A Peste Asiática
em Sergipe – 1855 (por Antonio Samarone)
Em meados de
1855 a sociedade sergipana foi atingida de forma violenta pela maior tragédia
sanitária de sua história: a primeira grande epidemia de “Cholera Morbus”, que
vitimou perto de 30 mil almas, em menos de três meses.
É evidente
que o terror espalhado por esse acontecimento, numa população de apenas 200 mil
habitantes, não poderia deixar os governantes indiferentes quanto aos riscos de
novas “Pestes”. Após a tragédia, a preocupação com a saúde pública aparece na
ordem do dia do Poder Público em Sergipe.
“Diga-se de
passagem que o perigo representado pelo alastramento das doenças foi, nos
séculos passados, o fator desencadeante das providências adotadas pelos órgãos
governamentais. Medidas preventivas e remédios surgiam somente após a irrupção
da epidemia.”
O primeiro
Governo após a desgraça, Salvador Correia de Sá e Benevides, apresenta, como
veremos adiante, um verdadeiro programa de saúde pública. O fato de que muito
pouca coisa conseguia sair do papel não anula o significado desse novo
posicionamento que o Estado ameaça assumir em Sergipe.
“Os
navegadores árabes e europeus conheciam a existência, nos grandes deltas da
Ásia meridional, de uma doença a que se dava o velho nome grego de Khoera, isto
é, ‘fluxo de bílis’. Ela associa uma diarreia profusa a vômitos incoercíveis,
placas azuladas no corpo e um emagrecimento rápido. O doente morre de
desidratação nalguns dias ou nalgumas semanas; podem também dar-se casos de
morte súbita.
A cólera
passava, portanto, por uma dessas febres próprias dos países exóticos quando,
sem outra razão aparente, a não ser a rapidez e a intensificação das trocas
comerciais, deixou, no princípio do século XIX, o seu domínio habitual e
começou a viajar.”
Em 14 de
setembro de 1855, a terrível pandemia aparece na Vila de Nossa Senhora dos
Campos do Rio Real (Tobias Barreto). Era a chegada do grande mal a Sergipe.
O Presidente
da Província, Dr. Inácio Joaquim Barbosa, havia falecido em Estância, no dia 06
de outubro de 1855, vítima da febre palustre (malária).
Em seu lugar,
tinha assumido interinamente o 3o Vice Presidente, José da Trindade Prado que,
baseando-se nos relatórios do Provedor de Saúde, Dr. Joaquim José de Oliveira,
toma algumas providências contra a ameaça da cólera, uma vez que a epidemia já
grassava violentamente na Província da Bahia.
“Em presença
do perigo eminente e da escassez e penúria dos chofres públicos, dado a
inexistência de polícia dos portos, falta de boticas e médicos, é que adotei
algumas providências para evitar a Cholera.”
Entre as
providências adotadas pelo Presidente Interino, José da Trindade Prado, diante
da gravidade da situação, identificamos: por em quarentena as embarcações
procedentes dos portos onde houvesse a epidemia. Como essa medida foi inofensiva,
pela completa inexistência de lazaretos onde se pudesse executar a decisão,
avançou-se para a total proibição de entrada de tais embarcações nos portos
sergipanos.
Essa medida
foi um desastre, não impediu a chegada da cólera, que acabou entrando pelas
fronteiras terrestres, e isolou Sergipe do resto do País. Como a maior parte
dos víveres vinham da Bahia, agravou-se a situação de fome que, associada à
Peste, tornaram as consequências insuportáveis.
Outra medida
foi a nomeação de uma comissão de três médicos, um para Estância, o Provedor de
Saúde, Dr. Joaquim José de Oliveira; outro para São Cristóvão, o Dr. Francisco
Sabino Coelho Sampaio; e um último para Aracaju, o Dr. José Antonio de Freitas
Júnior, que seriam responsáveis pelas medidas de prevenção.
Algumas
dessas medidas serão duramente criticadas e modificadas e outras tomadas pelo
1o Vice Presidente, João Gomes de Melo (Barão de Maruim), que ao retornar do
Rio de Janeiro, onde exercia o mandato de Deputado, logo assume o cargo
(25/09/1855) e enfrentará a dura epidemia.
O Barão, logo
percebendo a gravidade do fechamento dos portos, manda reabri-los imediatamente
(28/09/1855). Entretanto, a medida já tinha causado seus principais efeitos, e
Sergipe passará pelo inferno da Peste praticamente isolado do restante do País.
