quinta-feira, 11 de julho de 2024

NA SOMBRA DA JAQUEIRA


 Na Sombra da Jaqueira.
(Por Antonio Samarone)

Fico triste, com derrubada das Jaqueiras seculares de Sergipe, para se fazer mesas e tamboretes. Eu mesmo, tenho um pilão e meia dúzia de mesas de jaqueira. Já me arrependi, se pudesse, plantaria o pilão de volta.

Virou moda! A madeira é bonita, resistente, rústica, e tem um preço mais ou menos.

Como compensação ambiental pelo pilão, eu plantei e estou aguando três Jaqueiras.

Procurei saber se não existia lei, decreto, portaria, ou alguma resolução desses órgãos ambientais, que regulamentasse o corte indiscriminado das Jaqueiras. Me disseram que não.

A lei no Brasil protege quase todos os viventes: Gafanhoto, Lava cu, Caranguejo, Sapo Cururu, Pau Brasil, Sucupira, Catingueira e Jurema, tudo, menos as Jaqueiras.

Meu tio Homero, das Flechas, me ensinou que as jaqueiras precisam de solo de boa qualidade. Tenho isso como verdade, até hoje. Quando vejo uma jaqueira frondosa, carregada de jacas, sentencio: essa terra é boa.

Uma jaqueira secular, dessas da foto (uma raiz), vale um bom dinheiro. O dono do sítio não tem como resistir. Vende na hora. Não existe reflorestamento com jaqueiras. O que se derruba sem replantar, tende a extinção.

Nesse batido, em pouco tempo estaremos importando Jaca da China.

Um amigo de infância, hoje empresário no ramo de padaria, nos bons tempos, comia uma jaca das moles, em pé. Levantava uma perna, com o pé encostado na parede, apoiava a jaca na coxa e, em menos de 20 minutos, só restava um monte de caroços, a casca e o bagaço. O bago da jaca mole entrava por um lado da boca e o caroço era expelido pelo outro. Uma máquina de comer jaca.

Da jaca, tudo se aproveita, do caroço ao visgo. Existe uma lenda que as mesas de jaqueira aguentam sol e chuva, até maresia. É só lenda!

O título, “Na Sombra da Jaqueira”, foi uma lembrança do maior sucesso de Josa, o Vaqueiro do Sertão.

Quem tiver como e puder: vamos plantar novas jaqueiras!

Antonio Samarone. Médico sanitarista.

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