domingo, 9 de junho de 2024

GENTE SERGIPANA - DR. JOÃO, DE CAMPO DO BRITO.


 Gente Sergipana – Dr. João, do Campo do Brito.
(por Antônio Samarone).

A principal função da memória é esquecer.

Resolvi falar dos dentistas de Itabaiana e comecei por Zequinha Babão. Só lembrei dos dois Zequinhas: o branco e o preto. Logo, me ligaram: e o dentista Josias Bittencourt? Um feioso, magro, narigudo, mas cheio de iniciativas e encrencas. Foi quem montou a primeira rádio em Itabaiana. Baldochi me confirmou, porém, eu ainda não lembrei.

Um doutor de anel e canudo me questionou: você encheu a bola de um charlatão. Primeiro, Zequinha não era Charlatão, ele nunca disse que era formado. Charlatão é quem passa pelo que não é...

Ia esquecendo, o pai da cirurgia é um cirurgião barbeiro: o francês Ambroise Paré!

A falha maior foi não ter lembrado do Dr. João, dentista do Campo do Brito, que as quartas e sábados, mantinha um consultório odontológico em Itabaiana. João era um prático diferenciado, melhorou a qualidade do atendimento em Itabaiana. Esse, eu lembro-me bem!

O consultório do Dr. João era organizado, moderno, vistoso, ficava no segundo trecho da Praça de Santa Cruz. Logo, formou uma clientela de gente rica e remediada.

João Batista Neto, nasceu em Campo do Brito, em 23 de junho de 1931. Filho de Seu Arnóbio e Dona Josefa. Aprendeu a odontologia com a vida.

Dr. João escolheu uma Itabaianense com esposa: Dona Maria Bernadete é filha de Chico Volta, que chegou a Prefeito de Itabaiana em 1935, por 4 meses. A família dos “Voltas”, é parte da nobreza itabaianense. O casal levou ao mundo sete filhos: George, Geodete, Washington Luiz, Kleber, Jussara, Francisco Neto e Arnóbio.

O Dr. João do Brito, como era conhecido, ficou famoso em Itabaiana, pela qualidade profissional. Foi um excelente dentista.

Sem nunca ter morado em Itabaiana, João fui muito bem aceito. Eu sei, o fato de ter casado com uma “Volta” ajudou, mas foi sobretudo a sua competência profissional.

Dentistas formados em Itabaiana, os primeiros foram os doutores Eduardo Porto, Wellington, José Valde de Vadiice e Tarcísio de Maria Branquinha. Esqueci de quem?

João Batista exerceu a profissão até os 48 anos, quando ocorreu uma mudança definitiva. A proibição do exercício da odontologia, pelos práticos. Os odontólogos recém formados na faculdade de odontologia da UFS, iniciou uma pressão legitima, para impedir a atuação dos Práticos.

A lei 5.081, que proibiu o exercício dos dentistas práticos, é de 1966. É a mesma que criou o Conselho de Odontologia. A lei demorou a ser fiscalizada. Em Sergipe, o fato foi consumado durante a passagem de um dentista, Dr. João Garcez, pelo Governo do Estado.

O dentista João Batista, precisou mudar de vida. Comprou um terreno na Desembargador Maynard e construiu o conhecido Posto Aperipê, em Aracaju. Foi dono de caminhão e fazendeiro. João Batista levou uma vida lotada de realizações.

João Batista Neto, faleceu em 1996, aos 65 anos.

Antonio Samarone – médico sanitarista.

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