A Cloroquina e a Gata da UDN.
(por Antonio Samarone)
(por Antonio Samarone)
O atual radicalismo político no Brasil, me lembra Itabaiana na década de 1950, cuja divisão política se dava entre UDN versus PSD.
O Dr. Florisval Oliveira, intelectual e farmacêutico ligado à UDN de Itabaiana, criava uma linda gata persa, que nunca havia engravidado. A gata era virgem. A gata andava de calcinha, para evitar imprevistos.
Certa feita, a gata fugiu. Foi um corre-corre. A gata no cio, cruzou com um gato de rua, desconhecido.
E agora?
Dr. Florisval ficou desesperado e foi apurar: de quem é aquele gato? Disseram-lhe: é o gato de Zeca do Vinagre. O Dr. Florisval caiu em depressão. Logo um gato pessedista (PSD)!
O mundo em Itabaiana era assim, dividido pela política.
Não quero entrar no mérito da Cloroquina ser ou não, indicada no tratamento da Covid – 19. Se possui ou não, eficácia cientificamente comprovada. Essa é outra discussão.
O meu enfoque é outro. A divisão política no Brasil está tão radicalizada, que até o uso de um medicamento passa pelo crivo político. O fato de a Cloroquina ter sido indicada por Bolsonaro, produz de imediato uma legião de críticos e outra de seguidores.
Claro, existe uma meia dúzia que, por outros meios, forma sua convicção sobre a cloroquina. Mas, a imensa maioria, aceita ou rejeita o medicamento pelo viés político. Um horror!
O Laboratório Químico Farmacêutico do Exército (LQFEx) turbinou sua capacidade de fabricação da cloroquina, mesmo antes da conclusão sobre a eficácia e os riscos da substância no tratamento do coronavírus.
No Brasil, o estudo com a cloroquina está sendo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e, até o momento, não é possível afirmar sua eficácia no tratamento dos infectados pelo novo coronavírus.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) já divulgou nota técnica, com orientações sobre o uso da cloroquina para tratamento da Covid – 19. “O medicamento deve ser administrado sob estrita supervisão médica em ensaios clínicos e por um tempo curto.”
Gente! Essa é a posição dos cientistas e pesquisadores da Fiocruz.
Por outro lado, um colega do Piauí, o médico Sabas Vieira, postou um vídeo jurando ter esvaziado a UTI do Hospital Regional Tibério Nunes, em Floriano, usando a Cloroquina. Foi o maior sucesso, a cura do coronavírus foi descoberta no interior do Piauí.
A Ministra Damares já foi visitar. Deus é grande!
O Presidente Bolsonaro decidiu incluir a cloroquina no protocolo do Ministério da Saúde, para o tratamento da Covid – 19. O Ministro Nelson Teich, tomou mais um susto e pediu demissão. Assim caminha a nossa Pindorama.
Não foi a primeira vez que uma substância caiu no gosto dos políticos.
O químico Gilberto Orivaldo Chierice, Professor aposentado do Instituto de Química da USP, em São Carlos, desenvolveu a fosfoetanolamina sintética, a chamada "pílula do câncer", no final dos anos 1980.
Foi um reboliço!
A ciência nunca encontrou a ação terapêutica da fosfoetanolamina. Mas a substância, criou fama e virou remédio assim mesmo. Terminou o Congresso Nacional aprovando a pílula do câncer.
A Lei nº 13.269, de 13 de abril de 2016, autorizou o uso da fosfoetanolamina sintética por pacientes diagnosticados com neoplasia maligna. Que se dane a ciência.
Diante do precedente, o Presidente Bolsonaro poderia publicar uma Medida Provisória assegurando a eficácia da cloroquina no tratamento da Covid – 19.
O protocolo da Prefeitura de Aracaju para o tratamento da Covid – 19, em pacientes hospitalizados, já inclui a hidroxicloroquina – 400 mg, e a cloroquina – 150 mg, associado a azitromicina.
Antonio Samarone.
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