quarta-feira, 5 de novembro de 2025

SERGIPANIDADE E LUIZ ANTONIO BARRETO


 Sergipanidade e Luiz Antonio Barreto.
(por Antonio Samarone)

A Prefeita Emília fez justiça, ao renomear o Centro Cultural de Aracaju em Palácio-museu Luiz Antonio Barreto.

Sem muitas dúvidas, Luiz foi o maior intelectual sergipano, na segunda metade do século XX.

Luiz Antonio Barreto é o “Senhor Sergipanidade”, um guardião da cultura sergipana, como disse recentemente o sobrinho de Zé Calazans.

Luiz Antonio, acreditava que a sergipanidade era um conceito em construção, e começou com Tobias Barreto. Foi longe!

Contudo, sergipanidade é um conceito, por enquanto, mal construído.

Luiz Antonio deixou algumas dicas:

“Sergipanidade é o conjunto de traços típicos, a manifestação que distingue a identidade dos sergipanos, tornando-o diferente dos demais brasileiros, embora preservando as raízes da história comum.”

“A sergipanidade inspira condutas e renova compromissos, na representação simbólica da relação dos sergipanos com a terra, e especialmente com a cultura, e tudo o que ela representa como mostruário da experiência e da sensibilidade.”

Os atuais entusiastas da sergipanidade não acrescentaram nada.

Quais são esses traços típicos? Nada de consistente. Havia divergências sobre o dia da sergipanidade. O dia 24 de outubro foi instituído como dia da sergipanidade. A data foi oficializada em 2019, pela Lei nº 8.601, para celebrar o conjunto de traços culturais e o orgulho do povo sergipano.

“Alegrai-vos sergipanos, ressurge a mais bela aurora./ Com cânticos doces/ Vamos festejar, festejar, festejar...” Hino de Sergipe.

O Governador Marcelo Déda foi um entusiasta da sergipanidade.

Déda encomendou uma História do Povo de Sergipe, ao intelectual baiano Antonio Risério. O livro, não sei as razões, foi recolhido.

A comunicóloga e ex-secretária de Estado da Comunicação e da Cultura durante a gestão do governador Marcelo Déda (PT), Eloísa Galdino, destacou que, ao longo da gestão, parte do projeto e da missão era elevar a autoestima do povo sergipano, através do resgate de símbolos, datas, patrimônios. Mangue jornalismo (05/072023).

O jornal enxerga a criação do conceito de sergipanidade, a uma ação vinculada ao marketing governamental e aos intelectuais criadores da política cultural de Sergipe.

Parece que avançamos: sem muita convicção, a sergipanidade passou a interessar a acanhada política pública de turismo.
Luiz Antonio Barreto deixou uma ideia em construção.

Continuamos patinando.

Ao ser perguntado, um doutor da UFS, deu uma resposta evasiva: “A sergipanidade se manifesta no falar, no comer, no rezar e no viver cotidiano de cada sergipano. É um sentimento que não se vê, não se explica, mas se sente.”

Ou seja, a gente sente, mas não sabe o que é!

Luiz Antonio conhecia o pensamento de Gilberto Freire, que liderou a criação cultural do Nordeste, com o seu Manifesto Regionalista de 1936.

O Nordeste é uma realidade inventada pela literatura, música, movimentos messiânicos, cangaço, cordel, teatro, religião.

No início do século XX, não existia o Nordestino, como singularidade cultural.

Darcy Ribeiro teorizou sobre a criação do brasileiro, Gilberto Freire pensou o nordestino, Luiz Antonio teve a ideia de criar culturalmente o sergipano. Ele sabia muito, e sonhou com a sergipanidade.

Deixou a tarefa: o que o sergipano tem que não é comum aos demais brasileiros e mais, especificamente, que não é comum aos demais nordestinos.

O que torna o sergipano culturalmente original?

Cultura vista como a dimensão simbólica da existência humana.

Marcelo Déda acreditava que o conceito de sergipanidade aumentaria a nossa auto-estima, aliás, que continua baixa.

O dia da sergipanidade é comemorado pelo Poder Público com músicas, danças e bandas baianas.

Antonio Samarone – Secretário de Cultura de Itabaiana.

Nenhum comentário:

Postar um comentário