domingo, 24 de maio de 2020

CUNHÃO RENDIDO


Cunhão Rendido. (por Antonio Samarone)
A incidência das hérnias inguinocrurais em Itabaiana era assombrosa. Quase a metade dos homens, a partir dos 40 anos, tinha o cunhão rendido. Não sei as causas. Hoje a incidência não passa de 5%.
No começo da noite, os homens se sentavam nas portas das casas, com as pernas abertas e estiradas. Calças folgadas e cuecões de algodãozinho, feitos em casa. Era a forma de aliviar o incomodo da quebradura e correr uma fresca nos culhões.  
O Pai de Zé Pindoba, meu vizinho no Beco Novo, era portador de uma antiga hérnia inguinal ou quebradura, um rendido da virilha. Usava uma funda, espécie de cinta de couro na virilha, para evitar que intestino delgado saísse pela abertura da hérnia.
O mal assombrado ficava meio defeituoso, nem podia pegar peso, nem fazer esforço. Mané Lombriga teve que abandonar a profissão de carroceiro, por causa de um cunhão rendido.
As tentativas de cirurgia eram infrutíferas, oitenta por cento recidivava. Quando a hérnia estrangulava, Dr. Pedro sabia que não adiantava prescrever calomelano, tintura de arnica ou extrato de ópio, o jeito era o cristão cair na faca, a cirurgia era inevitável. Atualmente se coloca uma prótese e, assunto encerrado.
Antonio Samarone.

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