As Pestes em Sergipe. (por Antonio Samarone)
(Varíola - Inicio do Século XX)
A situação sanitária no Estado de Sergipe, no começo do século XX, era dramática. A descrição realizada pelo Dr. Augusto Leite, em discurso durante os trabalhos Constituintes de 1934, é profundamente esclarecedora do quadro:
“Clínico, vezes sem conta, acudi a mulheres pobres, nas aflições de um parto distócico, quando já a feitiçaria esgotara todos os recursos e falharam as mais estrambóticas mezinhas. No casebre, tudo conspira de regra, contra a vida da parturiente e do nascituro.”
“Não alumia o quarto, uma réstia sequer de sol. O chão é úmido e mal batido, as paredes são enegrecidas de fuligem dos ‘pifós’ e dos tições, que fumegam a um passo da enxerga. Dir-se-ia uma ‘câmara escura’, dentro da qual, sol a pino, em pleno Nordeste, médicos trabalham, por vezes, à luz miserável de um candeeiro de querosene.”
“Nesse meio, entre pavores, a parteira é o maior pavor. Lá está o azeite rançoso para as mãos imundas, lá estão o trapo e o sarro de cachimbo com que se liga e pensa o cordão umbilical, e a infecção puerperal aí campeia livremente.”
Sergipe começou a República praticamente com os mesmos problemas sanitários herdados do Império. As epidemias continuavam grassando com desenvoltura e o poder público com as mesmas limitações, para um enfrentamento eficaz.
No final do século XIX, a bexiga (varíola) é o principal problema de saúde pública em Sergipe. As epidemias se sucediam. Em 1888, a varíola matou mais de 2 mil pessoas somente em Aracaju.
A partir de julho de 1895 e durante todo ano 1896, trazidos pelos passageiros do vapor “Santelmo”, ocorreu outra epidemia de varíola de elevada gravidade. As cidades mais atingidas foram Estância, Simão Dias, Aracaju, Riachão e Itaporanga.
Mensagem do Presidente do Estado, Manoel Oliveira Valadão à Assembleia Legislativa, publicada no Diário Oficial do Estado em 14/03/1896:
“Tendo se manifestado a epidemia de varíola em diversos pontos do Estado, nomeei comissões para se encarregarem do tratamento e isolamento dos pacientes, autorizando ao menos as despesas necessárias com os socorros dos indigentes acometidos do temível mal.”
Nada diferente do que acabou de fazer o governador Belivaldo, liberou cem reais para aos mais necessitados, enquanto durar a Peste do Covid – 19.
Em 1896, a violência das pestes em Sergipe atingiu até o centro do poder:
Em 22/03/1896, faleceu aos 33 anos de idade, atingida pela malária, a esposa do próprio Presidente do Estado, D. Joaquina Valadão. Uma equipe de sete médicos acompanhou o caso da defunta ilustre, sem sucesso.
A medicina engatinhava em Sergipe.
Antonio Samarone.
(Varíola - Inicio do Século XX)
A situação sanitária no Estado de Sergipe, no começo do século XX, era dramática. A descrição realizada pelo Dr. Augusto Leite, em discurso durante os trabalhos Constituintes de 1934, é profundamente esclarecedora do quadro:
“Clínico, vezes sem conta, acudi a mulheres pobres, nas aflições de um parto distócico, quando já a feitiçaria esgotara todos os recursos e falharam as mais estrambóticas mezinhas. No casebre, tudo conspira de regra, contra a vida da parturiente e do nascituro.”
“Não alumia o quarto, uma réstia sequer de sol. O chão é úmido e mal batido, as paredes são enegrecidas de fuligem dos ‘pifós’ e dos tições, que fumegam a um passo da enxerga. Dir-se-ia uma ‘câmara escura’, dentro da qual, sol a pino, em pleno Nordeste, médicos trabalham, por vezes, à luz miserável de um candeeiro de querosene.”
“Nesse meio, entre pavores, a parteira é o maior pavor. Lá está o azeite rançoso para as mãos imundas, lá estão o trapo e o sarro de cachimbo com que se liga e pensa o cordão umbilical, e a infecção puerperal aí campeia livremente.”
Sergipe começou a República praticamente com os mesmos problemas sanitários herdados do Império. As epidemias continuavam grassando com desenvoltura e o poder público com as mesmas limitações, para um enfrentamento eficaz.
No final do século XIX, a bexiga (varíola) é o principal problema de saúde pública em Sergipe. As epidemias se sucediam. Em 1888, a varíola matou mais de 2 mil pessoas somente em Aracaju.
A partir de julho de 1895 e durante todo ano 1896, trazidos pelos passageiros do vapor “Santelmo”, ocorreu outra epidemia de varíola de elevada gravidade. As cidades mais atingidas foram Estância, Simão Dias, Aracaju, Riachão e Itaporanga.
Mensagem do Presidente do Estado, Manoel Oliveira Valadão à Assembleia Legislativa, publicada no Diário Oficial do Estado em 14/03/1896:
“Tendo se manifestado a epidemia de varíola em diversos pontos do Estado, nomeei comissões para se encarregarem do tratamento e isolamento dos pacientes, autorizando ao menos as despesas necessárias com os socorros dos indigentes acometidos do temível mal.”
Nada diferente do que acabou de fazer o governador Belivaldo, liberou cem reais para aos mais necessitados, enquanto durar a Peste do Covid – 19.
Em 1896, a violência das pestes em Sergipe atingiu até o centro do poder:
Em 22/03/1896, faleceu aos 33 anos de idade, atingida pela malária, a esposa do próprio Presidente do Estado, D. Joaquina Valadão. Uma equipe de sete médicos acompanhou o caso da defunta ilustre, sem sucesso.
A medicina engatinhava em Sergipe.
Antonio Samarone.
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