“O Cholera
Morbus —, esse mortífero flagelo mandado por Deus às nossas plagas para castigo
nosso e pouco a pouco aniquilar-nos, desde os meados de setembro deste ano,
manifestou-se nesta Província, espraiando¬-se com a velocidade de raio por
todas as suas Cidades, Vilas, Aldeias, Arraiais, e pelos mais insignificantes
lugarejos, e estradas, onde existiam habitadores.
Tantas
centenas de vidas preciosas ceifadas, tantas fortunas colossais aniquiladas,
tanta viuvez, tanta orfandade, tanta miséria! Oh! Por certo o que há de melhor
ante um quadro tão triste e lutuoso? Recuar, emudecer.”
O Barão de
maruim tentou enfrentar o mal mandando construir lazaretos, para abrigar os
pobres e indigentes atingidos pela Peste, ficando evidente a necessidade da
construção de hospitais de caridade, pois sua ausência é constantemente
lamentada.
Procura
nomear médicos para os locais mais importantes, mas encontra dificuldades dado
o seu pequeno número na Província. “Exausto os cofres, sem médicos, sem
medicamentos, sem autoridades enérgicas e, ao mesmo tempo, a epidemia
assolando”. Outra dificuldade foi o abandono dos cargos por parte das
autoridades, o pavor levava ao desespero, ao cada um por si, à fuga.
“Assim pois,
superando dificuldades e obstáculos, tratei com esmero de atender à população
fazendo seguir com a possível prontidão para os pontos onde o mal ia se
manifestando os médicos de que podia dispor na Província, autorizados a levarem
consigo os medicamentos que pudessem encontrar em nossas boticas, dando iguais
providências para os lugares em que o mal ainda não se havia desenvolvido,
determinando a fatura dos cemitérios, muitos dos quais eu mesmo contratei,
mandando estabelecer hospitais, onde se recolhesse os enfermos, para que, ao
passo que fossem melhormente tratados, não infeccionasse a parte sã da
população...
Tive por
tanto em tais condições de lançar mão de curandeiros para alguns pontos menos
populosos e que menos sustos inspiravam, a espera que me chegasse os socorros
de dinheiro, médicos, remédios e alimentos, que havia solicitado ao
Excelentíssimo Presidente da Bahia.”
Em 2 de
novembro, quando não existia mais nenhum tipo de medicamento na Província,
chega uma pequena ajuda de Pernambuco. Em 12 de novembro, chega
extraordinariamente ao porto o vapor Santa Cruz, como ajuda mandada pelo
Governo da Bahia.
Chegaram no
vapor uma caixa de medicamentos, os médicos Tristão Henrique Costa, João
Francisco de Almeida, e os acadêmicos Bemvenuto Pereira do Lago, João Ribeiro
Sanches, Manoel Antonio Marques de Farias, Manoel Nunes Affonso de Brito,
Leandro Carlos de Sá, Cândido do Prado Pinto e Manoel Francisco Teixeira.
Em 22 de
novembro chega ajuda da Junta Central de Higiene, medicamentos e mais dois
facultativos: o Dr. Tobias Ferreira Leite, sergipano residente no Rio de
Janeiro, que se apresenta para prestar socorro gratuitamente, e o Dr. Augusto
Francisconi, contratado por ordem do Ministro do Império.
Dos médicos
residentes em Sergipe, o Dr. Antonio da Silva Daltro foi nomeado para a vila de
Campos (atual Tobias Barreto); os Drs. Pedro Autran da Matta Albuquerque e
Manoel Antunes de Salles para a Vila de Lagarto; o Dr. Francisco Jacinto da
Silva Coelho para Riachão; os Drs. Francisco Alberto de Bragança e José Cândido
de Farias para a cidade de Laranjeiras e o acadêmico José Lourenço de
Magalhães para o distrito de Lagoa
Vermelha (atual Boquim).
“Em 24 de
outubro de 1855 a Cholera-Morbus ergueu-se em Laranjeiras com a mortalha em uma
mão e na outra empunhando a foice da morte, arrastando para eternidade mais de
quatro mil pessoas.”
Para a cidade
de Maruim, onde a epidemia grassava com grande intensidade, os Drs. João de
Carvalho Borges e Thomaz Diogo Leopoldo não aceitaram a nomeação, sendo o
Governo obrigado a transferir para Maruim o Dr. Valois Galvão, que havia sido
nomeado para Santo Amaro.
