Esmola Grande...
(por Antonio Samarone)
Mané Trapaça começou do zero. Sempre foi girento. Fez de tudo: vendeu loteria, garrafa, ferro velho, cantou em circo, e foi tocando a vida por conta própria.
Essa conversa de empreendedorismo é jornal velho para Mané.
Recentemente botou um Mercadinho Itabaiana, na grande Aracaju. Deu tudo certo para Mané Trapaça, acaba de comprar uma Ranger 2023, à vista.
A surpresa foi ele ter se tornado um filantropo. Passou a dar peixe na semana santa, cesta básica aos asilos e ajudar as igrejas nas obras de caridade.
O povo é gato escaldado, e começou a fofocar: Hum! Mané Trapaça está querendo se meter em política. Só pode...
Ele nega de joelho! Nada disso, estou apenas retribuindo o que Deus me deu.
Ontem, passando em sua porta, tinha uma multidão de mais de trezentas pessoas. Ele anunciou que iria distribuir dentaduras. O povo banguela foi em massa.
As dentaduras todas limpas e brilhando. Dentro de 10 cestos grandes, duas mil dentaduras. Vários espelhos e baldes com água, para enxaguar as dentaduras provadas.
Cada banguela ia provando, até encontrar a que coubesse em sua boca. Achou, levou. Era um presente desinteressado de Mané Trapaça.
Um engraçadinho, com inveja, berrou alto: Mané, onde você comprou essa ruma de dentadura? Mané não se avexou: ganhei! Ganhou de quem? Insistiu o invejoso. Ganhei de Peixoto da funerária. Ele só enterra os cadáveres sem as dentaduras.
O quê?! Bradou o povo na fila, essas dentaduras são dos mortos? São, reafirmou Mané Trapaça. E qual é o problema, qual é a diferença? Na verdade, Mané está certo, diferença nenhuma.
A revolta foi geral, gritos, quebra-quebra, quiseram linchar Mané Trapaça. Ele escapou pulando a cerca, e saindo em disparada.
Uma coisa é certa, se as segundas intenções dele era entrar na política. Pode desistir.
Antonio Samarone. (médico sanitarista)
quarta-feira, 10 de maio de 2023
ESMOLA GRANDE
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