O descobrimento de Sergipe.
(Por Antonio Samarone)
Zarpou do Tejo, em maio de 1501, uma frota de caravelas para o reconhecimento da Terra de Vera Cruz, descobertas por Cabral. A expedição oficial de 1501, que descobriu Sergipe, foi comandada por Afonso Gonçalves. Os navios pertenciam ao Rei.
Américo Vespúcio embarcou nessa expedição como o cosmógrafo e cronista.
A expedição de 1501, pouco conhecida entre os historiadores sergipanos, explodiu no Velho Mundo, por conta da divulgação das cartas impressas pelo Florentino Américo Vespúcio – Mundus Novus e a Lettera. Na primeira (1503), dirigida a Lorenzo di Pier Francesco dei Medicis, ele descreveu a expedição de 1501.
A primeira carta de Américo Vespúcio, Mundus Novus, foi editada em Paris, no ano de 1503. A Terra imensa e a sua gente, descritas por Vespúcio, não eram outras senão o Brasil e as suas tribos nativas.
Américo Vespúcio deu nome a América, por suas cartas. Por que a homenagem não foi a Caminha, que escreveu antes? A carta de Caminha não teve repercussão à época, por só ter sido conhecida em 1817, por Ayres do Cazal. A carta ficou 300 anos perdida nos arquivos de Lisboa.
Ao longo da Costa brasileira, a expedição de 1501 efetuou inúmeras escalas, reconhecendo portos, cabos, baias, ilhas, montes e rios.
O que nos conta Américo Vespúcio sobre o descobrimento de Sergipe:
Navegaram dois meses e três dias sem ver terra, e a 7 de agosto de 1501, lançaram ancoras na costa brasileira. 64 dias da saída de Bezeguiche. Chegaram na Praia dos Marcos, no Rio Grande do Norte.
A Expedição de 1501 chegou ao Rio São Francisco (o Parapitinga dos índios) em 04 de outubro de 1501, por isso o nome. Estava descoberto Sergipe, por Américo Vespúcio. Acho que a data deveria ser festejada.
Como uma nova geração vai governar Sergipe a partir de janeiro de 2023, sugiro um monumento ao nosso descobridor Américo Vespúcio, onde acharem mais adequado.
Em Sergipe, a expedição de reconhecimento demorou 17 dias. A descoberta de Sergipe é anterior a da Baia de todos os Santos. A frota de Cabral, passou apenas 8 dias em Porto Seguro, zarpando para as Índias, em 1º de maio de 1500. Descobriram apenas a Ilha de Vera Cruz, da carta de Caminha. Não se conhecia o restante do Brasil.
A descrição que o São Francisco em sua foz avança mar adentro, está nas cartas de Vespúcio. Depois virou um verso famoso de Luiz Gonzaga: “Riacho do Navio corre para o Pajeú, o Rio Pajeú vai se bater no São Francisco, e o São Francisco vai bater no meio do mar.”
Só chegaram à Baia de Todos os Santos em 01 de novembro. Por isso o nome.
Entre o São Francisco e Pirambu, a expedição enfrentou a força das águas, e no sacolejo, os barris começaram a vazar, por isso a marujada denominou de enseada do Vaza Barris (Vaz’a baril).
A denominação estendeu-se ao Rio Irapiranga ou Rio da Canafistula, ou Rio Cássia, que desagua após o Rio Cotinguiba (atual Rio Sergipe), tornando-se o atual Rio Vaza Barris. Isso mesmo, o rio que nasce nas serras do Uauá, onde em suas margens, Antonio Conselheiro construiu Canudos.
Vespúcio relatou a descoberta do rio do Pereira, que deve ser o Codindiba (Cotinguiba), que se junta ao Rio Cerigi e desagua no oceano. Conta que avistaram a oito ou dez léguas uma montanha notável, denominada Serra de Santa Maria da Gracia, a famosa Serra de Itabaiana.
Os navios de Vespúcio saíram de Sergipe carregados de vagens medicinais da canafístulas, das proximidades da Ilha Mem de Sá, em Itaporanga, onde a planta ainda é abundante.
Em 21 de outubro de 1501, a expedição chegou na divisa com a Bahia e avistaram o Rio Real, que recebeu esse nome em homenagem a Dom Manuel. O Rei era o aniversariante no dia.
Na Baia de Todos os Santos a expedição chegou a 1º de novembro (por isso o nome) e permaneceu por 27 dias, onde puderam observar o modo de vida dos Tupinambás, que assenhoreavam aquela costa até o Rio São Francisco.
A expedição de 1501 efetuou escala em 42 lugares da costa brasileira, encerrando a viagem em fevereiro de 1502, na Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul.
Alguns historiadores estendem essa viagem até a Patagônia, atribuindo a Vespúcio o descobrimento do Uruguai, da Argentina e até das ilhas Malvinas.
Falta a Sergipe a autoestima para valorizar os fatos históricos que lhes engrandecem. Quem quiser saber mais detalhes dessa expedição e do descobrimento de Sergipe, o historiador alagoano Moacyr Soares Pereira, aprofunda os estudos em seu livro: “A navegação de 1501 ao Brasil e Américo Vespúcio.”
Antonio Samarone (médico sanitarista)
sábado, 5 de novembro de 2022
O DESCOBRIMENTO DE SERGIPE
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