quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

UM SACO SEM FUNDO



Um Saco sem fundo.
(por Antonio Samarone)

Depois de muito tempo, fui hoje dar uma voltinha na Praia do Saco.

A Praia mais bonita de Sergipe está abandonada. Uma desolação absoluta. No pico do verão, semana de Natal, e nenhum banhista. Bares vazios, ruas desertas e casas fechadas.

Cadê os turistas?

A rodovia apinhada de carros de fora, turistas sedentos por novidades, mas ninguém entra no Saco, passam direto rumo a Bahia. A Praia do Saco está condenada.

A Praia do Saco foi evacuada, como se tivesse ocorrido um vazamento nuclear. É a nossa Chernobyl.

A centenária casa de Pedro Marcelo está distiorada. Era uma referência da tradicional família estanciana.

Até a lanchonete de Raimunda, que nunca fechou, estava fechada. Não encontrei Velo, nem Seu Zequinha, nem Pampão, nem Dido. Cadê o Povo do Saco?

O Saco acabou! A linda Praia da Ponta do Saco do Rio Real foi riscada do mapa.

O final de ano na Praia do Saco era uma festa. Tenho saudades das caminhadas até a ponta do Saco, para ver o por sol e mergulhar no rio quente.

A bela praia do Saco continua com as areias brancas e águas esverdeadas. A Croa cresceu. A brisa permanece tangendo as dunas. Por que desprezaram o Saco?

No outro lado do Rio Real é o Mangue Seco, na Bahia. O Governo de lá fez uma Orla, urbanizou, estimulou as pousadas. O turismo explodindo. Os hotéis em Aracaju mandam os seus hospedes para o Mangue Seco.

Um amigo chegou da Praia de Pipa, no Rio Grande do Norte, e me contou maravilhas. O negócio do turismo fervilhando, gerando empregos, movimentando a economia. As reservas de pousadas e hotéis só com muita antecedência. Tudo lotado.

Em Sergipe, enterraram uma caveira de burro, as coisas não andam.
Antonio Samarone. (médico sanitarista).


 

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