O Clássico...
(por Antonio Samarone)
Voltei a assistir o futebol nos estádios. Fui ao Batistão. Um futebol de chutões, balões e bola para a frente. Um passe certo, um drible, uma jogada de efeito são raridades. Em Sergipe, se pratica o pior futebol do Brasil. Está bom, um dos piores.
O futebol presencial é outro esporte. Na televisão parece vídeo game e tem replay. As dúvidas são tiradas: foi ou não impedimento? A TV acaba com a graça da dúvida, ou seja, reduz as emoções.
O futebol sergipano existe para justificar a existência da Federação, e da sua bem cevada burocracia.
Deixemos o jogo de lado. O campo de futebol é um espaço de rixas e confraternizações, onde emoções primárias são extravasadas. É uma guerra tribal sem mortos e com poucos feridos.
Refiz o contato com a minha aldeia, a minha gente e a minha cultura. Itabaiana é sustentada culturalmente por Santo Antonio, pelos caminhoneiros e pelo futebol.
A Associação Olímpica de Itabaiana é muito mais que um time, é o desaguadouro da identidade dos serranos.
Reencontrei muita gente, entre elas o velho Boi-dá (foto). Meia esquerda do Cantagalo. José Rinaldo da Silva, o seu nome de batismo, é filho de Seu Amintas e dona Angelita, os oligarcas do sal grosso.
Boi-dá (75 anos), mora hoje em Carira, contrariado com o esbulho que fizeram da sua herança, em Itabaiana. Uma história comprida.
O Seu Amintas era um homem rico. Uma família grande: Rivaldo (o famoso Uago), Dinho, Reginaldo, Cheiro, Rinalva, Renilde e Rita...
O antropólogo que quiser entender a civilização Itabaianense, estude a torcida do tricolor da serra: os seus cânticos, gritos, emoções, a fidelidade, os xingamentos (fio do canso) e o entendimento da peleja.
No futebol, o bairrismo dos ceboleiros é transbordante. Nas vitórias e nas derrotas, como diz o hino.
Em breve, voltarei aos campos de futebol.
Antonio Samarone. (médico sanitarista)
sexta-feira, 10 de março de 2023
O CLÁSSICO
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