terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

O JEGUE DE DAMIÃO

 O Jegue de Damião!
(por Antonio Samarone)

Eu perdoava a sergipana Ritinha.

Ritinha se meteu nisso para agradar ao irmão, um empresário metido a intelectual. Começou indo às passeatas dos amarelos. Ia pela agitação. Mesmo sem entender as razões, virou patriota.

Quando formaram o acampamento na frente do 28 BC, Ritinha se mudou de mala e cuia. A sua barraca era das mais frequentadas. Cantou hinos militares, bateu continência, gravou vídeos e fez selfies.

Passou a temer o comunismo, que estava chegando no Brasil.

Ia esquecendo, Ritinha tinha feito uma escultura tosca do Mito e enviado de presente. Recebeu do planalto um telegrama monossilábico: obrigado!

À época, Ritinha viralizou nas redes sociais, virou o orgulho dos patriotas sergipanos. Uma foto da escultura e uma cópia do telegrama chegou a circular nas redes.

Quando foi convidada para o quebra-quebra em Brasília, foi, para preservar a sua obra, que ela imaginava ainda estar no palácio. Ritinha teve uma primeira decepção: a sua escultura foi para o depósito, o Mito nem soube do presente.

Ritinha é evangélica, mas a sua primeira lembrança foi a do paraibano Damião Galdino da Silva, que deu um jegue de presente ao Papa João Paulo II, em sua vinda ao Brasil.

O Papa recusou o Jegue de Damião e o Mito recusou a minha escultura, pensou ela.

A escultura do Mito de Ritinha, não é nenhum Moisés de Michelangelo, mas foi feita com carinho, não merecia este fim.

Por azar de Ritinha, ela apareceu muito nos vídeos do último quebra-quebra. Na hora das prisões, Ritinha estava na linha de frente. Está na Colmeia!

Gente, Ritinha é mais uma oportunista do que uma golpista.

Um agravante, Ritinha tem a perna esquerda mais curta, e os sanitários da Colmeia não tem assentos, muito menos com tampas acolchoadas. Essa é a sua maior queixa.

A comida ruim está até ajudando na perda de peso. Ritinha sempre lutou contra a obesidade.

O seu irmão, este sim, um golpista, está solto e calado. Abandonou Ritinha. Publicamente, passou a odiar a política, mas continua conspirando. A paixão fascista é eterna.

Antonio Samarone (médico sanitarista)

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