O Padre Francisco da Silva Lobo
(por Antonio Samarone)
O grande terremoto de Lisboa de 1755, começou as 9:40 da manhã, do Dia de Todos os Santos, matando mais de 30 mil pessoas. Os jesuítas afirmaram que a tragédia foi uma punição divina pelos pecados de Portugal. Os jesuítas caíram em desgraça. Em 28 de junho de 1759, os jesuítas foram expulsos do Brasil, por ordem do Marques de Pombal.
Nesse tempo (1745) o padre Francisco da Silva Lobo, português de Coimbra, chegava à Itabaiana, acompanhado de muitos familiares. A família “Lobo”, em Itabaiana, descende do reverendo.
Suspeita-se que o alagoano Mário Jorge Lobo Zagallo, pertencia a essa família.
Pelos escritos deixados “Notícias sobre a Freguesia de Santo Antonio e Almas da Villa da Itabaiana", parece ser o padre Lobo, um clérigo de alta cultura.
Vale a pena transcrever um longo trecho, publicado no Portal Itnet, em 20/11/2010:
“Quando o novo padre assumiu as rédeas da Igreja, substituindo o pároco Antonio da Costa Cerqueira, que conduziu os destinos da freguesia durante os anos de 1741 a 1745, Itabaiana era uma vila com estrutura bastante precária: população exígua, dispersa na imensidão territorial da vila, a esmagadora maioria constituída de homens livres pobres e negros analfabetos.”
“Havia uma câmara e cadeia funcionando num mesmo prédio, um cartório, pequenas casas com telhas nos arredores da Igreja Matriz, etc. O quadro era, para os dias de hoje, desolador."
"A principal instituição era a Igreja Matriz. Havia também, restrita a fina flor da elite serrana, a Irmandade das Santas Almas do Fogo do Purgatório de Itabaiana, criada em 1665."
"Além de guia espiritual, os mais voluntariosos padres, nessa época, faziam os trabalhos de ensinar a ler e escrever os filhos das famílias mais abastardas e das pessoas que tinha maior apreço.”
“Educação era privilégio.”
“Cabe mencionar também a função de grandes "assistentes sociais" que desempenhavam. Eram eles, indubitavelmente, a principal autoridade dos monarcas portugueses para as populações interioranas."
"Os padres gozavam de muito prestígio social. Ser amigo de um padre era a maior sorte que uma pessoa poderia ter. O padre Francisco da Silva Lobo nos 23 anos que esteve em nossa cidade mostrou-se um sacerdote inteligente, entusiasta, progressista.”
Um resumo da contribuição do Padre Francisco da Silva Lobo, para a Villa de Santo Antonio e Almas de Itabaiana;
1- Criação de uma Orquestra Sacra, que se tornou a atual Filarmônica Nossa Senhora da Conceição (280 anos);
2- Escreveu um valioso texto sobre a história de Itabaiana (1757);
3- Reconstruiu a Igreja em pedra e cal (1764). A igreja de Santo Antonio depois foi reformada pelo Cônego Domingos de Melo Resende (segunda metade do Dezenove) e deformada pelo Monsenhor José Curvelo Soares (1967 – 1975).
Existe uma versão oral que a antiga e extinta fonte da Pedreira, foi resultado da retirada das pedras para construir a matriz de Santo Antonio. Faz sentido.
Em 1768, o padre Francisco da Silva Lobo deixou a Paróquia de Santo Antonio, não se sabendo se faleceu ou voltou para Portugal.
Quem for escrever a história da Igreja Católica em Itabaiana (atenção Richelieu), certamente incluirá dois capítulos: Francisco da Silva Lobo e Domingos de Melo Resende.
Antonio Samarone – Secretário de Cultura de Itabaiana.

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