domingo, 12 de julho de 2020

SALUS POPULI SUPREMA LEX



Salus Populi Suprema Lex.
(por Antonio Samarone)
A interdição das visitas hospitalares aos moribundos da Covid-19, e a proibição dos velórios e ritos funerários são heranças das Pestes medievais. Comportamentos atávicos.
Tomando-se os cuidados conhecidos, o risco de contágio é pequeno, bem menor do que em outras atividades de rotina permitidas.
A proibição sanitária dos sacramentos aos enfermos é uma violência desnecessária. A última confissão, o viático e a extrema unção, possibilitam a remissão dos pecados e a esperança da vida eterna. Isso é um direito dos católicos.
As Pestes tornam a morte mais próxima e intensificam a busca da salvação. A esperança do perdão das faltas, no último dia, e o conforto da visão beatífica do Criador após o Juízo final, não podem ser negados aos católicos, vítimas da Covid-19.
Claro, com todas as medidas de proteção ao clero, semelhantes aos profissionais de saúde, na linha de frente das UTIs.
Nos Annales Camaldulenses do cenóbio beneditino de Santa Maria degli Angeli, em Florença, consta que, por consequência da epidemia de 1348, faleceram três quartos dos monges.
Durante a Peste Negra, o confessor e o confessado eram levados juntos para o túmulo. Esse medo está presente na Peste de Covid-19.
A proibição dos velórios e ritos funerários durante a Peste Negra, decorria do completo desconhecimento humano sobre o flagelo. Enterrar os mortos era o caminho da própria sepultura.
“As pessoas temiam falar com os pestosos. Qualquer um que falasse com o enfermo ou tocasse nos mortos, imediatamente adoecia e morria. E assim espalhou-se o grande furor por toda a cidade de Pisa”.
Acreditava-se que a transmissão se dava “ex imaginatione”. E mesmo dentre os médicos havia quem acreditasse na contaminação pelo olhar. Essa crença subsiste veladamente.
O morto de covid-19, depois da limpeza das secreções, da assepsia, do envelopamento em sacos plásticos, de serem colocados em urnas lacradas, não podem mais ser vistos, nem velados, e o sepultamento deve ser imediato, sem despedidas!
Uma herança medieval!
Herdamos também a visão punitiva das Pestes. A grande Peste de 1348, foi um sinal do fim do mundo. A ideia mais difundida na época foi a de que a epidemia, um inegável triunfo da morte, havia sido causada pela corrupção moral dos homens e pela cólera divina.
A visão das Pestes como punição, remonta às Escrituras.
A passagem bíblica mais conhecida foi, a Liberação dos Judeus no Egito. Na qual, Yahweh punia o faraó e o povo egípcio por não se submeterem aos Seus comandos.
Previsões milenaristas foram resgatadas pela Peste Negra. Muitos acreditavam que a peste seria um prenúncio da chegada do Anticristo. Santo Agostinho, afirmava que “o fim do mundo seria anunciado por diversos desastres, naturais e sociais, o penúltimo dos quais seria a chegada do Anticristo”.
Ouvi que o anticristo já chegou, antes mesmo da covid-19. Não se sabe direito quem é, mas existem sinais. O anticristo é um negacionista, não reconhece as Pestes, conforme as escrituras.
Acredito que Parusia já chegou. Os eleitos serão apartados em definitivo dos condenados e poderão gozar da eternidade, ao lado da visão beatífica do Criador.
Essa divisão da sociedade é visível, porém os dois grupos acham que pertencem ao rebanho bom.
O fim do mundo volta a ser uma ameaça. Dessa vez a crença deixou de ser religiosa.
Os cientistas anunciam o fim do mundo pelo aquecimento global. Estamos destruindo o Planeta e os sinais são evidentes.
No Antropoceno, as atividades humanas começaram a ter um impacto global significativo no clima da Terra e no funcionamento dos seus ecossistemas.
A mensagem da Covid-19, é esse fim de mundo pelo aquecimento global. Impondo condições para uma nova normalidade.
O vírus é uma mensagem (RNA) negativa, protegida por uma camada proteica. Estou tentando decifrar esta mensagem.
Antonio Samarone. (médico sanitarista)

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