Antes da Vacina.
(por Antonio Samarone)
(por Antonio Samarone)
Independentemente do que aconteça na economia e na política no Pós Pandemia, alguns comportamentos pessoais serão alterados.
Existe uma certeza, o SARS-CoV-2, veio para ficar. A Peste está só começando.
A distanciamento físico e o uso de máscaras, farão parte da nova normalidade. Seremos frios mascarados. Não será fácil a adaptação. Marchamos para uma Sociedade das distâncias.
Somos animais sociais que uma pandemia forçou a existir fisicamente longe um do outro. Um sentimento avassalador de isolamento e vulnerabilidade segue.
No código genético do ser humano, a sua condição de animal social é escrita pelo fogo. Do grupo de primatas muito sociáveis, a nossa espécie é a campeã. O isolamento social é uma agressão a natureza humana, por isso a resistência.
A distância nos obriga a questionar quem somos e como queremos viver.
Passando o pico da fase epidêmica, a mortalidade será reduzida, mas o vírus continuará nos fustigando endemicamente. O vírus viverá entre nós. Os surtos serão frequentes. Não havendo os devidos cuidados, nada impede uma nova rodada comunitária.
Existem mais perguntas do que respostas sobre a covid-19. A doença está sendo estudada freneticamente, no mundo inteiro. O certo de hoje, pode ser desmentido amanhã. A ciência sempre descobre novos fatos.
Existem evidências que não alcançaremos a “imunidade de rebanho”. Estaremos susceptíveis a novos ciclos de transmissão.
Existem muitas dúvidas sobre a imunidade pós doença. Todos ficarão imunizados após a primeira infecção? Por quanto tempo? As pesquisas estão em andamento. Nada conclusivo.
Nós, humanos, baixaremos a guarda. O vírus, não!
A interação com as pessoas se tornou uma prática arriscada nesses tempos sombrios. Começamos a ver os outros como se fossem resíduos radioativos.
Quando atravessamos a rua, olhamos com desaprovação para os transeuntes com a máscara colocada erroneamente. Ficamos especulando, quem pode estar infectado em nosso condomínio, local de trabalho e grupos de amigos.
Cruzarmos com alguém sem máscaras, se tornou uma ameaça real ou imaginária.
A redução desse medo do desconhecido se faz com diálogo e informações. As estratégias para o urgente fim do isolamento social, mantendo as regras de higiene que nos proteja da Peste, precisam ser pactuadas entre nós.
O que precisamos é o isolamento dos infectados, transmissores da doença.
As mudanças necessárias para uma convivência social segura não serão imposta por decretos governamentais. As mudanças comportamentais não se farão por fiscalização policial, nem por multas. É um longo processo educativo.
Não adianta a polícia obrigar o uso de máscara, se a pessoa não sabe usá-las. A máscaras pode inclusive se tornar um veículo propagador. Um máscara contaminada durante o uso, descartada displicentemente, vira uma forma de transmissão.
Os novos hábitos higiênicos são antinaturais, precisam ser aprendidos. A alma humana quer abraços, afagos e aconchegos. A higiene prescreve distância. A máscara dificulta a fala e a respiração, encobre a face, esconde o sorriso. A máscara acentua o distanciamento.
Precisamos humanizar os distanciamentos físicos, impostos pela higiene.
Sendo otimistas, nos livraremos desse coronavírus até a segunda metade de 2021, quando talvez a ciência obtenha uma vacina eficaz em larga escala. Aguardamos uma vacina contra a AIDS até hoje.
Não vamos esperar a vacina de braços cruzados, isolados socialmente, como quer os governos. As sequelas desse grande confinamento precisam ser atenuadas.
A outra opção é perder o medo da doença e se jogar nos braços da Peste. É um caminho pavimentado por muitas mortes. Infelizmente, muita gente está embarcando nessa nau do sofrimento, por desconhecimento da gravidade do problema.
O debate precisa ser aberto!
Antonio Samarone. (médico sanitarista)
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