terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

JARDINS


 É preciso cultivar o próprio Jardim.
(por Antonio Samarone)

Hoje cedo fiz essa foto, que ilustra o texto. Lembrei-me de Voltaire - (François-Marie Arouet).

“Cândido”, o seu romance mais famoso, foi escrito em três dias, em 1759. O livro busca destruir a esperança da sua época.

O personagem central, doutor Pangloss, percorreu o mundo em busca de novidades. Em sua passagem pela Turquia, dois vizir e um mufti foram estrangulados, numa revolta camponesa.

No dia seguinte, o doutor Pangloss foi visitar uma pequena fazenda no entorno de Istambul. Curioso, Pangloss perguntou ao proprietário: como se chamava o mufti estrangulado. O velho turco foi sucinto: “não sei!”

Continuou o velho turco: “nunca me preocupo com o que acontece em Constantinopla. Vou lá vender os meus produtos. Em geral, as pessoas que se metem na política encontram um fim miserável.”

Acrescentou o turco: “Eu e meus filhos cultivamos essa pequena fazenda, e o nosso trabalho nos livra de três grandes males: cansaço, vício e necessidade.”

Por fim, sentenciou o velho turco: “Il faut cultiver notre jardin”. O que Voltaire quis dizer com o seu conselho de jardinagem?

Na Itabaiana antiga, o mestre alfaiate Orpilio Silva, repetiu Voltaire ao seu modo: “Nada depois do povoado Rio das Pedras me interessa. Só o povo de Itabaiana, me encomenda ternos.” Era o seu jardim.

Estou seguindo o conselho de Voltaire e cultivando o meu jardim, com a família, nos subúrbios do Aracaju.

Antonio Samarone. (médico sanitarista).

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