sábado, 11 de outubro de 2025
O CORDEL NA BIENAL DE ITABAIANA.
O Cordel na Bienal de Itabaiana.
(por Antonio Samarone)
De onde vem o Cordel? Vamos ouvir Câmara Cascudo:
“É descendente do Aedo da Grécia, do rapsodo ambulante dos Helenos, do Gleeman anglo-saxão, dos Moganis e metris árabes, do velálica da Índia, das runoias da Finlândia, dos bardos armoricanos, dos escaldos da Escandinávia, dos menestréis, trovadores, mestres-cantadores da Idade Média.”
A Bienal de Itabaiana vai homenagear João Firmino Cabral. A roda do cordel será coordenada por Aderaldo Luciano, paraibano, doutor em Ciência da Literatura, poeta, escritor e músico, trabalhando com a poética do nordeste brasileiro.
João Firmino Cabral é filho de Pedro Firmino Cabral e Cecília da Conceição. João Firmino nasceu no dia 1º de janeiro de 1940, em Itabaiana. Para sustentar a família, sua mãe se dedicava à vida roceira, enquanto seu pai, auxiliado pelo som do ganzá, cantava embolada nas feiras.
Aos 11 anos, em 1951, Cabral perdeu seu pai e, em 1954, mudou-se para a cidade de São Cristóvão. Aos 17 anos escreveu seu primeiro folheto - Uma profecia do Padre Cícero, com forte influência do poeta Manoel D'Almeida Filho, que viveu em Aracaju desde 1940.
João Firmino viveu exclusivamente da literatura de cordel, com uma banca fixa de folhetos cordelistas, na passarela das flores, no Mercado Antônio Franco. Lugar que também recebia outros poetas, estudantes, professores e turistas.
João Firmino é patrono da cadeira 23, da Academia Itabaianense de Letras, ocupada pela professora Neide Sobral e membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC), na cadeira 36.
A poesia de João Firmino recebeu influência do padre Felismino da Costa Fontes (1848-1919) – natural da Vila de Santo Antônio e Almas de Itabaiana, líder espiritual dos Caipiras, seita sergipana que pregava o fim do mundo.
“O ano de OITENTA E DOIS/ Traz um martírio profundo/ Sofre rico, sofre pobre/ Sofre sábio e vagabundo/ A crise é de derreter/ Aí começa se ver/ Os sinais do fim do mundo.” João Firmino.
João Firmino morreu em decorrência de problemas causados por leucemia, em 1º de fevereiro de 2013, em Aracaju.
Eu aprendi a ler nos cordéis do meu avô, Totonho de Bernadinho. Quando cheguei a escola, já lia de carreirinha. Não precisei soletrar.
“A leitura é um farol/ que clareia a consciência,/ ilumina a educação,/ desdobra a inteligência,/ abre os caminhos da vida/ para a porta da ciência.” João Firmino.
Antonio Samarone – Secretário de Cultura de Itabaiana.
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