A Morte anunciada do Juazeiro.
(Por Antonio Samarone.)
“Juazeiro, velho amigo, o meu destino está ligado com o seu.” Luiz Gonzaga.
Aracaju não cuida do seu patrimônio natural. Esse ano é o centenário do maior Juazeiro do Nordeste, que se esconde nas paisagens do Mosqueiro. Belo, imponente, adorado pelos pescadores. Ignorado pelos ambientalistas e invisível ao grande público. O meu receio é que alguém faça uma besteira.
Eu sei, juazeiro não é arvore de restinga. Mas esse emigrou, no último Pau de Arara.
Em maio de 1925, Gabriel Santiago dos Santos (Seu Bier), o avô de Prego, velho pescador do Mosqueiro, trouxe de Canudos, uma pequena muda de juazeiro. Essa muda pegou, cresceu, e até hoje, impõe-se aos atentos a sua beleza e a sua sombra.
Prefeita Emília, tome conta dessa raridade.
No Rio Grande do Norte, multidões de turistas visitam diariamente um cajueiro. Que me perdoem os amantes dos cajueiros, os Juazeiros têm história, perfil nordestino, e nomeiam duas grandes cidades: Juazeiro do Norte e Juazeiro da Bahia. Com o nome de Cajueiro, só conheço um povoado em Itabaiana.
O Ziziphus joazeiro reina imponente nas profundezas do Sertão. Suas raízes vão buscar água a 70 metros de fundura. Verde na caatinga durante as secas, somente os juazeiros, umbuzeiros e catingueiras. O juazeiro produz o juá, uma frutinha gosmenta, rica em vitamina C, usado pelos primeiros navegantes no tratamento do escorbuto.
A casca do juazeiro é rica em saponinas. Quando secas, são usadas como creme dental. Acabam com qualquer fedor de boca. As saponinas são substancias adstringentes e anti-inflamatórias.
O jornalista sertanejo Luiz Eduardo Costa, disse-me certa vez: “as Craibeiras são as maiores árvores da Caatinga”. Eu sei. Mas os Juazeiros tem a alma nordestina.
Prefeita Emília, sinto que a senhora quer acertar, adote esse patrimônio. Quinta-feira, 05 de junho, é o dia mundial do meio ambiente. Aproveite...
Não me lembro, mas deve existir algum Vereador com sensibilidade ambiental. Excelências, aprovem uma lei protegendo esse juazeiro. Antes que a especulação imobiliária o transforme em carvão e cinza.
Em memória da Velha Guarda da pescaria no Mosqueiro (muitos já se foram): Seu Barata, Roque, Goulart, Edinho Gordo, Pai Chico, Dona Déda, Zé Tratorista, Mané de Mestre, Carlinhos, Riso, Apolonio, Maturi, Orlando, Nem, Bebé e Dona Pinta, pescadores raízes, fundadores da comunidade, que descansaram à sombra do centenário juazeiro, peço clemencia: não derrubem o juazeiro de Seu Bier.
Hoje, o juazeiro é protegido por Seu Odilon (Diu), um líder consciente, defensor da qualidade de vida. Ele não tem força, sozinho, para evitar uma estupidez ambiental.
Prefeita Emília, transforme o juazeiro de seu Bier, no Mosqueiro, em uma atração turística.
Urgente!
Já estão amolando as motosserras. Não sei se o Ministério Público cuida disso...
“Juazeiro seje franco, ela tem um novo amor, se não tem, porque tu choras solidário a minha a dor?” – Luiz Gonzaga.
Antonio Samarone. Cidadão do Condado do Mosqueiro.

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