A Nova Bienal em Itabaiana.
(Por Antônio Samarone)
A Bienal de Itabaiana não tem donos, é um patrimônio da cidade. Dessa vez (no final de outubro), ela será grandiosa. Será organizada pela Academia Itabaianense de Letras.
É a primeira, em plena Era da Inteligência Artificial. Consultei o Site GPT, e ele foi humilde, disse que não duvida de nada que ocorra em Itabaiana.
Existe uma cobrança, para que a Bienal de Itabaiana se internacionalize.
Em palestra, Vargas Llosa pediu para que as crianças lessem, para não serem enganadas. Pediu para que procurassem uma literatura crítica, com a capacidade de manter vivo o descontentamento com a realidade, e que se afastassem das artes como puro entretenimento.
“O entretenimento é divertido e fácil de digerir, mas não acho que, como a literatura, forme cidadãos ideais para uma sociedade democrática. Os livros deixam uma marca muitíssimo maior; geram cidadãos com um espírito crítico, e a democracia não pode sobreviver sem um espírito crítico.” (Llosa)
O medo de Vargas Llosa era que a mediocridade invadisse também a literatura, a poesia e as artes em geral.
“Os tempos mudaram. Ninguém tomou a Bastilha, nem pôs fogo no Reichstag, o Aurora não fez um único disparo. No entanto, o ataque foi lançado e teve êxito: os medíocres tomaram o poder nas redes sociais.” (Deneault)
Eu sei, vivemos em tempos do relativismo cultural, todos são poetas. A escolha entre Fernando Pessoa e qualquer poeta noviço, tornou-se uma questão de gosto. O relativismo tornou as artes gelatinosas, sujeitas ao igualitarismo
“O que faz de melhor uma pessoa medíocre? Reconhecer outra pessoa medíocre. Juntas se organizarão para puxarem o saco uma da outra, vão se assegurar de devolverem favores uma à outra e irão cimentar o poder de um clã que continuará a crescer, já que em seguida encontrarão uma maneira de atrair seus semelhantes.” (Musil)
Só existem duas condições humanas que as leis brasileiras não protegem: os feios e os medíocres. Por uma simples razão: ninguém se considera nem feio, nem medíocre. Nesses casos, a discriminação é impossível. Os discriminados não se reconhecem. Até piadas de mal gosto são permitidas.
Tenho um amigo que costuma chamar os desconhecidos de feioso. Por vezes, ele testa nas multidões, chamando aos gritos: feioso! Ninguém atende... Todos acham que não é com ele.
Voltando a Bienal.
Acredito que a nova Bienal de Itabaiana será parte da resistência à mediocridade, um chega prá lá na estupidez, com sucesso garantido. Vamos combater moinhos de ventos.
A peça na foto é obra de Zeus.
Antônio Samarone. Secretário de Cultura de Itabaiana.

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