Rua Florentino Menezes.
(por Antonio Samarone)
O célebre pesquisador Ibarê Dantas, acaba de lançar o seu décimo quarto livro. Os primeiros foram sobre a história de Sergipe, num viés acadêmico. Os quatro últimos foram ensaios. Dois sobre os “Leandros” Maciel (pai e filho), o terceiro sobre Marcelo Déda. Esse último, sobre Florentino Menezes. Imortalizado, por nomear uma rua importante, no Aracaju.
Eu gosto mais dos ensaios.
O professor Dantas esmiuçou muita coisa de Florentino, bebeu na fonte luminosa de Sebrão, sobrinho (com minúscula). Ibarê comentou os escritos de Florentino, suas palestras e as poucas polêmicas. Ia esquecendo, florentino foi membro fundador do Instituto Histórico.
No auge da Revolução de 1930, revolta tenentista, o Brasil em ebulição. Em Sergipe, uma parte dos homens letrados, florentino na vanguarda, discutiam freneticamente a criação de uma cidade veraneio, no topo da Serra de Itabaiana.
O movimento dividia-se em alas irreconciliáveis, quanto ao nome da nova Villa, no domo da Serra: Florentinópolis, para a maioria, ou Vila do Bom Jesus da Serra de Itabaiana, como queria o padre Moises, de Laranjeiras.
Não era um movimento de desocupados, reunia muita gente douta. Quase a mesma gente que ajudou a fundar o Instituto Histórico (1912). Em 1932, um grupo de 14 pessoas chegou ao topo da Serra, de automóvel. Chegaram a fundar um Centro de Propaganda da Serra de Itabaiana.
Senti que o ilustre professor Dantas, não tem simpatia pelos textos de Florentino. Já eu, gostei. O socialismo utópico que Florentino defendia, era o único que cabia em Sergipe. E olhe lá.
Eu gosto dos intelectuais quem metem o bedelho em tudo. Os especialistas geralmente são chatos.
A história de Florentino descambou para a tragédia. Por mais empenho e talento, ele terminou pobre e esquecido. No final, os seus textos eram publicados nos jornais de propaganda dos remédios Phos-Kola e Elixir de Marinheiro.
Florentino foi um bom poeta? Não sei avaliar, vou consultar Jozailto.
Florentino morreu em 1959. No final, ele escreveu uma utopia sobre a velhice. Conselhos de como combatê-la. Tudo ilusão!
Como canta o talentoso poeta João Brasileiro: “A causa mortis/ é só um detalhe/ é mera formalidade/ é uma desculpa esfarrapada/ não tem nada a ver/ não se iluda meu irmão/ se não for isso é aquilo/ o importante é morrer/ e viva a vida/ e morra em paz.”
Afinal, o que achei do ensaio do professor Ibarê? Quem sou eu, um humilde diletante, para avaliar a consistente obra do mestre. Mas, gostei! Li em duas sentadas, quase em um só fôlego.
As utopias não morrem. Vão e voltam...
Soube que a expansão imobiliária em Itabaiana, marcha firmemente em direção à Serra. Já chegaram aos pés, o próximo passo é subir. Aliás, muitos já subiram.
Florentino Menezes estava certo.
Antonio Samarone – Secretário de Cultura de Itabaiana.

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