações preventivas, recomendadas pela Saúde Pública, foram esquecidas!
A Prefeitura de Aracaju limitou-se às ações cosméticas de lavagem de ruas e terminais de ônibus, na distribuição de máscaras de pano, na tomada da temperatura de quem chegasse ao aeroporto, e em organizar a fila do peixe na semana santa.
Na parte da assistência social, o Governo do Estado anunciou um auxílio de 100 reais, não sei a quem nem em quantas parcelas, e a Prefeitura de Aracaju, com muito foguetório, distribuiu o que sobrou da merenda escolar, devido ao fechamento das escolas.
Ia esquecendo: o governo do estado dispensou o visto das mercadorias nos Postos Fiscais (auxílio contrabando). A DESO suspendeu o corte da água, por 90 dias. A PGE não vai ajuizar ações durante a Pandemia e o BANESE está emprestando dinheiro aos empresários (não sei as condições).
Governador, paciência! Uma ajuda mixuruca.
Como era de se esperar, a doença explodiu em Sergipe, e em especial em Aracaju. No dia de Santo Antonio, chegamos a 12.866 casos notificados, com 316 óbitos.
Uma tragédia potencializada pela omissão e erros do Poder Público.
Além das consequências naturais da Peste, temos as mazelas da incompetência e arrogância do Poder Público. Até o momento, se desconhece ações da prefeitura de Aracaju na prevenção da doença. Não basta estabelecer normas para a sociedade e mandar que as pessoas fiquem em casa.
É urgente que se caia em campo, ir em busca dos transmissores, para obrigá-los ao isolamento. Quebrar a cadeia de transmissão. A saúde pública sabia fazer isso. Vocês desmontaram!
É urgente a testagem em massa, a identificação precoce dos casos e dos portadores sãos, a identificação dos ainda susceptíveis e dos que já adquiriram imunidade. O Poder Público precisa fazer a sua parte, sair do escuro.
Quantas pessoas já foram infectadas em Aracaju? Vocês não sabem!
A luta contra a Pandemia é uma marcha no escuro, onde só os políticos se sairão bem. Um luta que deixará vítimas e sequelas entre os profissionais de saúde, e que marcará centenas de famílias com a dor da saudade.
Os políticos exigiram que se decretasse estado de calamidade, para que os recurso fossem gastos livremente. Receberam rios de dinheiro. Agravou-se o déficit fiscal. Sobram recursos e faltam planejamento, profissionalismo e uma condução técnica da crise sanitária.
Há cerca de um mês, o Prefeito da Capital anunciou nas redes sociais que tinha utilizado 45 milhões na pandemia. A fartura de dinheiro deu brecha a que se gastasse 3 milhões só em propaganda. Os gastos até hoje eu não sei. Faltam ideias e sobram recursos.
Nesse momento a doença já foi disseminada em Aracaju. O isolamento social está restrito a voluntários, com renda e consciência, que se manterão protegidos independente do que pense o governo. As ruas estão lotadas de gente.
A única medida sobre a qual o governo ainda mantém a governabilidade é o fechamento do comércio. Passando a falsa impressão de zelo, de que está preocupado com a saúde da população. Mentira! A doença está se disseminando livremente, mesmo com o comércio fechado.
Uma grande encenação. O governo apresentou um “plano para a reabertura do comércio”, cheio de etapas, protocolos, restrições e regras, tudo para simular o controle da situação.
Tudo mentira!
O governo não faz a sua parte, desativou as ações de saúde pública, não existe prevenção, não existe testagem, e mantem as aparências de ação, proibindo o comércio de funcionar. Um faz de conta criminoso.
Nesse momento, os governos (nas três esferas) tem mais responsabilidade pelo desemprego e quebradeira das pequenas empresas do que a própria Pandemia.
O Poder Público está agravando as desigualdades!
Num país sério, essa turma despreparada e interesseira iria responder judicialmente pela omissão. No Brasil, nada acontecerá. Alguns ainda serão reconduzidos para novos mandatos e outros sairão ricos.
Reclamar a quem?
Antonio Samarone (médico sanitarista)
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