sexta-feira, 10 de maio de 2024

A FÉ, SÓ NÃO REMOVE MONTANHA.


 A fé, só não remove montanhas.
(por Antonio Samarone).

Tenho procurado as raízes religiosas de Itapuama. (“Naquela pedra mora alguém, há uma aldeia com gente.” Ita (pedra), Taba (aldeia), oane (alguém).

Em minhas leituras avulsas e despretensiosas, cheguei a um discurso, pronunciado por Maria da Conceição Melo Costa, em sessão solene do Instituto Histórico de Sergipe, em 1º de agosto de 1946.

As lembranças de Conceição:

“Itabaiana das ladainhas pungentes, das trezenas de Santo Antonio, das tradicionais Semanas Santas, acompanhadas pelas vozes firmes de Balbino, de Boanerges e de Antonio Rodrigues.”

“Itabaiana das lentas procissões dos fogaréus, dos místicos penitentes a se flagelarem, às caladas da noite, em época quaresmal.” Eu ainda alcancei...

Depois, Djalma Lobo introduziu o fogaréu em campanhas políticas, aproveitando-se do arquétipo religioso dos Itabaianenses.

“Itabaiana do Cruzeiro do Século. Das peregrinações a Cruz dos Montes, onde a multidão, com a fé dos romeiros de Lourdes, acampava em barracas erguidas à orla da mata umbrosa, iluminada ao perene himeneu dos vaga-lumes.”

“Itabaiana das campônias alegres, rosas nas faces e laços vermelhos nas bastas cabeleiras, cores de baunilha. Sandálias brancas e vestidos de cassa, para as missas do dia.”

Lembrei-me de mamãe, linda mestiça de cabelos pretos e escorridos, que encharcava as faces e as mãos com tapioca, quando ia lavrar a terra. A pele precisava de proteção.

A memória é uma fonte de felicidades. As tristezas o cérebro apaga, ou minimiza.

Antonio Samarone. Médico sanitarista.

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