quinta-feira, 27 de junho de 2024

O TINHOSO


 O Tinhoso...
(por Antonio Samarone)

“Agarra-te ao que ainda te sobrou.” O Fausto de Goethe.
Se alguém duvida da existência de Deus, sobre o Satanás, não existem dúvidas. A polêmica é sobre a sua natureza.

Nicanor vendeu a sua alma, com recibo passado em cartório. No início foi uma festa, tudo dava certo.

Muitos contratos antigos estão sendo descumpridos. Com a velhice, o Satanás deixa de cumprir o acordado. Funciona como os Planos de Saúde. O segurado que se vire. A quem recorrer, perguntou Nicanor.

Antes, a demanda era limitada. Muitos desejavam o pacto, mas o medo do fogo eterno, botava um freio. Hoje o demônio está selecionando. Quem não quer qualquer alma é o chifrudo.

Com o fim do inferno, perdeu-se o medo. Muitos, fazem o pacto, e só cumpre o que interessa. O Diabo não é tão feio quanto se pinta, já está usando até a inteligência artificial generativa.

O Satanás é o pai da mentira, portanto, entrou em moda, é o avô das fakes News.

Ninguém voltava do inferno! Hoje, já se transmite ao vivo, de lá;
A Inscrição na Porta do Inferno é coisa do passado: “Lasciate ogni speranza o voi ch'entrate” (Vós que entrais, deixai aqui, toda a esperança.) Agora, entra-se e sai, basta ter a senha.

O inferno existia para os ímpios, que seriam castigados com a danação, o fogo eterno! Cérbero, o cão com múltiplas cabeças, que tomava conta das portas do inferno, era dócil com os que entravam e feroz com os que tentavam sair.

Hoje, não existe pecado, do lado de baixo do equador.
A barca de Caronte está encalhada.

O catecismo do Concílio de Trento ensinava que o quinto dos infernos estava no centro da terra. São trevas e calor. A ciência contesta: o fogo eterno não é quente, o inferno é o cosmo infinito, são frios e trevosos.

Se não bastasse o inferno, existia o purgatório e o limbo. Parece que só o limbo era frio.

Virgílio, canta na Eneida: “Logo se ouve ao limiar vagido e choro/ Tenros ais dos que ao seio em que mamavam/ Arrebatou, privou do doce alento/ imergiu dia infausto em luto acerbo.”

Perdemos o temor de Deus. Ficou antigo! Se não existe o juízo final, tudo é permitido.

Deus é amor!

Antonio Samarone. Médico sanitarista.

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