Em
substituição, seguiu para Santo Amaro o acadêmico José Ignácio de Barros
Pimentel. Para Porto das Redes, apesar de distrito de Santo Amaro, foi nomeado
o Dr. Galdino de Carvalho Andrade, pois a situação da epidemia ali era mais
mortífera.
A situação de
Rosário era também muito grave: dos dois médicos nomeados para aquela
localidade, um não aceitou, o Dr. João Ferreira da Silva Travassos; e o outro,
o Dr. Rosendo Constâncio de Souza Brito, que morava na cidade, fugiu.
“A epidemia
cada vez tornava-se mais assoladora. As autoridades abandonavam seus cargos o
povo espavorido emigrou com elas, deixando montões de cadáveres insepultos.”
A epidemia
atinge com muita força Divina Pastora, sendo nomeados os Drs. José Cupertino de
Oliveira Sampaio, que não aceitou, e Tobias Rebelo Leite.
O Dr.
Francisco Sabino Coelho de Sampaio, permanecia em São Cristóvão. Aqui ocorre um
fato interessante: o Hospital de Caridade existente na cidade se recusa a
receber os presos, com a alegação que eles eram coléricos, obrigando ao
delegado estabelecer uma enfermaria junto à cadeia.
Quando a
epidemia chega a Itaporanga, é nomeado o Dr. Pedro Romão Borges de Lemos para
aquela localidade. Na verdade, não era tarefa fácil conseguir médicos para
cobrir as várias regiões atingidas. De um lado porque o seu número era pequeno,
e de outro porque uma boa parte não aceitava a incumbência. Diante de uma
solicitação de médico para Nossa Senhora do Socorro, o Barão de Maruim
responde:
“Que me era
sumamente dolorosa semelhante notícia. Que mais ainda me afligia por não poder
acudir com médico, por quanto além dos poucos que existem, dentre estes mesmos
alguns se tem mostrado tão pusilânimes que ou se negam a socorrer a humanidade,
ou abandonam os lugares em que se acham.”
Em Aracaju,
capital recém instalada, atuam os Drs. Guilherme Pereira Rebelo, no serviço de
quarentena aos navios, e José Antônio de Freitas Júnior, no atendimento às
vítimas da epidemia. Por completa falta de local para abrigar os pacientes com
cólera, o Presidente da Província determina que o Dr. Rebelo adapte a casa
pertencente ao cidadão João Manoel de Souza Pinto, situada no Poxim, para
funcionamento de um Lazareto com capacidade para 40 leitos, que será
desativado, logo após a epidemia.
“A solução sensata
era fugir. Sabia-se que a medicina era impotente e que ‘um par de botas’
constituía o mais seguro dos remédios. Desde o século XIV a Sorbone aconselhara
aos que podiam que fugissem ‘logo, para longe e por longo tempo’.”
Em Itabaiana,
atuou o Dr. Manoel Simães de Mello, que pouco pôde fazer, uma vez que a
população daquele município, tendo em vista o abandono das autoridades, fugiu
para as matas e serras vizinhas, não se encontrando quase ninguém no centro da
vila.
O grave é que
a doença atacou nos grotões onde a população se escondia, ficando difícil até
contar o número de mortos. O Dr. Simães demorou pouco em Itabaiana, em parte
porque não tinha como se deslocar para pontos tão distantes e em parte porque a
doença atingiu sua família, que morava no Vasa Barris.
“Na
impossibilidade pois de estabelecer o Governo um meio de tratamento metódico
para aquele povo, que ainda repelia a ideia de se recolher à vila, que só conta
de autoridade o Pároco; e o Juiz de Paz, convidara o dito Dr. Tobias, que tão
generosamente já se havia prestado na vila de Divina Pastora, para mais uma vez
prestar a minha administração o valioso concurso de dirigir-se à sobredita vila
de Itabaiana...”
Na cidade de
Estância, uma das mais desenvolvidas da Província, atuavam os Drs. Constantino
José Gomes de Souza, encarregado do serviço da quarentena, Joaquim José de
Oliveira (Provedor de Saúde) e Antônio Ribeiro Lima no atendimento às vítimas.
Em Estância,
o Governo autoriza a abertura de um ou dois hospitais, conforme o número de
doentes; as despesas com os enterramentos; o estipêndio dos enfermeiros que os
facultativos julgassem necessários e o fornecimento dos medicamentos para os
doentes pobres.
Em apenas
quatro meses, a Peste tinha deixado um terrível rastro de sangue na Província.
