Rezei por Dom Henrique.
(por Antonio Samarone)
(por Antonio Samarone)
Fiquei abalado com a notícia do internamento, por covid-19, de Dom Henrique Soares, Bispo de Palmares, na UTI do Hospital Memorial São José, em Recife.
Pensei, vou rezar por ele. Mas bateu uma dúvida: eu, um cristão novo, relapso, rezar por um Bispo, não é uma pretensão descabida?
Lembrei-me de uma cena onde o Papa João Paulo II, já debilitado pela doença, abraçou um velhinha naquela peregrinação na Praça do Vaticano, encostou no rosto dela e pediu: “reze por mim.”
Aquela imagem ficou gravada. Eu esperava que o Papa dissesse, vou rezar pela senhora, e ele, no alto de sua humildade, inverteu, e pediu reza. Criei coragem, se aquela senhora pode rezar pelo Papa, Eu também posso rezar por Dom Henrique. E rezei!
Os mistérios da vida são insondáveis.
Conheci D. Henrique em sua passagem por Aracaju. Um prelado culto, inteligente, profundamente conservador. Eu estava na SMTT, na utópica missão de fazer cumprir o código de trânsito. É claro que não consegui.
Uma das tarefas, era reduzir o número de acidentes de trânsito em Aracaju. A gente repercutia todos os acidentes, divulgava, chamava a atenção, tentando sensibilizar a sociedade. Certa feita, chegamos a 30 dias sem nenhuma morte no trânsito.
Procurei Dom Henrique para celebrarmos uma missa de ação de graças na Catedral. Ele não só concordou, como se envolveu na luta pela prevenção de acidentes. Passamos então, a visitar as vítimas de acidentes, na urgência do Hospital João Alves.
Um registro da alma sergipana. Antes do início da missa, um repórter entrou esbaforido na Catedral, gravador em punho, ar de contentamento, e me provocou: “acaba de morrer uma criança atropelada no Siqueira Campos, não completou os 30 dias”. Respirei fundo, me deu vontade...
Passei a admirar Dom Henrique. Um homem que não transige em sua fé, não adere a modismos, convicto em seus princípios. Soube que já está bem melhor. Não sei se a minha reza ajudou.
Deus nos proteja da Peste.
Antonio Samarone (médico sanitarista)
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