sexta-feira, 25 de julho de 2025

CARAÍBAS E CARAIBEIROS.

Caraíbas e caraibeiros.
(por Antonio Samarone)

Dois povoados em Itabaiana possuem traços culturais distintos: Matiapoan e Caraíbas. O matapoense é astuto, inteligente, crítico, irônico e gozador. O caraibeiro é esperto nos negócios, valente, disposto e guerreiro.

Eu gosto de chamar quem não conheço em Itabaiana, de caraibeiro. Na feira do Augusto Franco, eu conheço três caraibeiros, que possuem grades de farinha. Gente simpática.

As Caraíbas foi economicamente forte na época do algodão (segunda metade do Dezenove). Foi lá, que chegaram os Batistas, com a sua igreja. Na fase agrícola, os caraibeiros negociavam com galinha e ovos, segundo o mestre Sebrão Sobrinho.

As Caraíbas foi terra de fidalgos. Aí nasceu o Coronel Cassimiro da Silva Melo, tronco do desembargador Vladimir Carvalho, do Coronel Sebrão e do maior historiador sergipano, Sebrão Sobrinho. Gente, o Dr. Vladi também é caraibeiro.

Após Laranjeiras, foi nas Caraíbas que se estabeleceu o culto protestante, levado pelo professor José Gregório da Silva Teixeira, em 1885. No auge do período algodoeiro.

Hoje, na Era mercantil, os caraibeiros são prósperos comerciantes, e continuam produzindo de um a tudo. Uma tarefa de terra custa 50 mil reais, nas Caraíbas. Estou tentando vender um sítio em Indiaroba, pedindo 5 mil por tarefa. Não encontro comprador.

Essa semana, voltei as Caraíbas, numa atividade das Secretarias de Agricultura e Meio Ambiente de Itabaiana. Eu tenho raízes nas Flechas, lá passei muitas farinhadas na casa de Pai Totonho e Mãe Céu, meus avós maternos. As Flechas é a terra dos ferreiros e possui fronteiras pacificadas com a Caraíbas.

Encontrei nas Caraíbas as mulheres rezando na Capela, e uma igreja evangélica fechada, por falta de crentes. Encontrei gente sorridente e acolhedora. Brincamos com a fama de valente dos caraibeiros. Ninguém portava mais a temida peixeira.

Na estrada das Flechas, por onde passou Conselheiro a caminho de Canudos, encontrei na velha casa de Tio Omero, uma loja de produtos agrícolas, sortida, vendendo pela metade do preço do Aracaju. Comprei ração de postura a dois reais o quilo. Estou acostumado a pagar três e vinte, numa loja no Mosqueiro.

Na Passagem pela estrada das Flechas, segundo o intelectual Robério Santos, Antonio Conselheiro fundou um cemitério, que está funcionando plenamente. Uma curiosidade: os Cemitérios das Flechas e do Rumo, no Pé do Veado, possuem várias catacumbas (recintos familiares, fechados, onde os membros são sepultados). De quem seria essa herança?

Adorei ver a casa de Tio Omero lotada de galinhas chocando e dezenas de ninhadas de pintos. O meu primo, mostrou-me o enxerto de tamarindo doce, que ele está preparando para me presentear.

Acho que a estrada Flechas deveria ser sinalizada. Segundo Almeida Bispo, era o caminho para o Sertão, onde as boiadas iam para Salvador e os rebanhos de bodes do Uauá vinham para o Agreste.

Vou cobrar a sinalização, ao Secretário de Cultura de Itabaiana.

Foi um caminho dos deserdados para Canudos. Na passagem por Itabaiana, Conselheiro levou um oratório com a imagem de Santo Antonio, que não por acaso, tornou-se o padroeiro do Belo Monte.

Antonio Samarone. Matapoense do Beco Novo.
 

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