sábado, 30 de maio de 2020

QUARENTENA SEM FIM


Quarentena sem Fim.
(por Antonio Samarone)
“Não ande nos bares/ Esqueça os amigos/ Não pare nas praças/ Não corra perigo/ Não fale do medo/ Que temos da vida/ Não ponha o dedo/ Na nossa ferida!” – Ivan Lins.
O isolamento já dura um século e a Peste não arreda! Esse distanciamento social promete se prolongar por muito tempo. Vai longe! Sairemos do confinamento mascarados, com medo de gente?
Seremos os eternos susceptíveis se escondendo do vírus? Quem já pegou e não morreu está livre, ficou imunizado. A gente não! A nossa liberdade, sem riscos, vai depender da vacina?
Os que perderam os seus, jogados numa cova rasa, sem velório e sem despedida, carregarão a marca desse sofrimento para o resto da vida. Continuarão com os olhos marejados.
A vida será mais dura após a Peste. As desigualdades sociais
aumentarão. O desemprego já está nas portas. A economia continuará excludente.
Soube que as empresas buscarão a automação máxima. As máquinas não adoecem, não se organizam e não fazem greve. O capitalismo financeiro não precisa de muita gente. Cada um vai ter que se virar sozinho, os empregos estão acabando.
Seremos “empreendedores”, exploraremos a nós mesmos. E quem não der certo, vai se culpar, se sentirá um fracassado. A reação não será a revolta contra a ordem social, mas a depressão, a droga e o suicídio.
No Brasil, as nuvens do autoritarismo estão escuras. Pode chover ditadores, grandes e pequenos.
A liberdade está encolhida, assustada com a violência. Quem falar em direitos humanos pode ser linchado. O termo saiu de moda.
Esse isolamento social, além de abrandar a curva da morte, para que o Poder Público pudesse comprar os respiradores, o isolamento foi um ensaio de controle social, um ensaio de vigilância.
Muitos prefeitinhos de aldeias assumiram ares imperiais, fizeram e desfizeram, mandaram e desmandaram. Muitos gostaram.
O Brasil se comoveu com a morte de George Floyd e se revoltou com o racismo americano.
A polícia de Witzel, em plena quarentena, eliminou nesse mês, no Rio de Janeiro, 167 negros. Entre eles o João Pedro, de 14 anos. Aqui não é racismo, nem genocídio, a imprensa noticia como “combate ao tráfico”. “O Haiti é aqui!”
Que sociedade queremos construir no pôs Pandemia?
Ou a gente descruza os braços e toma conta do que é nosso ou eles transformarão o Brasil num inferno. Eles quem? Acho que todo mundo sabe!
Antonio Samarone.

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