terça-feira, 12 de maio de 2020

A PANDEMIA E O SUS EM SERGIPE


A Pandemia e o SUS em Sergipe.
(por Antonio Samarone)
Os oitenta mil óbitos nos EUA, em decorrência da Pandemia, põem abaixo a suposta “excelência” do Sistema de Saúde Americano. A medicina de mercado, mesmo a mais cara do mundo, tem mostrado a sua fragilidade diante da Peste.
“Não tem vacina, nem tratamento, os recursos das UTIs, com os seus respiradores chineses, aliviam o sofrimento, esperando que o organismo enfrente sozinho o vírus, com os seus recursos naturais.”
O que esperamos dos Serviços de Saúde é que eles aliviem os sofrimentos. Em Sergipe, os serviços para atender a Pandemia estão sendo arrumados às pressas. Um voo no escuro.
Não está se cobrando milagres, mas um pouco de decência.
Em Sergipe a confusão é grande. As deficiências do SUS estão sendo expostas. Não existe uma regulação única, o estado e o município de Aracaju batem cabeça. Não existe protocolo único. As equipes de atendimento estão sendo montadas e treinadas de última hora.
O Estado obedece a um protocolo de atendimento e o Município de Aracaju a outro.
A semana passada uma paciente grave do Lamarão, febril, com dificuldade respiratória, ficou três horas dentro de uma ambulância, rodando pelas ruas de Aracaju, e a regulação não sabia para onde encaminhá-la.
Qualquer pessoa que adoeça e precise passar pela retaguarda, entra num funil. A rede pública só oferece duas portas de entrada: as precárias “UPAs” Fernando Franco e Nestor Piva.
Não existe um fluxo organizado entre as Unidades Básicas, UPAs e UTI, nem fluxo interno dos pacientes dentro das UPAs, elevando a contaminação dos profissionais.
O hospital da Campanha ainda está em construção. A promessa é inaugurá-lo no dia 15 de maio.
O protocolo do HUSE só recebe pacientes com Covid – 19 graves, confirmados, estabilizados, com exame de sangue e tomografia. Como os municípios não conseguem realizar com facilidade esses exames para confirmar, quem sofre são os pacientes.
Muita gente suspeita vai morrer antes do diagnóstico.
As testagens são muito baixas. Não existem testes suficientes nem para os profissionais que estão na linha de frente. Os gestores não conhecem o problema que estão enfrentando, não existem dados.
O Hospital da Campanha será tocada por equipes profissionais que estão sendo montadas e treinadas agora, às pressas. Muitos profissionais sem a experiencia do manejo clínico intensivista. Mas é o que temos.
De toda forma, vejo com esperança o funcionamento desse novo serviço. O que temos até agora é muito pouco. Com uma ressalva, o espaço interno do hospital da campanha é um ambiente respiratório único, com elevado risco de contaminação.
Esclarecendo, os espaços no hospital da Campanha são separados por divisórias sem cobertura, a área superior é comum até o teto. Isolar com cobertura apenas o repouso, a copa e o refeitório não são suficientes.
O Hospital da Campanha pode se transformar numa central de transmissão da Pandemia, se providências imediatas não forem tomadas, com o isolamento físico das áreas. É urgente a separação dos ambientes respiratórios.
A Tenda é mais adequada a eventos do que a hospitais.
Colocar um hospital com 152 leitos em funcionamento, às pressas, tudo improvisado, com a missão de atender uma Pandemia, é uma empreitada espinhosa.
Sugiro que o Poder Público pense na possibilidade de ampliar a oferta de leitos de UTI para pacientes graves, em hospitais já estruturados, ao invés de construir pequenas UTIs disseminadas. O Hospital da Campanha pode montar leitos de UTI, racionalizando a atuação das equipes de atendimento.
O que nos salva é a dedicação pessoal de vários profissionais, que acolhem e cuidam dos pacientes de forma humana e solidária, muitas vezes superando as deficiências estruturais e a desorganização do Poder Público.
Antonio Samarone.

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