domingo, 12 de maio de 2019

LAVAGEM CEREBRAL



Lavagem Cerebral (por Antônio Samarone)

Na nova regulamentação da atenção psicossocial do SUS, do Governo Bolsonaro, estão previstos um retorno a atenção manicomial, o fim da estratégia de redução de danos e a oficialização do eletrochoque como procedimento usual no Sistema Público de Saúde.

Claro, o eletrochoque (ECT) atual é realizado com mais cuidados. As Associações de Psiquiatria e o Conselho Federal de Medicina autorizam, avalizando a legitimidade da conduta. O ECT continua dividindo opiniões. Os defensores usam o nome da ciência como escudo e os que não aceitam valem-se da experiencia histórica. Os mais críticos, asseguram que a psiquiatria é uma medicina baseada em aparências.

No início da década de 1950, começo da guerra fria, a CIA financiou experiencias de lavagem cerebral, usando eletroconvulsive therapy (ECT), com os pacientes do Dr. Ewen Cameron, no AlIan Memorial Institute da Universidade McGill, em Montreal. O experimento era uma tentativa de apagar a mente dos pacientes, para reconstruir um novo indivíduo.

A CIA, por sua vez, experimentava novos métodos interrogatório! As pesquisas do Dr. Cameron foram financiadas pela CIA até 1961. Na década de 1970 as pesquisas foram denunciadas no Senado Americano. Várias vidas foram despedaçadas, até se provar que lavagem cerebral não funciona, foi um mito da guerra fria.

O psiquiatra Ewen Cameron (1901 – 1967), foi Presidente da Associação Americana de Psiquiatria e da Associação Mundial de Psiquiatria. Um médico poderoso. Cameron acreditava que o único caminho para ensinar aos pacientes novos comportamentos saudáveis, era entrar em suas mentes para destruir os moldes patológicos.

Cameron usava a técnica de Page-Russel, e administrava seis descargas elétricas seguidas, quatro vezes ao dia, durante trinta dias, num total criminoso de 720 eletrochoques por paciente/mês. O massacre visava apagar a memória do paciente e regredi-lo à idade infantil. Aos eletrochoques eram associadas drogas psicotrópicas.]

Quando os pacientes estavam reduzidos a pó, deitados em posição fetal, com incontinência urinária, chupando dedo, chamando o médico de mamãe; Cameron colocava uma fita com mensagens edificantes, para que os pacientes assimilassem uma nova personalidade. A fita era tocada continuamente por mais de cem dias. Era uma visão behaviorista.

Em 1988, a CIA foi condenada a pagar 750 mil dólares de indenização a nove pacientes que sobreviveram a essa experiencia de lavagem cerebral do Dr. Cameron. Existem evidências que o mesmo método foi usado em Guantánamo e com os prisioneiros do Iraque.

Quem tiver interesse em aprofundar o tema ou apenas conhecer a “fonte” dos fatos narrados, veja o livro “A Doutrina do Choque: ascensão do capitalismo de desastres”, de Naomi Klein, Editora Nova Fronteira.

Antônio Samarone.

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