sexta-feira, 31 de outubro de 2025

VIVA SANTO ANTONIO

Viva Santo Antonio.
(por Antonio Samarone).

A comemoração dos 350 anos da Freguesia de Santo e Almas, reativou a minha memória. Foi nessa matriz que me batizei (1954) e fiz a primeira comunhão, aos sete anos.

Nessa igreja, apreendi o catecismo tridentino, com o padre Everaldo (Bode Cheiroso). Apreendi que o homem é composto de corpo e alma espiritual, que o pecado original se transmite a todos os seus descendentes e que o homem não pode salvar-se a si mesmo.

E mais, que a morte, o juízo final, o inferno e o paraíso, a ressurreição dos mortos e a vinda de Cristo, são verdades eternas, dogmas. Influenciado pelo iluminismo, acreditei na razão e achei que o homem se bastava.

Naveguei por outros mares.

Ontem, lembrei-me da igreja em minha infância, tribuna para os ricos, uma grade de madeira defronte ao altar principal, com dois degraus, onde eu gostava de me sentar, para sentir o cheiro do incenso de perto. Um belo teto de madeira com uma pintura, que não me lembro o nome do pintor. Parecia a Capela Sistina.

Nem tudo eram flores: nunca fui escolhido para o lava pé da semana santa, nem para sair de anjo em procissão.

Lembrei-me do cemitérinho, onde um certo Cônego namorava. Terminou casando e deixando a batina. Em 21 de outubro de 1939, chegou o padre Eraldo Barbosa, e ficou por 15 anos. Gostava da política, e apoiava apaixonadamente a UDN de Leandro Maciel e Euclides Paes Mendonça.

A igreja que conheci, o monsenhor Soares botou abaixo (1975). Inclusive, levou vários Santos para o Museu de Arte Sacra de São Cristóvão. Entre ele, o mais antigo, o único que restou da igreja velha. O “Nosso Senhor da Coluna Verde!”, que queremos de volta.

Só não mudou a devoção a Santo Antonio. O amigo Wagner mandou-me uma mensagem: “Impressionante! O pessoal da sua terra adora Santo Antonio. Era um português e morreu em Pádua, na Itália.”

Esse português, meu colega, chegou à Itabaiana no Período da União Ibérica, quando os holandeses tinham invadido o Nordeste. Santo Antonio participou pessoalmente dos combates, para expulsão dos holandeses. Os colonos precisavam de proteção.

Em Itabaiana, reza a lenda, que Santo Antonio interferiu abertamente na indicação da sede do Arraial. O Tabuleiro de Ayres da Rocha, foi uma escolha de Santo Antonio. Mesmo sendo um local árido, foi a preferência do Santo. O pé de quixabeira foi o seu abrigo.
A atual igreja, de pedra e cal, foi obra do padre Francisco da Silva Lobo. Ele substitui a anterior, de barro e óleo de baleia. Construída, no local da quixabeira.

No início do século XX, o itabaianense Manoel Garangau, construiu o famoso relógio da igreja, hoje parado. Estamos procurando quem saiba consertá-lo.

Tive uma excelente impressão do novo Vigário, Paulo Lima. De longe, já parece um Cônego, dos antigos. Em pouco tempo, dinamizou a centenária Irmandade das Almas (1665), realizou a procissão de São Miguel e mandou fazer uma valiosa peça heráldica, para a Irmandade. Vejam a foto.

A igreja católica está se tornando parceira da história cultural de Itabaiana. Aliás, as comemorações dos 350 anos, foi puxado por ela. A prefeitura chegou junto.

Ontem, na hora dos “VIVAS”, Dom Josafá pediu um “viva” para São Miguel. Uma novidade, o Arcanjo, mesmo sendo um dos fundadores de Itabaiana, andava esquecido.

Viva Santo Antonio. Viva!

Antonio Samarone – Secretário de Cultura de Itabaiana.
 

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