sexta-feira, 22 de março de 2019

De erroribus medicorum...


“De erroribus medicorum” (por Antônio Samarone)

Hoje os exames de imagens (fundo da caverna de Platão), hegemonizaram a semiologia médica. Cada época com as suas preferências. O objeto da medicina é o doente, o homem e o seu sofrimento. Abandonou-se o doente, e objeto virou a doença. Das doenças avançou-se para as representações visuais (imagens) das doenças. Por fim, a imagem ganhou autonomia e tornou-se o objeto da medicina.

Quem não entendeu direito a referência a “alegoria da caverna”, tá lá, na República de Platão. Mais simples, vai no Youtube ou no Google.

Na Idade Média era a uroscopia, ou exame da urina, o grande recurso da medicina. O exame de urina foi o primeiro exame laboratorial, usado pela medicina. Observações básicas como cor, turbidez, odor, volume, viscosidade, e até mesmo doçura eram decisivos para o diagnóstico.

Hipócrates escreveu um livro sobre "uroscopia”. Na Idade Média, uma tabela de cores foi desenvolvida, que descrevia o significado de 20 cores diferentes de urina. A semiologia médica era reduzida ao exame de urina (e ao exame do pulso). Um bom diagnóstico prescindia da presença do doente, bastava um recipiente com a urina.

Dirão os crédulos: as imagens mostram mais do que a urina... A imagem fala por si, é objetiva, afasta-se da subjetividade e das queixas dos doentes... Será?

Antônio Samarone.

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