quinta-feira, 23 de maio de 2024

POR ONDE ANDAM OS MARRANOS?

Por onde andam os Marranos?
(por Antonio Samarone)

No início do século XVI, em Portugal, os judeus viviam livremente, sem perseguições. Até o momento que D. Manuel resolveu se casar com a Infanta Isabel, filhas dos Reis Católicos, da Espanha.

Houve uma condição: a nova Rainha não poderia viver com os infiéis. Por outro lado, Portugal precisava dos judeus.

Aqui nasceu o “jeitinho”: D. Manuel publicou um Édito de expulsão dos judeus (1497), e no dia marcado para o embarque, o porto lotado para o embarque, os navios esperando. Ao mesmo tempo, o Rei mandou ao local de embarque, um batalhão de padres e frades, para batizar quem quisesse escapar da expulsão.

Portugal resolveu acabar com os judeus, com um batismo cristão. Sendo batizados, os judeus passariam a ser Cristão Novos, e se livrariam da expulsão. Entretanto, com o massacre de 1606, os judeus precisaram fugir de Portugal, e o Brasil foi um dos destinos.

O jeitinho brasileiro, na verdade, é mais uma herança portuguesa.

E os marranos em Itabaiana? Se fala muito, mas os pesquisadores de arquivos, desmentem. Não encontram judeus em Itabaiana.

A história oral aponta noutra direção. As tradições, os costumes, a vocação para o comércio, os nomes das pessoas, as crenças, apontam para a presença dos Sefarditas em Itabaiana.

Enterrar os mortos enrolados em mortalhas, a estrela de seis pontas nos chapéus, gavetas na mesa de jantar, não contar estrelas, são lembranças judaicas. Não tenho documentos a citar, não se trata disso.

O meu ascendente, João José de Oliveira, chegou ao Brasil em meados do Século XIX. A chegada da Família Real (1910), abriu as portas para uma nova onda de imigração de sefarditas. João José descende da família Abrams, batizados em Lisboa, no momento da expulsão (1497).

João José chegou a Matiapoan, em meados do século XIX. Entre os seus descendentes, os nomes judaicos são frequentes: Benjamim, Davi, Moises, Elias, Josué...

O nome João José de Oliveira é tradicional, entre os cristãos novos. O ferreiro João José sabia ler, escrever e contar, numa época de analfabetos. Sabe-se, que entre os judeus não existia o analfabetismo.

Não tenho dúvidas: em criança eu era advertido a não apontar estrelas, pois gerava uma verruga na ponta do dedo. Um medo dos Cristãos Novos. Na casa do meu avô Antonio Francisco de Oliveira, a mesa de jantar possuía gavetas.

Por aqui, ser chamado de “judeus” é um elogio.

O chapéu de couro é um solidéu, um kipá disfarçada.

Eu sei, essas suspeitas de origem comum, já podem ser esclarecidas com o estudo do DNA mitocondrial materno. Estou pensando em buscar essas provas.

Você pode estar perguntando porque esse interesse pelas origens judaicas, agora, que Israel está cometendo um genocídio em Gaza. Primeiro, os Sionistas, comandados por Netanyaru, não podem ser confundidos com o judaísmo. Eles são uma parte.

Concluindo: a difundida suspeita de uma influência judaica nas habilidades comerciais dos ceboleiros, pode não ter ainda comprovação histórica. Entretanto, as evidências são fortes. Os estudos existentes são limitados, pela escassez de fontes documentais.

Antonio Samarone. Médico Sanitarista.
 

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