Eu confesso?
(por Antonio Samarone)
Não posso deixar de falar sobre o que tenho visto e ouvido.
Segundo o IBGE, a expectativa de vida aos 68 anos (o meu caso), é de 17 anos. É com esse tempo que posso planejar o futuro. É o que me resta.
Não estou reclamando!
O que fazer com esses 17 anos? O meu corpo não reconhece essa previsão da estatística e já está amuando. Ele possui os seus próprios desígnios. A medicina se oferece em vão, para mantê-lo azeitado. Nos impõe restrições e sofrimentos, sem os resultados prometidos.
O corpo está programado para a dissolução (cadáver adiado), para retornar ao pó, como ensinam a doutrina e a vida. A hora é de contarmos o que vimos e ouvimos, com a memória.
O homem começou a falar a uns 70 mil anos. A linguagem foi o encanto do Cro-Magnon. A bíblia cristã começa a vida com a fala. No princípio era o verbo! Antes era o gesto. Ninguém discursa com os brações amarrados.
A cultura entra pelo ouvido. A escrita é posterior. Os Acádios derrotaram os sumérios e formaram o primeiro Império. São conhecidos, por terem deixado tudo escrito, em tabuletas de barro. Viveram na Mesopotâmia.
Depois que os fenícios inventaram o alfabeto, a cultura tomou a forma humana.
Ontem conversei com Jorge Carvalho, um velho amigo, sobre novas trilhas. Vovas viagens de exploração da Expedição Serigy. Um consenso: trilhas que não exijam esforço físico. O corpo já pede descanso, desde que não seja o eterno. E a alma, como diz a canção, pede um pouco mais de paciência.
É preciso acreditar em ilusões, sem elas, a vida acaba.
Acredito na imortalidade, na versão de Jorge Luís Borges. A imortalidade do espírito universal.
Antonio Samarone (médico sanitarista)
segunda-feira, 10 de abril de 2023
EU CONFESSO
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