segunda-feira, 12 de novembro de 2018

SERGIPE ESTÁ IMPORTANDO JACA.



Sergipe está importando jaca.

Fui comprar um pratinho de jaca, uns vinte bagos, e a moça me cobrou dez reais. Estranhei, abençoada, dez reais? Ela esclareceu: fazer o quê, as jaqueiras estão acabando em Sergipe. Essas que eu estou vendendo, vem de Rondônia.

Pensei, só faltava essa, Sergipe está importando jaca. O que houve, está dando bicho nas jaqueiras? Será a “vassoura-de-bruxa”? Nada disso, logo descobri. Estão derrubando jaqueiras centenárias para fabricar móveis rústicos. Um modismo predatório de uma indústria de beira de estradas.  

A nossa jaqueira (Arthocarpus integrifolia) veio da Índia. Uma árvore que dura cem anos produzindo, alcança uma altura de 20 metros e o tronco chega a 1 metro de diâmetro. Leva dez anos para começar a produzir. A madeira é excelente.

O uso de madeira de qualidade (mogno, cedro, sucupira, braúna, aroeira) para a produção de móveis é coisa do passado. Essas árvores são protegidas, para se evitar o desmatamento. A indústria passou a usar os concentrados Medium Density Fiberboard (MDF), de madeiras reflorestadas (pinus e eucalipto).

Em Sergipe, na contra-mão da sustentabilidade, estão derrubando jaqueiras centenárias para fazer bancos, mesas e tamboretes. São móveis simples, sem arte e sem beleza. O único atrativo é a qualidade da madeira. A jaqueira não é da flora nacional, portanto, está desprotegida.

As jaqueiras em Sergipe estão com os dias contados.

Antônio Samarone.

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