O Desastre Gerencial da Pandemia,
em Sergipe.
(por Antonio Samarone)
Sergipe chegou a 21 mil casos
notificados (menos de 10% da realidade, segundo o IBGE) e 554 óbitos (também
sub notificados, segundo o registro civil).
30 óbitos só nas últimas 24 horas.
O boletim epidemiológico de
ontem, dia 25/06, apresentou informações inconsistentes. Oficialmente, o SUS
possui 166 leitos de UTI disponíveis para a covid, e 114 estavam ocupados e 52
vazios, com uma taxa de ocupação de 68,7%.
O mesmo boletim informou que dos
óbitos nas últimas 24 horas, 7 ocorreram em enfermarias do SUS. O que houve, se
existiam leitos de UTI desocupados, por que essas pessoas que faleceram não
tiveram acesso? Duas possibilidades: ou esses leitos de UTI não existem, estão
só no papel, ou, existem leitos ociosos e os pacientes não foram transferidos
por incompetência gerencial.
Essas mortes nas enfermaria do
SUS em Sergipe, não são eventuais, tem sido uma regra. Somente nos últimos oito
dias (entre 17 e 24/06), 28 pessoas morreram de covid nas enfermarias do SUS,
sem acesso as UTI. Um colapso ocultado na maquiagem dos dados.
Quem vai apurar?
Na rede privada existem 99 leitos
de UTI em Sergipe e, ontem (25/06), 114 estavam ocupados, ou seja, uma taxa de
ocupação de 114%. Tem mais doentes do que leitos disponíveis. Mas ninguém
morreu, ontem (25/06), nas enfermarias privadas. O colapso da rede privada está
informado. A sociedade tem conhecimento.
Nos últimos oito dias (entre 17 e
24/06), morreram 11 pessoas nas enfermarias privadas. Não sei se pessoas cujo
planos de saúde não cobriam UTI, se não tiveram dinheiro para a caução, ou
falta de vagas mesmo.
Os 15% que possuem planos de
saúde em Sergipe, ou que podem pagar seis mil reais de diária num hospital
privado, fique em casa, pois mesmo assim, não existem vagas nas UTI.
Em Sergipe, a Peste está correndo
solta. O Poder Público é parte do problema, atrapalha mais do que ajuda, erra
mais do que acerta. Não se enfrenta uma Pandemia só com decretos e propaganda!
A morte por covid em enfermarias,
exceto em circunstância especiais, é uma forma mascarada de colapso. Os responsáveis
por essa indignidade precisam ser punidos e, providencias tomadas, para que esse
absurdo não continue acontecendo.
De quem é a competência para
fiscalizar?
Pessoas morrendo nas enfermarias
do SUS, por falta acesso a leitos de UTI, também atesta a estupidez de ter se torrado
uma fortuna na construção de um “hospital” da campanha, com 152 leitos, e
nenhum leito de UTI.
O tal “hospital” de campanha meia
boca, feito de improviso, sem planejamento, sem organização dos recursos
humanos, sem licitação, sem isso e sem aquilo, é só uma carcaça de plástico
numa avenida movimentada.
Foi dinheiro jogado fora? Ainda é
cedo...
Esse “hospital’ de campanha pode
virar a assombração de muita gente!
Antonio Samarone. (médico
sanitarista)
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