Apesar, como está dito no relatório do Barão, de vários cadáveres terem sido
sepultados nos pastos dos engenhos, nos campos e estradas, em locais onde não
foi possível se ter informações.
Apesar de
várias localidades não prestarem nenhum tipo de informação, como foi o caso de Maruim
e Santa Rosa onde o número de vítimas foi muito grande, com todas as limitações
que possam ter uma informação estatística nessas condições, as autoridades
conseguiram registrar 15.122 óbitos, conforme distribuição por localidades,
apresentada na tabela da página seguinte.
“À vista de
tais razões apenas apresento a relação numérica de mortalidade de alguns pontos
da Província, assegurando que à relação se pode com segurança adicionar uma
quarta parte dos que tiveram sepultura fora dos cemitérios, em lugares em que a
inspeção dos Párocos, ou das autoridades policiais não poderão chegar.”
Relação
Oficial da Mortalidade causada pelo Cholera Morbus na Província de Sergipe,
desde meados de setembro de 1855 a janeiro de 1836:
Cidade de
Laranjeiras 3.500 óbitos; Vila de
Lagarto 1.374 óbitos; Vila de Socorro 1.306; óbitos; Vila de Propriá 1.246 óbitos; Vila de Capela 1.000 óbitos; Vila do Rosário 925 óbitos; Cidade de Estância 890 óbitos; Vila de Itaporanga 852 óbitos; Freguesia do Pé Branco 686 óbitos
; Vila de Simão Dias 506 óbitos; Vila
Nova do Rio São Francisco 491
óbitos; Vila de Itabaiana
338 óbitos; Freguesia da Pacatuba
311 óbitos; Cidade de São Cristóvão 300 óbitos; Missão da Japararuba 297 óbitos;
Vila de Santo Amaro 275 óbitos; Vila de Itabaianinha 201 óbitos; Capital do
Aracaju 142 óbitos; Vila de Santa Luzia 134 óbitos Vila do Espírito Santo 132
óbitos; Vila de Nossa Senhora dos Campos
89 óbitos; Freguesia do Campo do Brito
66 óbitos; Arraial dos Pintos 66
óbitos; Barra dos Coqueiros 46 óbitos; Vila
de Divina Pastora 20 óbitos; Distrito dos Enforcados 19 óbitos.
Fonte:
Relatório do Barão de Maruim (27/02/1856).
Através dos
diversos relatos, observa-se com clareza a gravidade com que a pandemia Cholera
Morbus cruzou o território de Sergipe em 1855. “Vestígios bem horríveis deixou
na Província o lúgubre quadro de devastação que com perigos de sangue,
desenvolveu-se o terrível flagelo do Ganges”. Não será exagero especular uma
mortandade superior a 30 mil pessoas, num pequeno espaço de tempo de
aproximadamente três meses.
“A Peste é,
sem dúvida, entre todas as calamidades desta vida, a mais cruel e verdadeiramente
a mais atroz. É com grande razão que é chamada por antonomásia de o mal. Pois
não há sobre a terra nenhum mal que seja comparável e semelhante à Peste.
Desde que se acende
num Reino ou numa República esse fogo violento e impetuoso, veem-se os
magistrados atordoados, as populações apavoradas, o governo político
desarticulado.
A justiça não
é mais obedecida; os ofícios param; as famílias perdem sua coerência e as ruas
sua animação. Tudo fica reduzido a uma extrema confusão. Tudo é ruína. Pois tudo
é atingido e revirado pelo peso e pela grandeza de uma calamidade tão horrível.
As pessoas,
sem distinção de estado ou de fortuna, afogam-se numa tristeza mortal.
Sofrendo, umas da doença, as outras do medo, são confrontadas a cada passo ou
com a morte ou com o perigo. Aqueles que ontem enterravam, hoje são enterrados
e, por vezes, por cima dos mortos que na véspera haviam posto na terna.”
O terror
inspirado por esse acontecimento, sem sombra de dúvidas, foi o principal
determinante para que nas duas décadas seguinte (1856/1870) o Estado esboçasse
algumas iniciativas no campo da higiene pública em Sergipe. “
A calamidade
que ocasionou a Cholera Morbus deve pôr-nos de sobreaviso para prevenir futuros
males”. É bem verdade que a maior parte das iniciativas e sugestões
apresentadas, como veremos a seguir, não passou de “boas intenções”, nunca
efetivadas. Entretanto, fica claro a relação entre essas medidas e o medo de
novas epidemias, como se observa nesse trecho do ofício circular mandado às
Câmaras municipais, pelo Presidente Salvador Correia de Sá e Benevides:
“Depois do
lúgubre quadro que testemunhou esta Província, ceifadas tantas vidas preciosas,
é dever imperioso do Governo, das autoridades, das corporações municipais, de
todos enfim, empregarem os maiores esforços, dedicarem-se completamente à
tarefa de prevenir uma nova calamidade, ou pelo menos remover toda e qualquer
causa que possa concorrer para o desenvolvimento e aumento das epidemias que
por sua vez, como a última, tem estragado os recursos do País.”
