O Vírus é chinês e a Ivermectina aracajuana!
(por Antonio Samarone)
Na guerra política da Pandemia, a
principal mentira foi que o SARS-CoV-2, o novo coronavírus, foi fabricado na
China. Mesmo sem nenhum fundamento científico, a versão continua sendo
difundida nas redes sociais.
A estupidez é
maior quando, além de chinês, o vírus é visto como um produto de laboratório, uma
suposta arma biológica. A esses crentes não vale a pena se contrapor.
O SARS-CoV-2
é o sétimo coronavírus conhecido a infectar humanos. Coronavírus são vírus de RNA
causadores de infecções respiratórias em uma variedade de animais, incluindo
aves e mamíferos
Já eram conhecidas seis espécies
de coronavírus que causam doenças em humanos. Quatro dessas (229E, OC43, NL63 e
HKU1) causam sintomas comuns de gripe, e duas espécies (SARS-CoV e MERS-CoV)
provocam síndrome respiratória aguda grave, com taxas elevadas de mortalidade.
Nos últimos 20 anos, dois desses
coronavírus foram responsáveis por epidemias de síndrome respiratória aguda
grave. A epidemia de SARS-CoV 1, com letalidade de aproximadamente 10% e a
epidemia síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS - CoV), com letalidade de
cerca de 30%.
Em 2002, o SARS-CoV causou um
surto na província de Guangdong – China, e se espalhou para 26 países e, em
2012, o MERS-CoV surgiu na Arábia Saudita, espalhando-se para 27 países.
O novo coronavírus, denominado
SARS-CoV-2, causador da doença COVID-19, foi detectado em 31 de dezembro de
2019 em Wuhan, na China. O SARS-CoV-2, como vimos, é o terceiro a causar síndrome
respiratória aguda grave.
Todos esses coronavírus surgiram
do transbordamento zoonótico, onde um agente patógeno rompe a barreira entre as
espécies. Com o SARS-CoV-2 (novo coronavírus), não foi diferente.
O que ainda não se sabe é quais foram
os reservatórios de animais de origem. Quais os animais envolvidos na cadeia de
transmissão? O vírus foi transmitido diretamente de um vertebrado para o homem,
ou precisou evoluir em um hospedeiro intermediário. Essa é a dúvida!
Como visto acima, já era esperado
esse novo coronavírus. Fenômeno conhecido e estudado. E outros virão, se o
homem continuar destruindo os ecossistemas onde esses vírus habitam a milhões
de anos.
Além de pertencerem ao mesmo
gênero (Betacoronavirus), todos esses vírus, bem como o novo coronavírus
(SARS-CoV-2), são de origem zoonótica. Esse fenômeno chama-se transbordamento
zoonótico.
A atividade
humana criou a "tempestade perfeita" para esse pandemia. A invasão
humana de habitats silvestres e a consequente perda e degradação deles, bem
como o transporte, armazenamento e comércio de animais silvestres, atividades
que criam condições ideais para a transmissão dessa doenças.
Existem
dúvidas que a descoberta de uma vacina eficaz não põe fim ao problema que criamos?
A vacina resolve esse episódio. Sem uma decidida mudança em nosso modo de vida,
sem a interrupção do avançado processo de destruição do planeta, continuaremos
convivendo com novas Pestes, de forma cada vez mais frequentes.
Essa é a
questão de fundo!
Mas, do ponto
de vista imediato, enquanto a questão ambiental não é resolvida e a vacina não
chega, o que fazer para aliviar o medo, e retornamos a uma vida quase normal,
em segurança.
Como sairemos
da armadilha do confinamento que nos colocaram?
Sem a vacina,
cientificamente, só existe o caminho da implementação de ações de vigilância à
saúde, com ampla participação social. Ou seja, o caminho que a tradicional saúde
pública aponta. Não precisamos de lideranças políticas, com os seu decretos.
A epidemia está se espalhando em
Sergipe com essa velocidade, em parte pela demora em testar os suspeitos, dar
os resultados e isolá-los. E pela falha na proteção dos profissionais de saúde,
o que está gerando disseminação também a partir dos serviços de saúde. Além
disso, muitos contactantes não procuram os serviços de saúde, pois desenvolvem
doença leve, o que dificulta a identificação dos casos e o controle da
epidemia.
Como não existe previsão dessa
vigilância, pelo menos em Sergipe, surgiu um comportamento estranho, mas
esperado, nos últimos dias. As pessoas querem proteção de qualquer jeito, mesmo
sendo proteções ilusórias. E começaram a se mexer, a buscarem alternativas.
Com o enfraquecimento da fé na
cloroquina, a classe média aracajuana, orientada por médicos conceituados e
experientes, passaram a usar preventivamente a ivermectina, na falta da vacina.
A ivermectina é uma droga antiga,
usada para tratar verminose, sarna e piolho em gente e carrapato em bicho. Liguei
assustado para um colega que confio. Doutor, que conversa é essa, a ivermectina
também serve para a covid-19? Ele deu uma risada, “o que mata lombriga mata tudo.
Se bem não fizer, mal não faz”.
Eu cheio de pudores, ainda indaguei,
existe alguma evidência científica? O velho colega, cheio de sabedoria, deu uma
risada e me respondeu de pronto. “Esqueça a ciência! Nessas horas de desespero e
de medo, temos que arriscar”. Eu já tomei, disse ele.
Por via das dúvidas, eu mandei
comprar a ivermectina em Itabaiana, que é mais barato. Vou conversar com o Dr.
Átalo, para ouvir o parecer da homeopatia.
A Peste é danada, abalou até a
relação da medicina com a ciência, que parecia tão sólida.
Antonio Samarone.
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