A Proposta do Novo Ministro da Saúde.
(por Antonio Samarone)
(por Antonio Samarone)
O Ministro Nelson Teich publicou no último 03 de abril, a semana passada, em seu Linkedin: COVID -19: “Como conduzir o Sistema de Saúde e o Brasil.
Qual é a proposta central de Nelson Teich?
Nada de Isolamento Horizontal, esse nosso, que Belivaldo afrouxou. Onde só abre as atividades econômicas essenciais e quem puder fique em casa. Foi o caminho seguido pelos governadores até agora.
Nada de Isolamento Vertical, onde tudo funciona e segrega-se os velhos e os doentes com baixa imunidade. O que defende aquela gente da passeata de Curitiba.
Não, o Ministro está propondo o que ele chama de Isolamento Estratégico ou Inteligente. O doutor Nelson Teich é um “técnico”, apoiado pela Associação Médica Brasileira (AMB).
Vamos saber do que se trata. Segundo o novo Ministro:
“Testes em massa para a Covid -19 são necessários para o entendimento do comportamento da doença e para definir as melhores estratégias e ações. Se os dados preliminares estiverem corretos, 80% dos pacientes com a Covid -19 não apresentam sintomas ou são pouco sintomáticos.”
“Estamos falando aqui do uso de testes em massa para Covid-19 e de estratégias de rastreamento e monitorização, algo que poderia ser rapidamente feito com o auxílio das operadoras de telefonia celular.”
O Ministro quer fazer um isolamento personalizado.
O Ministro quer isolar somente os contaminados e os seus contatos. Segundo ele, seria um isolamento Inteligente, como foi feito na Correia do Sul.
Entenderam? Se saí fazendo exames em massa e, identificando-se contaminados, com ou sem sintomas, se determinaria o isolamento obrigatório dessas pessoas.
O doutor Nelson não fez as contas. Se 80% da população pode se contaminar, como ele afirma, só não estaria sujeito ao isolamento os 20% restante.
Semelhante a proposta do Dr. Simão Bacamarte, no conto “O Alienista”, de Machado de Assis, que internou toda a população de Itaguaí na Casa Verde.
É isso que o doutor Nelson Teich, apoiado pela AMB, está propondo.
O novo Ministro “técnico” não conhece o Brasil!
Como sair examinando obrigatoriamente todo mundo, principalmente quando as pessoas souberem que se testarem positivos serão isolados?
Imaginem o estigma sobre esses oficialmente contaminados. Na idade média, os leprosos andavam com um chocalho, para não pegar ninguém de surpresa.
Vai acontecer o que já acontece com os pacientes graves internados, onde ninguém pode visitar. O estigma vai se estender para todos os contaminados, no Isolamento Inteligente do Ministro Teich.
A Prefeitura inteligente pode realizar essa cruzada de exames em massa para identificar os isoláveis, pelo sistema Dreive Thru. Aracaju pode ainda aproveitar o Hospital da Campanha, no campo do Sergipe, para rastrear os contaminados sujeitos ao isolamento.
Onde essas pessoas contaminadas seriam isoladas? Como fazer o controle para que esse isolamento seja obedecido?
Tornozeleira eletrônica nos contaminados? Espalhar drones fazendo o reconhecimento facial e medindo a temperatura?
Tornozeleira eletrônica nos contaminados? Espalhar drones fazendo o reconhecimento facial e medindo a temperatura?
O Brasil ainda não possui o sistema de controle “personalizado” da China.
Na Saúde Pública, essa estratégia do Ministro Teich chama-se Modelo da Lepra. O problema é enfrentado afastando-se os contaminados da Sociedade. Com a Lepra era assim: saia-se examinando todo mundo, encontrando-se um contaminado, segregava-se no Leprosário. Ainda alcancei...
As primeiras consequências óbvias dessa bobagem ministerial: os prováveis contaminados sem sintomas evitariam os exames e os com a síndrome gripal leve evitariam procurar os serviços de saúde, com medo do isolamento obrigatório.
Independente da eficácia duvidosa, esse Isolamento Estratégico do Ministro Teich não tem a menor viabilidade no Brasil.
Espero que o novo Ministro esqueça o que escreveu a semana passada. O medo é que o Presidente Bolsonaro acredite nisso e queira colocar em prática.
Antonio Samarone.
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