Logo após a
primeira epidemia de cólera (1856), o Presidente, Dr. Salvador Correia de Sá e
Benevides, toma importantes providências no campo da saúde pública: primeiro,
começa pedindo a exoneração do Provedor de Saúde, Dr. Joaquim José de Oliveira,
pois o fato do mesmo não residir na Capital, contribuía para a inexpressiva
atuação do mesmo. Como consolação, o Dr. Joaquim assume a Provedoria do Porto
(23/12/1856).
Em seguida,
solicita também aos Drs. Guilherme Pereira Rebello e Pedro Autran da Mota
Albuquerque (recém nomeado Provedor de Saúde), uma análise detalhada das
condições de salubridade de Aracaju. Em 29 de junho de 1856, os citados
higienistas apresentam o relatório de conclusão dos estudos, ainda fundado numa
visão miasmática da transmissão das doenças, mas bastante minucioso sobre
vários aspectos. Entre as principais observações destacamos:
“Os Estupores
tão frequentes no Aracaju, as moléstias catarrais, a facilidade com que os
hidrópicos ali se estabelecem, as frequentes supressões da transpiração
cutânea, que facilmente se convertem em febres intermitentes, tudo isso devido
ao meio que se respira ser constantemente saturado de miasmas dos pântanos...
A natureza do
terreno do Aracaju favorece singularmente o desenvolvimento das febres intermitentes
e de outras moléstias... Desnecessário é agitar a questão se as febres
intermitentes no Aracaju são devidas aos miasmas dos pântanos conduzidos dos
lugares fronteiros para o Aracaju pelas correntes dos ventos.
É muito
natural que os ventos leste, lesueste e nordeste acarretem sobre Aracaju
miasmas desprendidos dos pântanos e charcos, que ficam debaixo dos mesmos
ventos; mas independente d’esta circunstância existe no próprio Aracaju os
elementos necessários ao desenvolvimento das febres intermitentes.”
Após esse
relatório, o Governo apresenta um pequeno programa de saneamento ambiental para
Aracaju, onde o aterro e esgotamento dos pântanos e o fornecimento de água
potável, aparecem como problemas a serem enfrentados com urgência.
A remoção do matadouro
do centro da cidade, a proibição dos enterramentos nas igrejas e o
enfrentamento da questão das imundícies (lixo) dos centros urbanos. É
importante ressaltar a decisão de construir-se hospitais de caridade na
Província, como veremos mais adiante.
Na questão do
aterro, foi designado o Capitão Engenheiro Francisco Pereira da Silva para
executar os trabalhos, e iniciar as obras de aterramento da rua Aurora (rua da
frente) e de boa parte do centro da cidade. Essa ideia de sanear Aracaju
prossegue por todo o período Imperial, onde o problema da imundície das
cidades, principalmente de Aracaju, aparece em quase todos os diagnósticos.
No Governo de
José Pereira da Silva Morais (1867), as medidas continuam com mais detalhamento
e consistiam em: a) dessecação dos pântanos; b) asseio e limpeza da cidade; c)
esgotamento das águas estagnadas e d) melhoramento da água potável.
Antonio
Samarone.
Estive pesquisando sobre um bisavô materno que era sergipano e que fugiu com uma escrava que o criou mais os dois filhos dela,deixando tudo para trás,herança,engenhos queria entender,pois nunca mais voltou à Sergipe. Então pesquisei muito e a cólera foi algo terrível e li que Dr. José Cupertino de Oliveira Sampaio não aceitou a nomeação, (faltou coragem de muitos médicos) esse era avô de meu bisavô por parte de mãe.Meu bisavô levava o nome dele José Cupertino Botto. Sergipe tem uma história maravilhosa ainda hei de conhecer * Minha doce Maroím*, São Cristovão,os engenhos, Do Comendador Sebastião Gaspar Botto sei quase tudo, do Conteguiba. Seu texto historicamente perfeito. meu nome de solteira é Iara Botto da Fonseca
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