quarta-feira, 10 de maio de 2023
O THEATRON EM SERGIPE
O Theatron em Sergipe.
(por Antonio Samarone)
Li no Facebook, que o professor de história do teatro em Sergipe, da UFS, Carlos Mascarenhas, convidou Lindolfo Amaral para uma roda de conversa. Eita, será se eu posso ir escutar essa conversa?
Lindolfo Amaral pertence a uma meia dúzia de intelectuais que estuda a cultura em profundidade, e sabe muito sobre Sergipe.
Tirado a enxerido, meti o bedelho: vejam se não esquecem do teatro em Itabaiana! Lindolfo riu.
O teatro começou na Grécia antiga e chegou no Brasil pelas mãos dos Jesuítas. José de Anchieta foi o primeiro.
Em Itabaiana, o teatro de catequese existe desde tempos imemoriais. Hoje, a Paixão de Cristo é encenada na Semana Santa em três povoados.
Eu só sabia isso.
Liguei para José Augusto Machado, pesquisador da história cultural de Itabaiana, pedindo socorro. Ele foi generoso.
Na década de 1940, no cinema de Zeca Mesquita, José Amâncio Bezerra (Zé Bezerra) e suas irmãs, Maria Leite Bezerra (Didi) e Iracema, montaram várias peças em Itabaiana. Se sabe por ouvir dizer, pela história oral.
Zé Bezerra foi seminarista e depois aluno de Procópio Ferreira. Não era gente atoa. Zé Bezerra foi maior artista de teatro e circo (mágico, ator, ilusionista) de Itabaiana. É patrono de uma cadeira na Academia Itabaiana de Letras, que é ocupada por Antonia Amorosa.
Zé Bezerra é filho de Tibério Bezerra (sobrinho de Guilhermino Bezerra, que empresta o nome ao grupo escolar), e de Dona Antonieta, (sobrinha de Zezé da Lagoa, que levou o cinema mudo para Itabaiana, em 1913). Esse cinema funcionou onde hoje é a casa do ex-deputado Chico de Miguel.
Dona Antonieta tinha uma pensão, onde foi a sede do Itabaiana e depois a casa de Padre Arthur.
Zé Bezerra era casado com Dona Lourdes de João Giba, irmã de Valdeci, mãe de Zé Valde dentista.
Em 1957, Zé Bezerra criou o circo “Palácio de Lona Verde”. Em 1960, o casal de palhaços Brocoió e Quita, criminosamente, tocaram fogo nesse circo. Zé Bezerra adquiriu o circo de Heleno Cotó, em Ilha das Flores.
Ele montou uma nova e bem-sucedida companhia, o Circo Teatro José Bezerra. Além das atrações de palco e picadeiro, tinha um drama, na segunda parte do espetáculo. O teatro chamava-se drama.
Entre as peças que eu assisti: Coração Materno, a Louca do Jardim, o Céu Uniu dois Corações e As Mãos de Eurídice.
Entre as atrações do circo, lembro-me de Zé Bezerra como o mágico, Iracema rumbeara, Iranildo malabarista e Marieta Filde (portuguesa) cantora. Esse circo foi inaugurado em Aquidabã. A sua primeira apresentação em Itabaiana foi em 1963.
O circo fez uma temporada em Aracaju de seis meses, tal o sucesso. Nessa época, o Governador Seixas Dória convidou Zé Bezerra para ser o diretor de Cultura do seu Governo. Claro, ele não aceitou. Era um homem de circo, um menestrel andarilho.
Os caprichos da história: setenta anos depois, o mesmo cargo está ocupado por Antonia Amorosa, outro grande talento de Itabaiana. Amorosa é imortal da Academia de Letras de Itabaiana, na cadeira de Zé Bezerra.
Em 18 de novembro de 1967, Zé Bezerra foi covardemente assassinado na cidade de Queimadas, na Bahia e lá foi sepultado. O circo dele acabou!
Adailton, o Prefeito de Itabaiana, decidiu: Itabaiana vai resgatar o seu corpo e prestar-lhes as homenagens devidas, em Itabaiana.
Viva Zé Bezerra!
Antonio Samarone (médico sanitarista)
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