quarta-feira, 30 de novembro de 2022

SERGIPE E A CANTIGA DA PERUA

 Sergipe e a cantiga da perua.
(Antonio Samarone)

Com a edição do AI-2 e do AI-3 (1966), a ditadura estabeleceu restrições ao STF, extinguiu os partidos políticos e tornou indiretas as eleições para governador e prefeito das capitais.

O último prefeito eleito de Aracaju foi Godofredo Diniz (1963) (foto).

Entre os prefeitos biônicos do Aracaju, surpreende a indicação de nomes fora da política: o economista Aloísio Campos (1968 – 71) e o médico Cleovansostenes Pereira de Aguiar (1971 – 74).

Em 1974, o governador José Rollemberg Leite vai longe, escolheu mais um técnico: o engenheiro civil recém formado, João Alves Filho, aos 30 anos. João Alves ainda era um desconhecido na política. Fez uma gestão que mudou a cara do Aracaju.

Em 1982, no restabelecimento das eleições diretas para Governador, ocorreu uma novidade política, fora das tradições de Sergipe. O Governador Augusto Franco, chefe político absoluto do estado, elegeria até um “poste” em sua sucessão, resolveu indicar o engenheiro João Alves como candidato, preterindo as peludas raposas políticas do PDS, antiga ARENA, seu grupo.

Augusto Franco, senhor de baraço e cutelo, escolheu um nome sem origem nos engenhos, negro, desconhecido, sem tradição familiar, para governar Sergipe.

Claro, teve eleições, mas naquele tempo o voto era em sua maioria encabrestado.

Naquela eleição de 1982, Augusto Franco teve mais votos para Deputado Federal que os candidatos a governador pela oposição somados, Gilvan Rocha (MDB) e Marcélio Bonfim (PT).

João Alves se elegeu e virou o maior líder político de Sergipe, no pós ditadura. Governou o estado por três vezes, a Prefeitura da capital por duas e chegou a Ministro.

Não tardou o rompimento de João Alves (PFL) com o PDS de Augusto Franco. No restabelecimento das eleições diretas para os Prefeitos das Capitais (1985), João se alia ao MDB de José Carlos Teixeira e Jackson Barreto.

Com essa aliança, José Carlos Teixeira virou o último prefeito biônico do Aracaju e Jackson Barreto o prefeito mais votado do Brasil.

Acho que o passagem de Augusto Franco pelo governo de Sergipe, precisa ser estudada. O último oligarca assumido, com cara e jeito de oligarca, mas que fez um governo acima dos últimos populistas que chefiaram o estado.

Ele ter escolhido João Alves em 1982, foi uma opção pela gestão e um freio na politicagem. Ou não? João Alves de administrador, logo virou político. O lema do seu primeiro governo foi “mãos à obra” e a prioridade o Projeto Chapéu de Couro.

Quem quiser saber os detalhes, a biografia de João Alves já foi escrita por Débora Pimentel, confreira da Academia de Medicina. Confesso que ainda não li.

Com a morte precoce de Marcelo Déda, Sergipe retomou a tradição do período populista (1945 – 64), o reino da politicagem.

Vamos aguardar a “nova geração” de Mitidieri.

Não começou bem. Soube por um Vereador influente, que o Prefeito do Aracaju está encontrando dificuldades na aprovação de um empréstimo do BRICs, necessário para o desenvolvimento da cidade. As dificuldades são picuinhas políticas e o grupo de Mitidieri é maioria na Câmara.

Sei que vão desmentir, que não é nada disso, etc. Mas onde há fumaça há fogo.

Sergipe precisa de gestões competentes.

Antonio Samarone (médico sanitarista)

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