domingo, 6 de novembro de 2022
A ENFERMAGFEM EM SERGIPE
A Enfermagem em Sergipe.
(por Antonio Samarone)
A medicina científica chegou a Sergipe pelas mãos de Augusto Leite, após a criação do Hospital de Cirurgia. Enfrentou dificuldades para encontrar um pessoal de enfermagem capacitado.
Desde o inicio do funcionamento do Hospital de Cirurgia (02/05/1926), uma das grandes preocupações do Doutor Augusto Leite foi na qualificação dos profissionais da Enfermagem. O que fazer? Naquele momento não existia ainda em Sergipe “Enfermeiras” (registered nurse), só o pessoal prático. Dr. Augusto optou pelo razoável naquelas circunstâncias, entregou o serviço às “Irmãs de Caridade”.
No século XIX, as Santas Casas de Misericórdia contratavam religiosas, as irmãs de caridade, para a direção dos serviços hospitalares e também para os serviços de enfermagem. Eram auxiliadas por enfermeiros leigos.
Não havia enfermeiros instruídos e habilitados em Sergipe, no início do século XX.
Florence Nightingale ("the Angel of the Crimea"), lançou as bases dos modernos serviços de enfermagem. Já em 1860, Florence fundará a Nithghtingale School for Nurses.
No Brasil, por ocasião da Guerra do Paraguai (1864-70), Ana Justina Ferreira Néri uma mulher nordestina, viúva, incorporou-se no exército brasileiro como enfermeira, para acompanhar os filhos.
Ana Néri é a patrona das enfermeiras brasileiras.
Os serviços de enfermagem do Hospital de Cirurgia foram entregues as “Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição”. Úrsula, Bernadina, Beralda, Theodata, Jolenta, Inocência, Amália e Clara foram de grande competência e operosidade. Essas religiosas alemãs, com o estimulo do Dr. Augusto Leite, criaram a primeira escola de auxiliares de enfermagem de Sergipe.
Catarina de Fischer (Irmã Jolenta), nasceu a 19 de abril de 1899 em Westfalen, na Alemanha. Filha de Elizabeth Fischer e Caspar Fischer. Em 1926 chegou ao Brasil, para morar em regime de internato no Hospital de Cirurgia. Aqui já se encontrava a Irmã Clara. Com a idade, passou a residir no Hospital São José, junto com as Irmãs Concepcionistas, irmandade a que pertenceu. Faleceu ao 90 anos, em 09 de julho de 1989, em Aracaju.
No Hospital Santa Isabel as Irmãs de Caridade também realizavam as funções de enfermeiras. Serafina Guinard (Irmã Santa Juliana), filha de Joan Batista Guinard e Melaine Lamberton Guinard, nasceu em Saint Roman, na França. Tornou-se freira em 25 de janeiro de 1873. Em 1904 veio para o Brasil, chegando em Sergipe 09 de janeiro de 1905, indo realizar seu trabalho religioso e de enfermagem no Hospital Santa Isabel, permanecendo até a sua morte em 02 de agosto de 1937.
A situação dos serviços de enfermagem em Sergipe, por volta da década de 1920, foi bem relatado pelo prático José Ribeiro do Bonfim, (“enfermeiro treinado por Augusto Leite), num livro de reminiscências:
“O enfermeiro de então era, além disso, também condutor de ambulância, cavador de sepulturas e sepultador dos cadáveres do hospital. Não havia trabalho que o enfermeiro não estivesse presente. Tinha que estar à frente das baldeações das enfermeiras (Irmãs de Caridade), ao lado da Irmã Joana que, trepada nuns tamancos, de hábito arregaçado e empunhando uma vassoura, esfregava um assoalho que não havia força humana que o fizesse alvejar”.
Entre as primeiras enfermeiras diplomadas atuando em Sergipe, destaco: Opelina Rollemberg, Acaciamaria da Conceição Oliveira, Valquíria Ferreira de Oliveira, Georgina Ferreira de Oliveira, Carmem de Aguiar Novaes, Maria Edna Silva, Maria Almira de Menezes e Gueisha Albuquerque Silva.
Antonio Samarone (médico sanitarista)
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