domingo, 27 de julho de 2025

O JUDÔ E A INCLUSÃO SOCIAL



 O Judô e a inclusão social.
(por Antonio Samarone)

A segunda etapa do campeonato sergipano de judô ocorreu, ontem, no Ginásio Chico do Cantagalo, em Itabaiana. Um evento carregado de emoções. Centenas de famílias lotaram as arquibancada para apoiarem os seus filhos. Cada luta, era uma final olímpica.

O judô é mais que um esporte. É uma prática educativa. As crianças praticantes adquirem disciplina e foco. Tornam-se filhos e alunos melhores. Quem é aquela gente movida pelo judô, que enchia o Ginásio Chico do Cantagalo.? São famílias de trabalhadores! Não vi a classe média, só encontrei um Promotor de Justiça, com o filho.

O judô em Sergipe é um esporte popular. A equipe de Itabaiana (Treinando e Formando Cidadãos) é coordenada pelo GETAM (Sargento Goes) e pelo professor Saulo Mende, filho do Dr. Uéliton, dentista já falecido, especialista em Luiz Gonzaga. São meninos pobres, dos bairros Miguel Teles (Lata Veia) e Riacho Doce. Crianças lutando pela inclusão. O projeto é subvencionado pela Prefeitura de Itabaiana.

Todos aqueles meninos e meninas, gente humilde, chegarão a uma final olímpica na educação, na escola pública. Subirão ao pódio da vida e da cidadania.

Perguntei a uma mãe trabalhadora, do bairro São Conrado, em Aracaju, o que a levou até ali, para apoiar o seu filho. Ela respondeu-me didaticamente: “O judô é um esporte especial, não tem como meta a agressividades, é uma luta de defesa, condicionamento físico, mental e moral.”

Voltei meio século. Em 1974, quando ingressei na UFS, a educação física era obrigatória nos 4 primeiros períodos. Eu, doido por novidades, me matriculei no judô. Na primeira aula, o professor Shizuka Kitame, um japonês gentil e atencioso com os alunos, me deu uma péssima notícia: a aula exigia que o aluno levasse o seu quimono. Eu não tinha como adquiri-lo, muito caro para as minhas posses.

Como segunda opção, me matriculei no Polo Aquático, com o professor Betinho, na piscina do Batistão. Achei que, pelo tamanho, eu seria um craque do Polo. Nada, fui um atleta medíocre.

A festa do judô em Itabaiana, homenageou o professor Oswaldo Pinto Resende, 74 anos, o pai do judô em Sergipe. Oswaldo é um velho conhecido, foi meu colega de anatomia. Ele, aluno de Educação Física (segunda turma da UFS) e Eu, na odontologia. O mestre Oswaldo é faixa vermelha, 9 dan, respeitado nacionalmente.

Oswaldo Pinto Resende substituiu o professor Shizuka na UFS. Oswaldo foi professor titular por 10 anos. Percebi a justiça da homenagem. O ginásio fez completo silencio em sua fala. Ele foi sucinto, homenageou Saulo, o itabaianense que cuida dos meninos pobres do judô. Um trabalho anônimo, discreto, sem a busca de aplausos, mas de profunda relevância social.

Minhas homenagens aos professores Oswaldo Pinto e a Saulo Mendes, cada um a seu modo, construindo a cidadania.

Apelo ao competente presidente da Federação Sergipana de Judô, professor Euder Lima, traga uma etapa nacional do campeonato de judô para Itabaiana.

Antonio Samarone – Secretário de Cultura de Itabaiana.

Nenhum comentário:

Postar um comentário