As Pestes e os seus Significados. (por Antonio Samarone)
Segundo Fiori, “Os germes e as grandes epidemias têm vida própria, e reaparecem através da história com uma frequência cada vez maior, apesar de que o reaparecimento periódico não obedeça a nenhum tipo de regra ou de ciclo conhecido e previsível.”
A Covid – 19 é a primeira grande Peste do Século XXI.
Uma afirmativa que já virou clichê: o Mundo não será o mesmo após essa Pandemia. As Pestes sempre trazem grandes mudanças. Já ouvi uma afirmativa consistente, o Covid – 19 está pondo fim ao século XX.
Podemos comparar as grandes Pestes com as guerras?
Existem razões históricas para essa crença em grandes mudanças?
As Pragas do Egito desencadearam o Êxodo do Povo Hebreu, a Peste de Atenas (428 a.C.) ajudou a vitória de Esparta, na guerra do Peloponeso. A Peste de Justiniano consolidou a queda do Império Romano, a Peste Negra do século XIV levou ao fim da Idade Média e a Gripe Espanhola de 1918, nos trouxe o Nazifascismo.
“O historiador inglês da Universidade de Oxford, Mark Harrison, sustenta inclusive a tese de que foi a Peste Negra que provocou a centralização do poder dos estados e sua delimitação territorial, como forma de controlar e limitar o contágio, difundindo novas práticas higiênicas entre as populações que ainda viviam sob a servidão feudal.” José Luís Fiori
São teses defensáveis.
Quais serão as grandes mudanças no pós Covid – 19?
O médico homeopata Átalo Crispim de Souza fez uma reflexão interessante:
“Está pandemia parece propor uma mudança no modo de agir, ou seja, na ética. O que virá como reação e resistência ainda não sabemos, mas não será coisa boa, pelo menos no início. Esperemos que a reação não dure tanto como a da gripe.”
“A pandemia da gripe espanhola criou o fascismo, o nazismo, o franquismo como reação contra as mudanças propostas pela virose, a transformação total do modo de pensar da humanidade que somente se consolidou após a segunda guerra: Emancipação dos povos, direitos humanos, respeito às minorias etc. Apesar da precariedade destas conquistas havia, pelo menos, o discurso.”
Existe um consenso, ao final dessa Peste não haverá vencedores, todos perdem. Por isso é um equívoco querer tirar dividendos políticos do flagelo.
As disputas pelas narrativas, pela reconstrução do novo mundo serão posteriores. As transformações já em andamento serão aceleradas. Os enfrentamentos serão acirrados. Não existirá espaço para a covardia.
É obvio que a disputa pelo domínio do mundo entre os Impérios americano e chinês será intensificada. Acha-se que o Brasil está no eixo central dessa disputa. Quando nasce um Império outro morre. A tal revolução científica e tecnológica é parte decisiva dessa guerra.
“A disputa dos EUA com a China e a Rússia já colocou a luta pelo controle da Amazônia Sul-Americana dentro do mapa geopolítico e econômico da competição entre as grandes potências econômicas e militares do sistema mundial, e este parece ser um processo irreversível.” Fiori
Dessa vez o capitalismo está enfrentando um inimigo que usa as suas armas. O duelo principal é no campo econômico, mas a peleja é global. Da cultura a política, da religião a ciência, da filosofia a guerra. Na pós Pandemia o mundo será outro.
E o Brasil, como fica nisso? Essa é uma pergunta muito difícil... A derrocada econômica parece inevitável. Quais os caminhos imediatos para a superação? Como será a reação das massas frente a morte, a fome e a miséria. O neoliberalismo ofereceu R$ 600,00 por três meses.
E depois?
Antonio Samarone
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