terça-feira, 18 de outubro de 2022

O DIA DOS MÉDICOS

 O Dia dos Médicos.
(por Antonio Samarone)

Por que 18 de outubro é o dia dos médicos?

Por ser o dia consagrado pela igreja a São Lucas, o médico que escreveu um dos evangelhos e o ato dos apóstolos.

Lucas era natural da Antióquia (atual Síria). Na epístola aos colossenses, São Paulo se refere a “Lucas, como o amado médico” (4,14). Lucas foi um grande amigo de São Paulo.

A vida de são Lucas é tema de um romance histórico, “Médico de Homens e de Almas”, de Taylor Caldwell. Uma agradável xaropada, encontrada em qualquer livraria de aeroporto.

O médico Eurico Branco Ribeiro, em sua uma alentada biografia de São Lucas: “Médico, Pintor e Santo”, informa que em 1463, a Universidade de Pádua iniciava o ano letivo em 18 de outubro, em homenagem a São Lucas.

A medicina brasileira sempre foi religiosa, nasceu nos Mosteiros de Coimbra. Os primeiros médicos no Brasil foram os Jesuítas, depois os Cristão Novos. A medicina só ganhou corpo com a chegada da Família Real e a criação das Faculdades de Medicina da Bahia e do Rio de Janeiro.

A nossa origem na Grécia antiga, com Hipócrates, é lenda.

No início do século XX, a medicina brasileira virou francesa, com Osvaldo Cruz, discípulo de Pasteur. A ciência se aproximou da medicina através da Saúde Pública e do Instituto Manguinhos. A assepsia salvou vidas.

Em Sergipe, a medicina científica chegou em 1926, com o Instituto Parreiras Horta e o Hospital de Cirurgia. Aqui, a medicina se moderniza pelas mãos de Augusto Leite.

Após a Segunda Guerra, a influência passou a ser americana. Formou-se uma medicina liberal, centrada na relação médico/paciente. Boa parte da assistência era filantrópica, herança das Santas Casas. A medicina era um sacerdócio.

A atenção médica era humanista, isto é, centrada nos doentes, nas pessoas.

Com a chegada do neoliberalismo, a atenção médica virou uma atividade econômica, dominada pelo mercado. A medicina passou de sacerdócio a negócio. A atenção médica abandonou o doente e centrou-se na doença, operou-se a desumanização.

O paciente vira cliente, consumidor. O cuidado médico vira procedimento e a ciência foi domesticada para facilitar a lógica da mercadoria. O SUS submete-se ao modelo privado. O mercado transformou o médico em autônomo, super explorado.

Nesse momento, a medicina adapta-se as novas tecnologias. As tele consultas, os aplicativos, a inteligência artificial e a robotização. A medicina entra na Era 5G.

Para onde vamos, não se sabe. Os médicos não devem abandonar o “cuidar” das pessoas, do ser humano, transformando-se de vez em médicos do corpo.

É esse o desafio: vamos controlar o sermos controlados pela tecnologia? O cuidado é o nosso elo com os pacientes. Fora disso, é a lógica do mercado, do lucro.

Com todos os percalços, na hora que faltou ar durante a Peste da Covid, que estava nas UTIs, com os tubos nas mãos eram os médicos. As igrejas fecharam. Faltou até o apoio espiritual.

A medicina estava presente.

Viva o Dia do Médico!

Antonio Samarone (médico sanitarista)

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